Geografia

Economia da Rússia

Após o fim da União Soviética, a Rússia iniciou uma transição gradual de uma economia socialista, totalmente controlada pelo Estado, para uma economia de mercado de viés capitalista. Uma transição da economia planificada para a economia de mercado.

O processo não foi indolor: entre 1991 e 1998, a Rússia enfrentou um aumento sistemático da inflação, índices de pobreza e desemprego, além de sucessivas quedas no PIB. O período é caracterizado pela extensa privatização de imensas estatais – processo que foi mundialmente criticado por suspeitas de benefícios a oligarquias locais.

No fim da década de 1980, sob o comando de Mikhail Gorbatchev, a Rússia iniciou uma transição visando se tornar uma economia de mercado socialista. Apesar dos nítidos avanços implementados pelas políticas da Perestroika e Glasnost, os resultados nada animadores levaram a uma crise sistêmica no país, que culminaria da desintegração da União Soviética.

Passada a crise de 1998, já nos anos 2000, a economia russa voltou a ganhar fôlego e, com uma política macroeconômica de desvalorização cambial e incentivo às exportações, em conjunção com a alta de preços do petróleo e gás natural, o país equilibrou sua balança comercial e iniciou um ciclo positivo. Logo, a economia russa entrou em paridade com a de outros países em desenvolvimento de vulto, os chamados BRICS: Brasil, a Índia, a China e a África do Sul, além da própria Rússia.

Espaço agrário russo

A Rússia é uma das maiores produtoras agrícolas do mundo, com uma presença forte nos mercados mundiais de cereais – sobretudo trigo, centeio, cevada e aveia. Muito da produção está concentrada na porção europeia do país e na região do Cáucaso.

A Rússia Ocidental apresenta clima temperado e extensa área de solo fértil – conhecida como tchernozion – fatores que possibilitam duas colheitas por ano. Além dos cereais, que representam o grande filão das exportações agrícolas, russos cultivam vastamente batatas e também beterraba – usada na produção de açúcar.

Já na região do Cáucaso, onde o clima é mais quente, predominam as culturas subtropicais. Nessa região a produção agrícola de monocultura e em grande escala cede espaço para uma produção agropecuária rica e variada. Algodão, uvas, laranjas, legumes e outras hortaliças, além de grandes rebanhos de suínos, ovinos e bovinos.

Grande parte do território russo corresponde à região denominada Sibéria. A região possui um clima predominantemente ártico, e registra constantes recordes de temperaturas negativas – alguns pontos possuem as mais baixas temperaturas do globo. Com um clima severo e um solo empobrecido, a produção agrícola na região é quase inexistente.

Contudo, as florestas da taiga, vegetação típica local, possuem diversas espécies de coníferas. As vastas extensões do território permitem aos russos a extração e produção de madeira, papel e celulose.

Apesar de ser um dos maiores produtores agrícolas do planeta, a Rússia ainda não produz em quantidade suficiente para abastecer seu mercado doméstico. Com isso, o governo russo tem buscado atingir sua autossuficiência alimentar, tentando aproveitar o potencial agrícola de cerca de 220 milhões de hectares de terras cultiváveis do país.

Indústria e recursos minerais

O parque industrial da Rússia baseia-se na infraestrutura herdada da União Soviética. A indústria pesada, mineral e de base conta com um parque vasto e poderoso, desenvolvido nas proximidades das matérias-primas mais importantes em cada caso. Ainda que haja regiões com vocações industriais específicas, há parques espalhados por boa parte do território.

Os combustíveis fósseis representam uma vantagem competitiva nítida para a indústria russa. Reservas na região da Bacia do Volga-Ural e na Sibéria Ocidental abastecem não apenas uma indústria de refino e beneficiamento de petróleo e gás – que fornece à toda a Europa – mas também um respeitável pólo petroquímico.

Ainda na Sibéria e em regiões limítrofes do país, próximas à Ucrânia e Cazaquistão, reservas de carvão garantem insumos para uma grande produção de aço, metais em geral, tubos e outros produtos metalúrgicos. A herança militar ainda se faz forte no país, que conta com uma indústria de defesa e aeroespacial de porte  e destaque em todo o mundo.

Na porção ocidental, as indústrias encontram-se próximas aos grandes centros urbanos, sobretudo Moscou e São Petersburgo. Com um grande mercado consumidor, essa região tem industrialização diversificada, com fábricas têxteis, de eletrodomésticos, automóveis etc.

Contudo, há metrópoles mais distantes com uma produção industrial de destaque, como a cidade de Novosibirsk, um dos grandes pólos metalúrgicos e de maquinário do país, que conta com uma população de quase 2 milhões de habitantes e uma economia ainda vibrante, próximo às fronteiras com o Cazaquistão. O mesmo se aplica a Omsk, um centro urbano desenvolvido na mesma região, com uma poderosa refinaria de petróleo e a maior produtora de borracha da Rússia.

Por: Carlos Artur Matos

Veja também: