Geografia física
A relativa prosperidade econômica e a estabilidade política, assim como o forte enraizamento da tradição cultural hispânica, caracterizam a pequena república centro-americana da Costa Rica.
Situada na porção meridional do istmo da América Central, a Costa Rica limita-se com o mar do Caribe a leste, com o oceano Pacífico ao sul e a oeste, com a Nicarágua ao norte e com o Panamá a sudeste. A superfície do país é de 51.100km2.
Geologia e relevo
O relevo da Costa Rica é montanhoso. A cordilheira vulcânica procedente da Nicarágua percorre o país longitudinalmente, primeiro com o nome de Guanacaste e logo como serra Central. Seu último maciço é o de Turrialba, onde se localiza o vulcão de mesmo nome, na província de Cartago. Outra importante cadeia de montanhas é a de Talamanca, originária do Panamá, que se estende em direção à cordilheira vulcânica penetrando nas províncias de Cartago e San José. Entre as duas cadeias montanhosas se localiza o planalto Central, a área mais fértil e habitada do país.
As costas são em geral baixas, com contornos uniformes no Atlântico e mais irregulares no Pacífico, onde se localizam as penínsulas de Nicoya e Osa. As maiores planícies são as do vale do Tempisque, na província de Guanacaste, e as que se estendem entre a cordilheira e o Atlântico até chegar ao rio San Juan e lago Nicarágua. O ponto culminante do país é o pico Chirripó Grande, com 3.820m de altura, na cordilheira de Talamanca.
Clima
As baixadas do litoral, até mil metros sobre o nível do mar, são quentes e úmidas (25 a 27 C). De mil a dois mil metros de altitude, as temperaturas são amenas, como, por exemplo, no planalto Central (15 a 25 C). Acima de dois mil metros, o clima é frio (5 a 15 C). O período de chuvas se estende de maio a novembro, com precipitações mais abundantes nas faixas litorâneas, principalmente no Atlântico, e mais escassas nas grandes altitudes.
Hidrografia
Poucos rios são navegáveis, mas têm potencial hidráulico elevado. Na vertente do Atlântico destacam-se o San Juan; o Frio, principal tributário do lago Nicarágua; o caudaloso Tortuguero; o Reventazón, que contribui para fertilizar o planalto Central; e o Sixaola, no limite com o Panamá. Dos rios que correm para o Pacífico merecem referência o Tempisque, importante via de comunicação de Guanacaste; o Grande de Tárcoles e o Grande de Térraba (ou Diquis), em cuja bacia se encontra o maior potencial hidrelétrico da Costa Rica.
Flora e fauna
Quase metade do território da Costa Rica é recoberta de florestas, nas quais se encontram espécies de valor econômico, como o cedro e o mogno. Nas áreas litorâneas, de nordeste a sul, onde as chuvas são mais abundantes, predomina a floresta tropical; no declive montanhoso do Atlântico, a vegetação tem características de floresta tropical úmida; no planalto Central, a vegetação típica é a floresta tropical seca, com menos árvores e solo coberto por gramíneas e herbáceas. O cerrado é característico de Potrero Grande e parte de Guanacaste, enquanto a floresta mista predomina nas regiões mais elevadas.
A fauna é a da zona zoogeográfica neotropical, que abrange a América do Sul, América Central, Antilhas e metade do México. Há mais de 800 espécies de aves e grande variedade de mamíferos, como macacos, tamanduás, veados, linces, coiotes, preguiças, doninhas, lontras e raposas.
A população do planalto Central, onde se concentra a maior parte dos habitantes, é na maioria de origem europeia, sobretudo espanhola. Os descendentes de negros e índios foram absorvidos pela população espanhola. A costa noroeste do Pacífico abriga uma mistura étnica mais pronunciada de espanhóis, índios e negros, o que originou um tipo físico de pele mais escura. Na costa do Caribe, onde vivem cerca de seis por cento da população, se agrupam os negros descendentes de escravos africanos. Muitos deles vieram da Jamaica, no século XIX, para trabalhar na construção de estradas de ferro, e falam uma variante do inglês.
No sul do país subsistem alguns povos indígenas, como os bribris, cabecares e borucas. No norte há algumas tribos de índios guatusos. A língua de todos os indígenas costarriquenhos é aparentada com o chibcha, embora os borucas e guatusos se encontrem em avançado estado de aculturação.
A capital da Costa Rica é San José, fundada pelos espanhóis num vale do planalto Central a 1.180m de altitude, e desenhada em tabuleiro de xadrez, o modelo clássico da colonização espanhola. Outras cidades importantes são Cartago, Limón, Puntarenas e Alajuela. A língua oficial é o castelhano.
Economia
A Costa Rica não apresenta as condições de extrema pobreza frequentes em outras regiões da América Central. Seu produto interno bruto é o maior da região e a renda nacional se reparte de maneira relativamente equitativa. A partir da década de 1970, o país atravessou dificuldades econômicas devido à alta dos preços do petróleo no mercado internacional e à queda dos preços do café, seu principal produto de exportação. A necessidade de importar grande volume de produtos industrializados contribuiu para desequilibrar a balança de pagamentos, com o que se consumiram todas as reservas do país. Nas últimas décadas do século XX, o turismo converteu-se numa das principais fontes de divisas do país, mitigando os efeitos da crise.
As principais atividades produtivas da Costa Rica são a agricultura e a pecuária. Cultivam-se milho, arroz e feijão na vertente pacífica das cordilheiras. Os produtos de exportação mais importantes são o café, cultivado no planalto Central, e a banana, que cresce nos dois litorais. O país exporta também cana-de-açúcar, cacau e carne. O regime de propriedade das terras não apresenta os contrastes marcantes próprios de outros países latino-americanos.
Existem no país depósitos de minerais, como bauxita e manganês, mas sua localização torna a extração economicamente inviável. As reservas hídricas constituem o maior potencial para o desenvolvimento industrial da Costa Rica.
Concentradas no planalto Central, as instalações industriais são encontradas também em Puntarenas e Limón. Predominam a indústria de alimentos, bebidas, roupas, calçados e móveis. Para exportação fabricam-se máquinas elétricas, papel, medicamentos e produtos metalúrgicos.
As comunicações terrestres se entroncam no planalto Central, em San José e Cartago, Heredia e Alajuela, de onde saem estradas estreitas e tortuosas para os vales e montanhas vizinhos. Da capital partem duas linhas férreas nacionais, além de outras ferrovias menores, administradas pelas companhias bananeiras. A partir de 1955, a rodovia Pan-Americana favoreceu o transporte terrestre interno e com o resto da América Central. Os principais portos são Limón, Golfito e Puntarenas. O único aeroporto internacional do país localiza-se em Alajuela.
História
A Costa Rica foi descoberta e provavelmente batizada por Cristóvão Colombo, em sua quarta viagem à América, em 1502. Havia na região cerca de trinta mil indígenas, divididos em três grupos: guetares, chorotegas e borucas. Encontrados os primeiros indícios de ouro, usado em ornamentos indígenas, os espanhóis planejaram um núcleo de colonização sob o comando de Bartolomé Colombo, irmão do descobridor. Expulsos logo a seguir pelos indígenas, só conquistaram a região em 1530. Antes de tornar-se província da capitania-geral da Guatemala, em 1540, Costa Rica chamava-se Nova Cartago. Os limites demarcatórios foram fixados entre 1560 e 1573.
Independência
A Costa Rica tornou-se independente a 15 de setembro de 1821 e três anos depois uniu-se, por pouco tempo, ao México. Em 1824 passou a integrar a Federação Centro-Americana, dissolvida em 1838. Nessa época teve início a exportação de café para a Europa, e San José viveu um período de intenso crescimento e prosperidade. Durante a administração do general Tomás Guardia, que governou despoticamente o país entre 1870 e 1882, a Costa Rica atingiu notável desenvolvimento econômico. Incrementou-se o comércio de açúcar e café, construíram-se ferrovias e abriram-se portos para escoar a produção. As plantações de banana, controladas a partir de 1899 pela United Fruit Co., passaram a rivalizar em importância econômica com as de cana-de-açúcar e café. Em 1890 tornou-se presidente José Joaquín Rodríguez; sua eleição foi considerada a primeira inteiramente livre e sem fraudes na América Latina e inaugurou uma tradição de democracia na Costa Rica.
Século XX
O voto direto foi instituído em 1913, mas o candidato à presidência mais votado não conseguiu a maioria e a Assembleia Legislativa elegeu Alfredo González Flores. Em 1917, um movimento liderado pelo general Federico Tinoco depôs o presidente constitucional e instituiu uma ditadura. Dois anos mais tarde, Tinoco foi forçado a renunciar por pressões internas e do governo americano, que não reconhecera o regime. Sucederam-se presidentes eleitos até 1948, ano em que os resultados eleitorais foram contestados por grupos de esquerda, o que desencadeou a breve guerra civil que levou José Figueres Ferrer ao poder. A junta revolucionária que assumiu o governo aboliu o Exército e criou uma guarda civil, elaborou nova constituição e empossou o candidato vitorioso nas urnas, Otilio Ulate Blanco. Em 1953, José Figueres voltou ao poder, nacionalizou os bancos, impôs restrições à United Fruit e enfrentou uma invasão lançada por seus adversários exilados na Nicarágua. Figueres inscreveu seu nome na história do país com várias décadas dedicadas às reformas sociais, à abertura política para o exterior e aos ideais social-democratas.
Ao longo da década de 1980, a Costa Rica preservou seu regime político, baseado no poder civil legitimado por eleições, mas se enredou em problemas econômicos e financeiros, dos quais o mais premente foi a dívida externa. No início da década, o país gastava 50% de sua receita de exportação com as despesas financeiras geradas pela dívida. Em maio de 1986, o governo chegou a anunciar uma moratória temporária sobre os juros da dívida externa e, no ano seguinte, lançou um programa de austeridade para tentar salvar as finanças nacionais.
A posição internacional da Costa Rica, que manteve alto grau de independência em relação aos grandes blocos de poder, deu-lhe condições de atuar com bons resultados no âmbito regional. O presidente Oscar Arias Sánchez, eleito em 1986, teve papel de destaque na mediação das guerras civis na Nicarágua e em El Salvador e por seu esforço foi-lhe concedido o Prêmio Nobel da paz em 1987. Em 1989 realizou-se em San José a primeira reunião de cúpula interamericana em 22 anos, para comemorar o centenário da democracia na Costa Rica. Em 1990 Arias foi sucedido por Rafael Angel Calderón Fournier, da oposição.
Instituições políticas
O presidente eleito da Costa Rica nomeia 15 ministros, em conjunto com os quais forma o conselho de governo. O poder legislativo se compõe de uma assembleia unicameral, cujos membros, como o presidente, também são eleitos por voto universal para mandatos de quatro anos. A assembleia elege os magistrados da Corte Suprema de Justiça.
O país se divide nas províncias de Guanacaste, Alajuela, Heredia, Cartago, San José, Limón e Puntarenas, que se subdividem em cantões, e estes, em distritos. De acordo com a constituição de 1949, a Costa Rica não tem exército. A ordem é mantida pela guarda civil e por um corpo de guardas rurais, no interior.
Sociedade e cultura
A educação pública recebe cerca de 25% do orçamento nacional. A escolaridade primária é obrigatória e noventa por cento dos costarriquenhos maiores de dez anos são alfabetizados. A Universidade da Costa Rica e a Universidade Autônoma da América Central são os principais centros de ensino superior. A religião oficial e majoritária é a católica, embora a liberdade de cultos seja garantida por lei desde 1860.
Os costarriquenhos conservam suas tradições folclóricas, principalmente a dança nacional chamada punto guanacasteco, mas a vida social é moderna e cosmopolita. O Museu Nacional contém grande variedade de relíquias pré-colombianas, entre as quais se encontram talhas em pedra e objetos de ouro, similares aos que Colombo encontrou no século XVI.
A literatura da Costa Rica é uma das mais novas da América Central: não tem passado colonial e sua expressão no século XIX é limitada. Destacam-se Ricardo Fernández Guardia, historiador que estudou o período colonial, e Aquileo Echeverría, o primeiro e mais popular dos poetas costarriquenhos.