A era do gelo ou era glacial corresponde a um período em que as temperaturas de todo o planeta baixaram e se mantiveram assim por um longo tempo, também conhecida como glaciação. Em razão disso, ocorreu a expansão dos mantos de gelo continentais e polares, bem como das montanhas geladas. Imagine o planeta Terra coberto por gelo em quase toda sua superfície, não somente nos polos Sul e Norte? Isso é uma era do gelo!
Graças às muitas evidências geológicas (rochas), paleontológicas (fósseis) e químicas (substâncias), os cientistas sabem que nosso planeta sofre mudanças em seu clima constantemente. Essas variações, ou eras, com períodos de temperaturas elevadas e baixas, costumam ocorrer a cada 40.000 ou 100.000 anos.
A mais antiga era do gelo ocorreu no período pré-cambriano, que começou há cerca de 5 bilhões de anos. A mais recente ocorreu no período Pleistoceno.
A expressão Era do Gelo refere-se normalmente à idade de gelo do Pleistoceno, que teve início por volta de 1,7 milhão de anos atrás e terminou há aproximadamente 20 mil anos. Nesse período, a Terra passou por temperaturas extremamente frias ou quentes. A espécie humana conseguiu sobreviver graças à capacidade de adaptação às mudanças ambientais, à descoberta do fogo e à confecção de roupas de peles de animais.
O fenômeno da glaciação
Glaciação é o nome utilizado para identificar o processo de extensão e intensificação da ação exercida pelas geleiras sobre a superfície da Terra.
Ao longo de uma era do gelo, podem ocorrer várias glaciações, intercaladas por períodos de recuos das geleiras e aumento da temperatura denominados interglaciais.
Alguns cientistas preveem que períodos de glaciação ocorrerão novamente. Acham que pode haver mudanças cíclicas regularmente na forma da órbita da Terra ao redor do Sol, e que estas provocarão o resfriamento e favorecerão a formação de imensos lençóis de gelo.
As consequências da Era do Gelo
O efeito do esfriamento global sobre a vida é considerável, responsável pela extinção de inúmeras espécies. O espaço vital das espécies que gostam de calor fica drasticamente reduzido às áreas dos trópicos. As espécies marinhas também ficam presas em cursos marítimos confinados, incapazes de se movimentarem para águas mais quentes. O acúmulo de gelo glacial nas regiões polares diminui o nível do mar.
Durante as glaciações do Pleistoceno, imensos lençóis de gelo cobriram grande parte da Europa, da Ásia e da América do Norte. A formação desses lençóis reduziu o nível dos oceanos cerca de 100 m abaixo do nível atual. Apenas no fim da glaciação, quando o gelo derreteu, os mares e oceanos voltaram ao nível verificado hoje. A temperatura média da Terra caiu entre 10 e 12 graus.
A redução do nível dos oceanos possibilitou o aparecimento de pontes terrestres entre um continente e outro e entre ilhas ao seu redor. Isso permitiu a migração de homens e dos animais e o povoamento de toda a Terra.
A Era do Gelo no Brasil e os grandes mamíferos
Muitos estudos têm apontado que o Brasil, durante o período glacial, continuou relativamente quente, abrigando uma Mata Atlântica maior do que a atual. Isso foi possível porque o nível dos oceanos era mais baixo e parte da plataforma continental atual era ocupada por florestas.
Nesse ambiente, viviam animais fantásticos, como a preguiça gigante. Esse animal, cujo grupo apresenta diversas espécies, podia chegar ao tamanho adulto de um elefante e, quando se colocava em pé, alcançava uma altura de 6 metros. Muito bom para um animal que se alimenta exclusivamente de vegetais, ou seja, um herbívoro.
O toxodonte habitou grande parte da América do Sul, inclusive o Brasil. Seu nome deriva do nome científico Toxodonplatensis, que significa dente de flecha da Plata, região da Argentina. Seu tamanho chegava ao de um rinoceronte adulto, com mais de 1 tonelada e 3 metros de comprimento.
Os mastodontes habitaram o Brasil na era do gelo. Eles eram elefantes pré-históricos, pesavam 7 toneladas e mediam até 4 metros. Alimentavam-se da vegetação e foram caçados pelos primeiros homens sul-americanos, tendo se extinguido há 10 000 anos.