Uma das mais promissoras fontes alternativas de energia é a que utiliza a biomassa, que consiste no material de origem orgânica, animal ou vegetal, presente num dado momento numa determinada área.
Na biomassa, é grande a contribuição dos vegetais, razão pela qual ela está em constante renovação, pois as plantas, utilizando a energia solar e o gás carbônico no processo de fotossíntese, têm a capacidade de produzir novas substâncias, de crescer e de se multiplicar. Avalia-se que, em todo o planeta, no período de um ano, a massa vegetal cresce cerca de 80 bilhões de toneladas. Se o ser humano pudesse aproveitar todo esse potencial da biomassa para produzir energia, o problema energético mundial estaria plenamente resolvido.
Há no Brasil plantações cuja produção é em grande parte destinada à produção de energia da biomassa. Da cana-de-açúcar extrai-se o álcool, combustível utilizado em muitos carros; do dendê extrai-se o óleo de dendê, considerado um excelente substituto para o óleo diesel, proveniente do petróleo. Existem ainda estudos para o aproveitamento do óleo de soja como combustível. A vantagem da utilização da energia da biomassa é o fato de os combustíveis de origem vegetal serem recursos renováveis, ao contrário dos originados dos combustíveis fósseis.
Em 1975, o governo brasileiro criou o Programa Nacional do Álcool, o Proálcool, com a justificativa de diminuir a dependência do país do petróleo importado e proteger a indústria açucareira. A utilização do álcool etílico como combustível foi amplamente incentivada, por meio de slogans, como “Quem tem não depende de ninguém” e “Carro a álcool, você ainda vai ter um”, e por condições favoráveis para a aquisição de veículos acionados pelo novo combustível. Apesar do grande sucesso nos anos que sucederam a sua criação, após algum tempo, por razões econômicas e políticas, o programa acabou por sofrer um desgaste e seu futuro ainda é incerto.
Os resíduos orgânicos, que também são biomassa, podem originar gás combustível, o chamado biogás. Para tal acontecer, esses resíduos devem passar por um processo de digestão anaeróbica, isto é, uma degradação por microrganismos, em atmosfera rarefeita de oxigênio, feita em aparelhos chamados biodigestores. Essa digestão, além do gás, permite obter um lodo ou borra, utilizado como fertilizante, o adubo orgânico.
O biogás é uma mistura de vários gases, com predominância do gás metano. Ele tem uma série de aplicações. Pode ser utilizado como substituto do gás de cozinha, o GLP originado do petróleo, em fornos industriais, em iluminação e em usinas termelétricas, para substituir os combustíveis fósseis.
Há alguns inconvenientes que devem ser considerados em relação ao biogás, entre eles: a possibilidade de explosões no biodigestor; a contaminação do solo e de lençóis de água nas regiões de instalação dos biodigestores, em virtude do descarte da água residual; vazamentos de gases tóxicos, como o gás sulfídrico. Entretanto, esses inconvenientes são, na maioria, passíveis de controle. Talvez o problema maior esteja na queima do biogás, quando ocorre a liberação de gases-estufa, principalmente do CO2.
O fato é que, apesar das questões levantadas, o aperfeiçoamento desse processo de obtenção de energia da biomassa é fundamental para o futuro, pois, além de suprir as necessidades energéticas, resolve o grave problema do lixo urbano. Nas grandes cidades, como São Paulo e Rio de Janeiro, a quantidade de lixo produzida é de várias dezenas de toneladas. O destino desse lixo normalmente é o aterro sanitário, que apresenta uma série de inconvenientes, causando um impacto ambiental de grandes proporções. Por isso são muito importantes as iniciativas no sentido de produzir o biogás a partir desse material.
Há várias pesquisas em andamento visando a outras alternativas para o aproveitamento do lixo orgânico. Entre elas, está a obtenção da celulignina, combustível sólido gerado a partir de um tratamento químico a que são submetidos os resíduos orgânicos. Segundo levantamentos de viabilidade econômica, a produção desse produto garante um retorno de cerca de 40%. Estudos desenvolvidos na Faculdade de Engenharia Química de Lorena (SP) e na Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UFRJ) mostraram que o processamento do lixo orgânico pode gerar 70% de celulignina e 10% de furfural, insumo usado na petroquímica e de alto valor de mercado, sendo os 20% restantes correspondentes ao lodo utilizado como adubo.
Por: Renan Bardine
Veja também:
- Biocombustível
- Biomassa no Brasil
- Matriz Energética
- Energia Hidrelétrica
- Energia Nuclear
- Energia Solar
- Energia Eólica