O Oriente Médio está localizado na confluência dos continentes que formam o Velho Mundo: Ásia, África e Europa. Apresenta um litoral cheio de recorte e acidentes geográficos, sendo cercado por mares e oceanos: ao norte, mares Negro e Cáspio; ao sul, golfo Pérsico e mar Arábico (parte do oceano Índico); a oeste, mares Vermelho e Mediterrâneo.
Diversos canais e estreitos que interligam esses mares tornaram-se importantes pontos estratégicos, onde, ao longo dos séculos, ocorreram conflitos geopolíticos entre nações interessadas em controlá-los.
Religião
O Oriente Médio faz parte do mundo islâmico, região que se estende, no sentido oeste-leste, da costa Atlântica da África até a fronteira entre o Paquistão e a índia, e, no sentido norte-sul, desde o Casaquistão e a Rússia até a região dos lagos africanos. Com uma certa descontinuidade espacial, encontramos manifestações desse mundo islamizado em outros países, como Bangladesh, Malásia, Paquistão e Indonésia.
Em 29 países da região os seguidores do islamismo são a maior parte da população (mais que 76%). Em 7 outros eles são mais que 51%, constituindo-se, portanto, numa força demográfica, econômica e política respeitável. Há ainda 14 outros países onde os seguidores do islamismo representam menos de 50% da população.
Posição geográfica e fronteiras do Oriente Médio
A extensão territorial do Oriente Médio é de cerca de 7,2 milhões de km2, sendo formado por 15 Estados, de diferentes tamanhos: os cinco maiores (Arábia Saudita, Irã, Turquia, Afeganistão e Iraque) ocupam quase 85% do espaço regional.
Países: 1. Afeganistão, 2. Arábia Saudita, 3. Barein, 4. Catar, 5. Emirados Árabes Unidos, 6. lêmen, 7. Irã, 8. Iraque, 9. Israel, 10. Jordânia, 11. Kuweit, 12. Líbano, 13. Omã, 14. Síria, 15.Turquia.
Clima
Toda a região está sob domínio de massas de ar continentais secas e quentes, tanto no inverno como no verão. Nas bordas dos oceanos e mares, o efeito da maritimidade ameniza o efeito dessa massa, e a umidade do ar se eleva um pouco. No interior, o relevo montanhoso impõe diminuição das temperaturas, e ocorre a presença de neve nos pontos acima de 3 mil ou 4 mil metros de altitude.
Cerca de três quartos do Oriente Médio estão sob domínio dos climas áridos e semiáridos. A presença de grandes desertos favorece a manutenção de extremos climáticos. Ventos de mais de 100 quilômetros horários, carregados de areia e pedra, surgem repentinamente e obrigam as caravanas nômades a parar e se proteger. As chuvas, que na maior parte da região são escassas, quando ocorrem surgem de forma violenta e repentina, muitas vezes se concentrando em poucas horas de um único dia do ano. Isso favorece a formação das dunas, que podem chegar a mais de 150 metros de altura.
Vegetação
As condições climáticas vigentes no Oriente Médio determinam a formação de uma vegetação extremamente pobre, o que dificulta a ocupação humana. A paisagem na maior parte das vezes é composta por solos completamente nus, nos quais a areia e as pedras são os únicos elementos visíveis. Em trechos onde ocorrem chuvas, surgem estepes e maquis, paisagens formadas por arbustos e gramíneas ressecadas. Em alguns pontos, a maior umidade do solo permite o surgimento de oásis, onde crescem palmeiras produtoras de tâmaras e vegetação verdejante.
A seca é bem representada pela raridade das florestas. Em Israel cerca de 6% do território nacional é coberto por florestas. No vizinho Líbano, essa parcela se reduz para 5,1% e, na Síria, cai para cerca de 1,2%. Nos demais países do Oriente Médio, a área de florestas é inferior a 1% do espaço nacional.
População
Três grandes grupos étnicos ocupam o Oriente Médio: os turcos, concentrados no norte, com densidade decrescente em direção ao leste; os iranianos, também concentrados ao norte mas com densidade decrescente para o oeste; e os semitas, concentrados no centro e no sul da região.
Cada um dos três grandes grupos se divide em vários subgrupos, e a diversidade vem crescendo com as migrações regionais. Algumas dessas diversidades expressas por meio das etnias, línguas e religiões.
Economia
Praticamente todo o Oriente Médio tem grandes dificuldades para a obtenção de água, o que dificulta enormemente a agropecuária. Apesar disso, devido à baixa industrialização e à pequena urbanização, a atividade econômica predominante na maior parte dos países da região, levando-se em conta a área ocupada e a população empregada, é a agropecuária (sob o ponto de vista da geração de riqueza, o petróleo se destaca).
A aridez do clima determina a necessidade do aproveitamento intensivo das regiões naturalmente mais úmidas, como o litoral mediterrâneo e os vales fluviais. A maior parte da água consumida na região é utilizada na irrigação, mas, como o uso dessa tecnologia é caro, muitas regiões não dispõem desse recurso para obter uma boa produtividade agrícola. Com isso a produção de alimentos fica comprometida e a agropecuária não se desenvolve.
No Oriente Médio, de forma geral, a industrialização é pouco desenvolvida. Nas grandes cidades e principalmente nas capitais surgem alguns ramos industriais, em sua maior parte tradicionais, sendo os mais importantes o alimentício e o têxtil (originado da tapeçaria e tecelagem artesanal). A produção e a qualidade dos tapetes de lã produzidos manualmente no Irã, Iraque e Afeganistão são mundialmente conhecidas e alcançam elevado preço. Alguns países apresentam uma certa diversificação industrial, como Israel (química e bélica], Turquia (cimento, fosfatos e siderurgia], além do Irã e do Iraque (automobilística e siderurgia], mas nenhum deles está entre os mais importantes do mundo em nenhum produto.
O petróleo é o maior propulsor da indústria regional. A maior parte dos países exploradores de petróleo no Oriente Médio faturou várias centenas de bilhões de dólares com exportações desse produto nas últimas décadas; mesmo assim seu futuro econômico é incerto, pois os investimentos em infraestrutura e melhoria das condições de vida da população foram baixos, sem contar os que dilapidaram o patrimônio com as guerras, como, por exemplo, Irã, Iraque e Kuwait.
Conflitos Regionais
O Oriente Médio é uma região de grande instabilidade política. Sua posição geográfica, na confluência dos três continentes que formam o Velho Mundo, contribuiu para que a região fosse o palco de intensas disputas territoriais desde a Antiguidade.
Diversos outros fatores tiveram influência na determinação da instabilidade regional: os antagonismos religiosos; a grande diversidade de culturas; as múltiplas formas de organização política e econômica; e os interesses das grandes potências industriais pelo petróleo.
Entre os conflitos regionais contemporâneos merecem uma análise mais cuidadosa, tanto por sua gravidade quanto por sua persistência, a questão palestina e as guerras entre árabes e judeus.
Por: Renan Bardine
Veja também:
- Geopolítica do Oriente Médio
- Geopolítica do Petróleo
- Conflitos do Oriente Médio
- Origens do Islamismo
- Civilização Islâmica