À medida que crescem as cidades, relações econômicas, políticas, sociais e culturais começam a ser travadas entre cada uma delas. Como decorrência desse fenômeno de “agrupamento” entre cidades e interrelacionamento, surgem as redes urbanas, que são conjuntos de cidades interligadas por meio dos fluxos de pessoas, mercadorias e informações. As relações entre as cidades depende do porte de cada uma delas, da rede em si e do papel que cada cidade representa.
Nem toda cidade é igual – as diferenças de mercadores, serviços e características entre as várias cidades numa rede criam uma hierarquia urbana. Nessa hierarquia, as cidades vão ter mais ou menos influência de acordo com as funções que possuem e com o papel que representam nessas microrregiões.
Trabalhadores de cidades menores dentro de uma rede, em geral, têm de migrar para cidades maiores em busca de serviços mais especializados ou de maior valor agregado, até que cheguem na cidade de maior influência na hierarquia da rede, a metrópole.
A capacidade de uma cidade de concentrar serviços e funções, tornando-se mais destacada e ganhando importância não pelo tamanho, mas sim pela especialização, é conhecida como polarização.
Classificação hierárquica das cidades
Cidades se posicionam numa hierarquia de acordo com quatro fatores distintos. Primeiramente, uma cidade depende topograficamente na região que “escolheu” para se instalar – a essa característica primordial dá-se o nome de sítio.
Algo que vem depois – a infraestrutura de estradas, ferrovias, corredores fluviais e marítimos com instalações e proximidade de outros centros e oportunidades – temos aqui o conceito da situação, uma espécie de contextualização do sítio.
À principal atividade exercida por uma cidade, finalmente, dá-se o nome de função, assim como a capacidade de polarização do espaço regional depende predominantemente da variedade, quantidade e especialização de bens e serviços que a cidade tem condições de oferecer, e consiste na quarta e última característica na avaliação de uma hierarquia.
As redes urbanas
As cidades, ao longo do tempo, estabelecem redes urbanas, isto é, redes com fluxos sociais, econômicos, políticos, culturais com maior ou menor intensidade, com tamanhos e funções diversas, gerando relações entre si e com o espaço rural em seu entorno.
As redes geralmente são construídas no entorno de uma cidade que se torna a metrópole e uma espécie de gradação, geralmente repetida no contexto geográfico, reduz o “status” das demais cidades à medida em que estejam mais distantes da metrópole.
Na escala inferior da hierarquia urbana, localizam-se os povoados e as pequenas cidades que apresentam como grau de influência apenas sua zona rural. Acima, estão localizadas as cidades médias, que prestam serviços e produzem mercadorias aos habitantes dos núcleos urbanos menores à sua volta.
A influência da metrópole excede a própria rede. Em um contexto maior, a metrópole é praticamente a representante do grupo inteiro de cidades perante outras redes, estados, províncias, governos centrais e federais e até mesmo outros países.
Classificação das redes urbanas
Não apenas as cidades – as redes urbanas também possuem uma classificação e têm características distintas, conforme cada uma delas.
- Metrópoles nacionais: são as cidades capazes de estabelecer influência em todo o território nacional. No caso do Brasil, São Paulo, Brasília e Rio de Janeiro são as únicas metrópoles nacionais. Geralmente, mas não exclusivamente, são redes construídas no entorno de capitais estaduais ou provinciais. Nos Estados Unidos, cidades como Nova Iorque, Miami e Los Angeles têm essa característica, embora não sejam capitais estaduais, particularmente (Albany é capital do estado de Nova Iorque, Sacramento a capital da Califórnia e Tallahasse a capital da Flórida).
- Metrópoles regionais: são as cidades que oferecem serviços e bens de consumo mais sofisticados, como hospitais com serviços especializados, universidades, porém em termos políticos possuem menor influência em relação às metrópoles regionais. Salvador e Curitiba são exemplos no Brasil, assim como Portland ou Cincinnatti poderiam ser elencadas nessa categoria nos Estados Unidos.
- Centros regionais: são cidades cuja área de influência dificilmente ultrapassa os limites estaduais e que também sofrem polarização de outro centro urbano. Têm capacidade de oferta de serviços e produtos em nível similar ao das metrópoles, porém com menor especialização e em menor porte.
- Cidades locais: são cidades de porte médio e pequeno, que possuem áreas de influência menores, compostas por pequenas cidades e vilas. Os serviços oferecidos são mais simples e os bens de consumo, básicos.
Bibliografia:
- MOREIRA, J. C.; SENE, E. Geografia para o Ensino Médio: geografia geral e do Brasil. V.único. São Paulo: Scipione, 2002.
Por: Carlos Artur Matos
Veja também:
- O Processo de Urbanização
- Urbanização no Brasil
- Surgimento das Primeiras Cidades
- Metrópole, Megalópole, Megacidades e Cidades Globais