O crescimento demográfico, desde tempos mais remotos, sempre foi tema de debates e reflexões, estabelecendo sempre uma discussão entre as disponibilidades de recursos, número de habitantes e o desenvolvimento socioeconômico, veja abaixo as principais teorias demográficas.
1. A Teoria Malthusiana
Thomas Robert Malthus era o nome de um pastor e economista britânico, criador do primeiro grande postulado sobre o crescimento da população e suas possíveis consequências.
No século XVIII, escreveu Ensaios sobre os princípios da população, em dois volumes, em que expressou sua enorme preocupação com o acelerado crescimento demográfico e as suas consequências danosas para a sociedade.
Segundo a teoria demográfica de Malthus, se não ocorressem guerras ou epidemias, a população mundial dobraria, em média, a cada 25 anos, isto quer dizer que a população seguiria o ritmo de uma progressão geométrica. Ao mesmo tempo, a produção de alimentos não seguiria o mesmo padrão, justamente por possuir uma limitação: a disponibilidade de terras. Isto quer dizer que cresceria segundo uma progressão aritmética.
De acordo com sua previsão, haveria um momento em que a falta de terras para cultivar alimentos para uma população cada vez mais numerosa traria fome, subnutrição, pestes e epidemias, reduzindo forçosamente o número de habitantes para que houvesse novamente um equilíbrio entre a disponibilidade de terras e a população.
Malthus, pela sua formação religiosa, propunha que as famílias só tivessem filhos se dispusessem de terras para sustentá-los e que o sexo, entre marido e mulher, só fosse realizado com o intuito de procriar.
É evidente que esse postulado levava em consideração as condições socioculturais da Inglaterra do século XVIII, quando o ritmo de crescimento demográfico era elevado e o campo ainda não se modernizara. Com o desenvolvimento industrial, as áreas rurais passaram a produzir mais com menos mão de obra e as cidades provocavam cada vez mais mudanças no comportamento da sociedade; entre elas o planejamento familiar.
Portanto, a previsão de duplicação da população a cada 25 anos não se confirmou, bem como a falta de alimentos em função da falta de espaço para cultivo também não, pois a tecnologia aplicada à produção agrícola aumentou consideravelmente a produção de víveres.
2. A Teoria Neomalthusiana
Bem depois da Teoria demográfica Malthusiana, já no século XX, o mundo se via às voltas com as duas grandes guerras mundiais. Ao final da Segunda Grande Guerra, surgia, como resultado dos acordos entre os países aliados, a ONU (Organização das Nações Unidas).
Sua principal meta era a de evitar novos conflitos como aquele que acabara de acontecer e para tanto era preciso minimizar as diferenças brutais entre os países nos planos econômico e social.
O grande problema passava a ser a justificativa que poderia ser dada para que a grande maioria da população mundial vivesse em condições subumanas e principalmente o que poderia ser feito para equacionar essa situação.
Foi nesse contexto que se difundiu a Tese Neomalthusiana tentando explicar a ocorrência do atraso tecnológico, econômico e social no conjunto dos países pobres. Por meio dela, os neomalthusianos diziam que, nos países subdesenvolvidos, o principal fator responsável pela explosão demográfica era o excessivo crescimento demográfico, já que o grande número de jovens exige dos seus países vultosos investimentos em saúde e educação, sem ter uma contrapartida em produção, pois se trata, teoricamente, de uma população inativa. Ao mesmo tempo, faltariam recursos para investimentos em setores produtivos como a agricultura, a pecuária e a indústria.
Outro argumento usado por eles é que quanto maior a população em um país, menor a renda per capita, o que impediria uma melhora do padrão de vida de seus habitantes. O nome referindo-se a Malthus justifica-se pelo fato de que ambos apontam o crescimento demográfico como causador da miséria e da pobreza. Portanto, trata-se de uma teoria demográfica antinatalista.
Aprenda mais em: Neomalthusianismo
3. A Teoria Reformista
Em resposta à Teoria Neomalthusiana, alguns estudiosos do mundo subdesenvolvido criaram uma teoria chamada de Reformista, por propor justamente o inverso do que propunham os neomalthusianos.
Os reformistas dizem que o crescimento populacional elevado é uma consequência e não causa do subdesenvolvimento. Nesses países, a falta de investimentos na área social e de infraestrutura formou grandes bolsões de pobreza, com uma população carente, sem condições de superar a situação em que se encontra.
Para eles, existe uma tendência natural de redução da natalidade à medida que as condições de vida melhoram. Conforme as famílias vão tendo acesso a melhor educação, assistência médica, informação, tendem a ter menos filhos.
Por esse motivo, a urbanização possui um papel de grande importância, pois ela representa, na pior das hipóteses, acesso aos serviços públicos mínimos, coisa que no meio rural nem sempre está acessível.
4. A Teoria da Transição Demográfica
No ano de 1929, Warren Thompson propôs o conceito de transição demográfica como forma de contestar a teoria malthusiana. Desse modo, a ideia da existência de um crescimento acelerado da população mundial foi substituída pela de oscilações periódicas, ou seja, épocas de maior e de menor crescimento vegetativo.
A imagem a seguir apresenta quatro estágios de crescimento vegetativo:
O primeiro estágio, ocorrido em sociedades agrárias e exportadoras de matérias-primas, apresenta taxas de natalidade e mortalidade muito elevadas.
O segundo estágio já revela elevadas taxas de natalidade, mas com queda acentuada da mortalidade, o que se dá pela melhoria das condições de saneamento básico, pelo uso de antibióticos e pelo desenvolvimento tecnológico, ainda que em fase bastante inicial.
O terceiro estágio, no qual o Brasil se encontra, mostra significativa redução da natalidade, justificada pelo desenvolvimento urbano-industrial, pela maior participação da mulher no mercado de trabalho, por casamentos tardios e pela adoção de métodos contraceptivos.
O quarto estágio, presente nas nações mais desenvolvidas do globo, apresenta taxas de natalidade e mortalidade muito baixas, ocorrendo, em alguns casos, o crescimento negativo. Alguns países europeus, por exemplo Alemanha, França e Suécia, oferecem compensações financeiras para os casais terem mais filhos. Tais estímulos têm como foco o aumento da natalidade e do crescimento vegetativo.
Se a elevada natalidade, como a que ocorre em países africanos e do Sudeste Asiático, pode representar sérios problemas para os países pobres, a sua drástica redução, com crescimento vegetativo negativo, também causa problemas como a falta de mão de obra jovem para o trabalho e os excessivos gastos com idosos.
Por: Wilson Teixeira Moutinho
Veja também:
- Crescimento Vegetativo
- Transição Demográfica
- Distribuição da População Mundial
- Controle de Natalidade
- País Populoso e País Povoado
- Pirâmide Etária
- Distribuição da População Brasileira