A Argentina é o segundo maior país da América do Sul e um dos maiores exportadores de carne do mundo. Em 1991, formou o Mercado Comum do Sul (Mercosul) com o Brasil, o Uruguai e o Paraguai. No final da década, entrou em grave crise política e econômica. A capital do país, Buenos Aires, é uma das maiores cidades da América do Sul. Confira sua história.
Período Colonial
Os primeiros colonizadores espanhóis permanentes chegaram à Argentina em 1535. Em 1536, foi fundada a vila de Santa María del Buen Aire, que teve de ser evacuada em 1541, em virtude do ataque de índios. Em 1580, Buenos Aires foi fundada de novo e logo se tornou o centro econômico e estratégico da Bacia do Prata.
Em 1776, a Espanha fundou o vice-reinado do Rio da Prata. Em 1806 e 1807, o Reino Unido tentou invadir Buenos Aires, mas foi derrotado pelos colonos. Aproveitando-se da situação, a burguesia comercial da cidade deflagrou uma revolução em 1810. O vice-rei foi destituído, criaram-se as Províncias Unidas do Rio da Prata e Buenos Aires estabeleceu o seu primeiro governo autônomo.
Emancipação Política
O rei Fernando VII subiu ao trono espanhol em 1814 e tentou recuperar o domínio de ultramar, contrariando os interesses da burguesia comercial de Buenos Aires. Por isso, em julho de 1816, as províncias declararam-se independentes. Depois de um período de luta armada, o general José de San Martín comandou o Exército que assegurou a independência da Argentina, do Chile e do Peru.
Em 1826, Bernardino Rivadavia foi eleito presidente da Argentina, mas ficou no poder apenas até 1829, quando Juan Manuel de Rosas assumiu e instaurou a ditadura militar. Em 1833, o Reino Unido ocupou as ilhas Malvinas.
Um golpe de Estado depôs o presidente em 1852 e, depois de proclamada a Constituição, o general Justo José de Urquiza assumiu a Presidência e Paraná tornou-se a capital. A burguesia de Buenos Aires tentou, sem sucesso, separar-se da confederação.
De 1864 a 1870, a Argentina aliou-se ao Brasil e ao Uruguai na Guerra do Paraguai. Em 1891, Hipólito Yrigoyen fundou a União Cívica Radical (UCR), formada por representantes da classe média. Em 1916, Yrigoyen foi eleito presidente.
Três anos depois, o Exército reprimiu violentamente uma série de greves organizadas pelos sindicatos. Em 1930, um golpe de Estado derrubou o presidente.
Juan Domingo Perón
Outro golpe de Estado, em 1943, liderado pelo então coronel Juan Domingo Perón, derrubou o governo e levou o general Arturo Rawson à Presidência. Porém, o poder de fato era exercido por Perón. Em outubro de 1945, ocorreu uma grande mobilização popular a seu favor. No ano seguinte, Perón elegeu-se presidente. Sua mulher, Eva Perón (Evita), tornou-se sua principal assessora. O casal consolidou sua política populista levando os sindicatos e órgãos de representação dos trabalhadores para a esfera de influência direta do Estado.
Em 1948, Perón começou a implementar seu programa econômico, nacionalizando setores estratégicos da economia, criando leis de proteção social e trabalhista, entre outras medidas. Na política externa, apoiou a política dos países não-alinhados – ou seja, não se comprometeu com nenhum bloco de países.
Golpes de Estado
Em 1951, Perón suprimiu a liberdade de expressão e, em 1954, entrou em conflito com a Igreja Católica. Um golpe de Estado o obrigou a renunciar no ano seguinte e a fugir para o exílio na Espanha. O general Eduardo Lonardi tornou-se presidente do governo provisório. Mas outro golpe de Estado colocou o general Pedro Aramburu no poder. A ditadura militar de Aramburu rechaçou o não-alinhamento na Guerra Fria e a Argentina passou a seguir a política externa dos EUA de impedir a disseminação do Comunismo na América Latina.
A partir de 1958, a política econômica do novo presidente Arturo Frondizi produziu enorme concentração de renda e aumentou o índice de desemprego, o que desencadeou uma série de manifestações contra o governo.
Em 1962 e 1966, as Forças Armadas realizaram mais dois golpes de Estado. O governo seguinte, do general Juan Carlos Onganía, representou o início de um novo ciclo autoritário e antiperonista. A política econômica adotada por Onganía provocou uma estagnação econômica profunda. Ocorreram greves e protestos de trabalhadores e de estudantes contra o governo.
Em 1970, Onganía acabou deposto e o general Roberto Levingston assumiu a Presidência, sendo substituído no ano seguinte pelo general Alejandro Agustín Lanusse. Em 1973, o candidato da Frente Justicialista de Libertação, Héctor José Cámpora, elegeu-se presidente e autorizou Perón a retornar do exílio. Renunciou pouco depois e novas eleições foram convocadas. Perón foi eleito, e sua terceira mulher, María Estela Martínez de Perón (chamada Isabelita), tornou-se vice-presidente.
Ditadura Militar
Perón morreu em 1974 e Isabelita assumiu a Presidência. Em 1976, uma junta militar, liderada pelo general Jorge Videla, realizou mais um golpe de Estado, depôs Isabelita, dissolveu o Congresso e assumiu o governo.
A junta militar suspendeu todos os direitos individuais e constitucionais e deu início à chamada Guerra Suja – a eliminação dos opositores da ditadura por meio de prisão, sequestro e assassinato. A junta implementou uma política econômica que arruinou o parque industrial do país e aumentou drasticamente a dívida pública.
Em 1981, o general Roberto Viola assumiu o comando da junta militar. Pouco depois, foi substituído pelo general Leopoldo Galtieri.
Guerra das Malvinas
Em 1982, a junta militar enviou tropas às ilhas Falkland/Malvinas, Geórgia do Sul e Sandwich do Sul, dando início à invasão dos arquipélagos. A investida foi uma tentativa de despertar o nacionalismo do povo. A reação do Reino Unido foi imediata. Após 45 dias de combates, a Argentina se rendeu. Diante da derrota, Galtieri renunciou e a junta militar convocou eleições gerais para 1983.
Governo Alfonsín
Raúl Alfonsín (UCR) foi eleito presidente. Assim que tomou posse, teve de enfrentar a hiperinflação. Implementou uma série de cortes no orçamento para diminuir o déficit fiscal. Em 1985, lançou o Plano Austral, cujas principais medidas foram o congelamento de preços e salários e a substituição da moeda nacional, o peso, pelo austral, cuja cotação era atrelada ao dólar norte-americano.
Alfonsín ordenou a abertura de processos contra os militares responsáveis pelas violações dos direitos humanos durante a Guerra Suja e pela invasão que resultou na Guerra das Malvinas.
O governo de Alfonsín também fez progressos na política externa, ao assinar, por exemplo, um acordo com o Chile para encerrar a disputa pelas ilhas Lennox, Nueva e Piction, no Canal de Beagle.
O julgamento de oficiais gerou enorme tensão nas Forças Armadas. Em 1987, unidades isoladas do Exército – os caras-pintadas – rebelaram-se, exigindo o fim dos julgamentos e a anistia dos militares condenados pela Justiça. Alfonsín mandou para o Congresso dois projetos de lei determinando que os militares de baixa patente não poderiam ser responsabilizados criminalmente e limitando o número de processos abertos pelo Ministério Público. Nesse ínterim, aumentou o desemprego e o país entrou em recessão. Em 1988, eclodiram duas novas rebeliões militares.
Era Menem
Nas eleições de 1989, venceu o candidato à Presidência do Partido Justicialista (PJ), Carlos Menem. Ao tomar posse, Menem começou a implementar um programa neoliberal de ajuste econômico. Seu governo concedeu dois indultos presidenciais aos militares responsáveis pela Guerra Suja, o que provocou protestos das organizações de defesa dos direitos humanos.
A Argentina passou a adotar uma política externa submissa aos EUA e chegou a enviar uma fragata da Marinha para participar da coalizão internacional contra o Iraque na Guerra do Golfo, em 1991.
No mesmo ano, Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai assinaram o Tratado de Assunção, que criou o Mercosul, acordo de livre comércio entre os quatro países.
O governo argentino implementou um novo plano econômico, substituiu o austral pelo peso e adotou a equiparação da moeda ao dólar norte-americano. Inicialmente, o Plano de Conversibilidade, do ministro Domingo Cavallo, provocou profunda recessão, mas houve uma queda brutal nos índices de inflação. Por causa do crescimento econômico, o presidente conseguiu reeleger-se em 1995, mas os problemas da Argentina não se resolveram. As crises asiáticas (1997), russa (1998) e brasileira (1999) afetaram a economia argentina. As medidas adotadas pelo governo foram cortes no orçamento e redução de salário dos funcionários públicos.
Governo De la Rúa
Nas eleições presidenciais de 1999, foi eleito o candidato da Aliança, Fernando de la Rúa. Em 2000, várias empresas faliram e o parque industrial permaneceu desnacionalizado e desestruturado. Em 2001, a crise se agravou. Depois da renúncia de dois ministros da Economia, o ex-ministro Domingo Cavallo reassumiu o cargo.
Crise e Pobreza
Os principais efeitos da conversibilidade foram a desindustrialização, o aumento das desigualdades sociais e do desemprego e a dependência excessiva do capital especulativo. As vendas do comércio e a produção industrial caíram e a pobreza aumentou.
Em dezembro, ocorreram saques e protestos em boa parte do país. Cavallo renunciou, seguido pelo presidente De la Rúa. Adolfo Rodríguez Saá (PJ) assumiu a Presidência e anunciou a moratória (suspensão do pagamento) da dívida externa. Em pouco tempo, perdeu o apoio de seu partido e renunciou.
Governo Duhalde
Em janeiro de 2002, o Congresso elegeu presidente da República o senador Eduardo Duhalde (PJ). As primeiras medidas de Duhalde não contiveram a crise. Três meses depois, os ministros da Economia e da Produção e o chefe de gabinete pediram demissão. Em dezembro, foram liberados os saques das contas-correntes e cadernetas de poupança da população, retidos desde dezembro de 2001.
Governos Kirchners
Durante mais de 12 anos a Argentina foi governada pelos Kirchners, de 2003 a 2007 por Nestór Kirchner e de 2007 a 2015 por Cristina Kirchner, sua esposa. Tinham um estilo populista de governar, com culto aos Peróns e medidas de distribuição de renda. A Argentina atravessou um período de expansão econômica, graças à alta demanda de commodities da China, porém nos últimos 4 anos sofreu com grave recessão que dura até os dias atuais.
Governo Macri
Em 2015, Mauricio Macri assume a presidência Argentina com o desafio de levantar novamente a economia Argentina que enfrenta uma crise de desconfiança dos investidores.