Globalização

A globalização corresponde ao processo de integração econômica e cultural em escala mundial, promovida pela expansão do capitalismo informacional e pela evolução tecnológica dos meios de comunicação e de transporte.

O processo de integração entre os países e entre as pessoas atinge patamares globais. O conceito de aldeia global (“mundo pequeno”) corresponde à integração propiciada por redes de conexões que reduzem as distâncias, facilitando as relações econômicas (ex.: transações financeiras e comerciais) e culturais de maneira rápida e eficiente, em escala planetária.

As pessoas, por meio da internet, quebram barreiras espaciais e culturais, integrando-se pela rede (conectividade) à aldeia global, usando o inglês como instrumento universal de comunicação.

A globalização está em processo contínuo de evolução e transformação, possibilitando maior integração a cada ano, com a inovação dos meios de comunicação e de transportes. A rapidez e a eficiência alcançadas pelos setores de transporte e de comunicação nas últimas décadas com a tecnologia da informação foram responsáveis pela consolidação do processo de integração/conexão entre as diferentes partes do mundo.

O meio técnico-científico-informacional tornou o planeta “menor” ao aniquilar o espaço pelo tempo com a evolução tecnológica dos meios de comunicação e de transporte, intensificando o processo da integração mundial.

Globalização.

Contexto histórico

A globalização iniciou-se com a expansão marítimo-comercial europeia, por meio das Grandes Navegações que se iniciaram no final do século XV e começo do século XVI, viabilizando o crescimento do capitalismo comercial em escala mundial.

Com o advento das Revoluções Industriais e as consequentes transformações tecnológicas nos meios de transportes, de comunicação e de produção, a globalização foi sendo gradativamente ampliada. Assim foi até a bipolarização mundial ocorrida no pós-Segunda Guerra, que impactou negativamente a integração do mundo ao reparti-lo em dois polos de poder antagônicos – EUA/capitalismo e URSS/socialismo.

Com o advento da Revolução Técnico-Científico-Informacional, na segunda metade do século XX, o processo de globalização foi retomado de maneira mais elaborada e desenvolvida, integrando mercados de modo mais intenso por meio dos sistemas de informação – internet.

Aspectos positivos da globalização

Entre os aspectos positivos do processo de integração mundial, citamos:

  • interdependência dos países – ampliação das relações econômicas e políticas entre os países em escala planetária, intensificando as trocas comerciais e propiciando acesso aos mais diferentes mercados;
  • maior circulação de mercadorias (bens), de serviços, de capitais produtivos e financeiros e da informação em escala planetária;
  • evolução dos meios tecnológicos e maior difusão do conhecimento;
  • combate a epidemias com mais rapidez, em razão da troca de informações entre os cientistas/ pesquisadores, além do controle sobre as fronteiras e os fluxos de pessoas.
  • debates multilaterais sobre os problemas ambientais.
  • utilização da internet para apresentação de ideias de organização, de mobilização por meio de ativismo am­biental, político, social etc. Exemplo: Primavera Árabe.
  • criação de novos empregos na área da tecnologia da informação;
  • crescimento econômico dos países emergentes em razão do maior acesso aos mercados, antes comandados hegemonicamente pelos países desenvolvidos, e da atração de capitais produtivos e financeiros provenientes dos países ricos.

Percebemos que a globalização apresenta aspectos positivos relacionados fortemente ao setor econômico. Por esse motivo, o Fórum Mundial Econômico é um grande expoente da globalização, reunindo anualmente, em Davos (Suíça), líderes da economia mundial – empresários, ministros da Economia, presidentes de bancos centrais, FMI, Banco Mundial e outros organismos internacionais, para o debate de assuntos de interesse econômico.

Aspectos negativos da globalização

Entre os aspectos negativos do processo de integração mundial, citamos:

  • exclusão social decorrente da desigualdade socioeconômica, em que o poder e a renda concentram-se nas mãos de uma classe social minoritária, correspondendo a uma grave contradição do sistema capitalista;
  • nos países do Sul (pobres), encontra-se a parcela populacional mais vulnerável aos problemas da falta de acesso à água potável, educação e saúde, infraestrutura de saneamento básico; essa população enfrenta graves epidemias, violência e conflitos, fatores que dão origem aos refugiados;
  • desigual forma de acesso aos meios de comunicação, gerando a chamada exclusão digital – a população mais vulnerável socioeconomicamente é a principal parcela dos indivíduos offline.
  • proliferação de epidemias nos países pobres em razão de precárias condições urbanas como a falta de acesso ao saneamento básico, à medicina preventiva etc.;
  • modificação de padrões culturais em países pobres por influência dos países do Norte (ricos) – principais centros de poder.
  • terrorismo global, que atingiu essa dimensão ao atuar em qualquer parte do mundo, ultrapassando o controle de fronteiras e articulando-se pela internet.
  • utilização da internet para invadir a privacidade de pessoas e de governos.
  • guerra cibernética ou ciberguerra (cyberwar), que representa os ataques digitais às estruturas estratégicas ou táticas, para fins de espionagem ou sabotagem de alvos civis ou militares em qualquer país, organização ou pessoa.
  • rápida contaminação dos países em caso de crises econômicas por causa da interdependência econômico-financeira das nações e em blocos econômicos, exemplos: Estados Unidos em 2008 e União Europeia em 2010/2011;
  • facilidade de especulação financeira pela integração dos mercados, em que a tecnologia possibilita a entrada ou saída de grandes quantias de dólares em questões de minutos ou segundos, deixando os mercados vulneráveis aos fluxos de capitais;
  • fácil transferência de empresas e empregos entre países;
  • pressão para flexibilizar leis trabalhistas por parte de governos, diante do poder de barganha das grandes empresas que procuram países ou regiões com atrativos para seus investimentos, visando à redução de custos de produção e à possibilidade de ampliar sua competitividade no mercado global;
  • trabalhos infantis e análogos à escravidão, que são exemplos da sujeição de formas degradantes que ferem os direitos humanos, principalmente nos países do sul com populações mais vulneráveis socioeconomicamente;
  • desemprego conjuntural, motivado por crises econômicas internas e externas, e desemprego estrutural, gerado pela introdução de novas tecnologias ou sistemas de produção que substituem o trabalho humano, visando à redução de custos em um mercado globalizado, com automação (ex.: robótica), informatização, serviços online ;
  • proliferação de epidemias em razão da maior proximidade de pessoas, com sistemas de transportes mais rápidos e que integram diversas áreas diariamente, levando passageiros de um ponto a outro do planeta em questões de horas ou dias, possibilitando o surgimento de pandemias, como a causada pelo vírus Influenza H1N1, em 2009;
  • crescente xenofobia, principalmente na Europa e nos Estados Unidos, ampliando o debate sobre o tratamento digno que os imigrantes devem receber ao procurarem melhores condições de vida nesses países.

Esses aspectos negativos da globalização provocam a desordem na Nova Ordem Mundial, explicitando os muitos problemas que continuam a existir no mundo ou que foram ampliados, mesmo com todas as mudanças geopolíticas decorrentes da passagem da bipolarização para a multipola­rização.

Por isso, o Fórum Mundial Social, articulado por movimentos sociais, ONGs e representantes da sociedade civil, apresenta encontro anual internacional. Esse fórum é considerado antiglobalizante, ao se apresentar como importante fórum para discutir e lutar contra o neoliberalismo, o imperialismo e as desigualdades sociais, ressaltando que “outro mundo é possível”.