O Estreito de Gibraltar é uma importante ligação marítima do Oceano Atlântico (oeste) ao Mar Mediterrâneo (leste), localizado entre o sul do território da Espanha e do território inglês ultramarino de Gibraltar e o Norte de Marrocos e Ceuta (Cidade Autônoma da Espanha), correspondendo à separação dos continentes da Europa e da África.
O estreito possui aproximadamente 13 km de largura mínima, o que corresponde à menor proximidade geográfica entre Europa e África. A profundidade do estreito varia de 300 a 1.000 metros.
De acordo com os geólogos, o estreito teve origem na divisão de duas placas tectônicas – a Euroasiática e a Placa Africana.
Em razão do encontro das águas mais frias e menos salgadas do Oceano Atlântico com as águas mais quentes, profundas e salgadas da porção ocidental do Mar Mediterrâneo, conhecido por Mar de Alborão, há fortes correntes marítimas que causam naufrágios.
Fatos históricos
Na Antiguidade, o estreito serviu como passagem para muitos povos oriundos do norte da África em direção à Espanha, país localizado na Península Ibérica, como ocorreu com os povos muçulmanos na chamada conquista árabe ou conquista muçulmana, no ano de 711.
O nome de Gibraltar foi dado, mais tarde, em homenagem ao general árabe Tariq ibn Ziyad, que estabeleceu a primeira incursão mulçumana até a Península Ibérica. Assim, Gibraltar tem origem na expressão árabe Jabal al-Tariq, que significa “Montanha de Tarique”, perpetuando, dessa maneira, os feitos do general árabe muçulmano Tariq ibn Ziyad.
Na mitologia, o Estreito de Gibraltar foi obra de Hércules, que, durante a realização de um de seus trabalhos, que consistia em transpor um canal marítimo, abriu a passagem com os seus ombros, dividindo dois rochedos que mais tarde seriam chamados de “Pilares de Hércules” ou “Colunas de Hércules”.
Importância do Estreito de Gibraltar
O Estreito é uma consolidada rota de navegação. É considerado um dos trechos marítimos mais congestionados do planeta. Estima-se que 50 mil embarcações pesadas passem pelo local anualmente – além de outros 30 mil barcos menores e balsas, que operam entre Marrocos e Espanha.
O estreito ocupa uma estratégica posição geográfica entre os continentes europeu e africano, possuindo intenso fluxo de cargueiros que transportam produtos industrializados e agropecuários, petroleiros e navios de cruzeiro com turistas.
Além disso, há a presença de balsas para o transporte de veículos, pessoas e mercadorias entre os países da Espanha e de Marrocos. A marinha de guerra também se utiliza do estreito para o deslocamento de frotas, como, por exemplo, da Inglaterra e dos EUA, países aliados e membros da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte), quando em missões no norte da África, Oriente Médio, Mar Negro etc.
Os governos da Espanha e de Marrocos possuem projeto para a construção de um túnel ou de uma ponte entre os países. No entanto, o alto custo das obras dificulta a execução do projeto.
Rota de migrantes e de refugiados
Além de servir como importante rota comercial, o Estreito de Gibraltar é utilizado como rota de migrantes e de refugiados vindos do continente africano ou mesmo do Oriente Médio (ex.: Síria) que se deslocam para o norte da África.
Migrantes e refugiados deslocam-se através do território do Marrocos em direção à Espanha, que serve de porta de entrada para o continente europeu. A proximidade geográfica entre os continentes é um grande atrativo para que milhares de pessoas anualmente cruzem o estreito, fugindo de conflitos étnico-religiosos, da miséria, da fome, do desemprego, dos baixos salários etc., buscando melhores condições de vida, de emprego, de estabilidade política, de salários etc., no continente europeu. Líbia e Tunísia, principais pontos da Rota do Mediterrâneo Central, também são importantes áreas de repulsão de migrantes e de refugiados.
A passagem pelo Estreito de Gibraltar é conhecida como a Rota do Mediterrâneo Ocidental. As Cidades Autônomas espanholas de Ceuta e Melilla, localizadas como enclaves no território do Marrocos, servem como entreposto para os imigrantes e refugiados lançarem-se pela passagem marítima a bordo de embarcações clandestinas. Em 1994, o governo espanhol levantou cercas no entorno de Ceuta e Melilla.
Desde 2014, diante do expressivo aumento no número de migrantes e refugiados em Ceuta e Melilla, o governo espanhol ampliou o controle nas fronteiras dos seus enclaves por meio da maior presença de policiais e no reforço das cercas.
Naufrágios são comuns na região em virtude da junção de dois importantes fatores: fortes correntes marítimas e superlotação de barcos velhos ou de botes ou de balsas. Como consequência desses naufrágios, todos os anos, centenas de pessoas perdem a vida ao tentarem atravessar o Mar Mediterrâneo.
A atuação de traficantes de pessoas (tráfico humano) torna a situação ainda mais desumana em países do norte da África, como em Marrocos. O tráfico humano acaba sendo um negócio muito rentável para os traficantes que se aproveitam da situação de desespero das pessoas, cobrando valores para transportá-las em direção à Espanha ou, pior, realizando exploração sexual, escravização, venda e outras formas de violência, num total desrespeito aos Direitos Humanos