Hungria, república localizada na Europa central, limita-se ao norte com a Eslováquia, a noroeste com a Ucrânia, a leste com a Romênia, ao sul com a Sérvia, Croácia e Eslovênia e a oeste com a Áustria. Sua superfície é de 93.030 km2. A capital é Budapeste.
TERRITÓRIO
No país predominam as planícies, sendo dividido pelo Danúbio em duas regiões. Uma planície baixa e ondulada conhecida como o Alföld do Danúbio, que ocupa a maior parte da região a leste do rio; as terras altas ao longo da fronteira norte se estendem até o leste abrangendo os montes Bukk e Mátra. A área a oeste do Danúbio, que se conhece com o nome de Transdanúbia, apresenta grande variedade de relevos. Na zona setentrional, encontram-se os montes Bakoni, junto ao Balaton, o maior lago de água doce da Europa central. A Pequena Alföld (ou pequena planície) localiza-se a noroeste. Possui um clima continental relativamente seco, com invernos frios e verões quentes.
POPULAÇÃO E GOVERNO
Cerca de 97% da população é magiar, descendente das tribos ugro-finesas e turcas que se misturaram com os ávaros e como os eslavos. Entre as minorias étnicas se destacam os alemães, eslovacos, sérvios, croatas, ciganos e romenos. Em 1995, tinha uma população de 10.471.000 habitantes, com uma densidade de 113 hab/km2. Budapeste é a cidade mais povoada (1993), com 1.992.343 pessoas.
Outras grandes cidades são: Debracen, Miskolc e Szeged. A Hungria é um país católico com uma minoria que professa o protestantismo. O magiar, a língua húngara oficial, é uma língua ugro-finesa. Muitas outras pessoas também falam alemão e inglês, e também compreendem o russo. Ver Literatura húngara. A revisão da Constituição em 1989, transformou a Hungria num Estado democrático independente. O chefe de Estado é o presidente, eleito pela Assembleia que exerce o poder legislativo. O primeiro-ministro cumpre a função de chefe de Governo.
ECONOMIA
Após o mandato comunista e com a eleição de um novo governo em 1990, iniciou-se a transição para o livre mercado, isso facilitou também uma abertura para o turismo, que desempenha um papel muito importante na economia. Em 1991, o produto interno bruto (PIB) foi de 28,2 bilhões de dólares, com uma renda per capita de 2.690 dólares. A moeda nacional é o forinte. Na agricultura, mais da metade da superfície cultivada é dedicada aos cereais. Há também uma importante criação de gado reprodutor. Os principais minerais são: carvão, bauxita, petróleo e gás natural. Por causa da limitação dos recursos naturais, o país depende das importações de matéria-prima para a indústria, sendo as principais: a indústria do aço, do alumínio, do cimento e do calçado. A produção agrícola também tem grande importância.
HISTÓRIA
A região que abrange a atual Hungria era uma parte das províncias romanas da Dácia e da Panônia. Localizadas no território limite do Império Romano, essas províncias foram das primeiras a cair em mãos das tribos germânicas que começaram a invadir o território em fins do século II d.C. Durante o século VIII, os moravos (um dos povos eslavos), se apossaram das regiões setentrional e oriental e, de 791 a 797, Carlos Magno, rei dos francos, anexou o restante da região. No anos 895 e 896, os magiares, uma tribo de origem ugro-finesa, tomou o controle da Panônia e da Morávia sob o comando do chefe Arpad. Em 955, Oto I, o Grande, imperador do Sacro Império Romano-Germânico, os derrotou na grande batalha de Lechfeld, facilitando a penetração do cristianismo e da cultura do ocidente na Hungria. Estevão I, o Santo, continuador da dinastia Arpad, foi nomeado oficialmente rei da Hungria em 1000, quando o papa Silvestre II lhe outorgou o título de rei apostólico.
O cristianismo acabou com o paganismo, tornando-se a religião oficial. A autoridade real centralizou-se e o país se dividiu em comitats (condados) administrativos. A população não-magiar foi tratada como uma etnia submissa. Seus sucessores incorporaram os territórios da Croácia, Bósnia, parte da Transilvânia e da Dalmácia. A autoridade real entrou em declínio a partir do século XII, já que o imperador bizantino Manuel I Comnenos, ao tomar posse do reinado húngaro, deu enormes propriedades da coroa aos seus partidários da nobreza húngara, propiciando assim o desenvolvimento do feudalismo. Em 1308, Carlos Roberto de Anjou e da Sicília foi eleito rei da Hungria com o nome de Carlos I da Hungria, com o que a dinastia Anjou se estabeleceu na Hungria.
Durante o seu reinado, que findou em 1342, o rei Carlos restaurou a ordem, impondo limitações aos nobres e finalmente consolidando o reino. Conseguiu também novos territórios, entre os quais se encontravam zonas da Bósnia e parte da Sérvia. Através de seu casamento com Isabel, a irmã de Casimiro III, o Grande, rei da Polônia, garantiu a sucessão do seu filho Luis ao trono polonês. Matias Corvino foi eleito rei em 1458, apesar de forte oposição por parte dos partidários do imperador do Sacro Império, Federico III da Estíria.
O novo monarca introduziu diversas reformas administrativas, criou um exército permanente e desenvolveu o comércio e a cultura no país. Obteve o controle da Áustria dos Habsburgo em 1485, transferindo sua residência para Viena. Essa e outras aquisições territoriais fizeram da Hungria durante algum tempo, o reino mais poderoso da Europa central. Após a morte de Matias, em 1490, os senhores feudais adquiriram novamente seus antigos privilégios. O caos político geral se intensificou durante as primeiras décadas do século XVI, fazendo com que o reino fosse incapaz de se defender efetivamente dos seus inimigos externos. Em 1526, o exército turco de Solimão I, o Magnífico, esmagou o exército húngaro na batalha de Mohacs. Durante mais de 150 anos após a derrota de Mohacs, a Hungria foi testemunha de lutas contínuas entre os imperadores Habsburgo do Sacro Império, que se apossaram da parte oeste do reino, os turcos estabelecidos na região central e grupos da nobreza húngara.
Durante a luta pela posse da Hungria, a Transilvânia se tornou o centro de movimento magiar contra o domínio dos turcos e dos austríacos. Os magiares abandonaram a Igreja católica durante a Reforma protestante, agravando sua inimizade contra os Habsburgo. Desde meados do século XVI e com o começo da Contra-reforma, a luta entre os protestantes magiares e os católicos Habsburgo tornou-se cada vez mais violenta, acarretando a chamada guerra dos Quinze Anos (1591-1606). Ao findar a guerra turco-austríaca que se estendeu de 1593 até 1648, o imperador Rodolfo II se viu obrigado a conceder aos magiares da Transilvânia não apenas a autonomia política e religiosa, como também várias concessões territoriais.
O imperador Leopoldo I expulsou os turcos da maior parte da Hungria, forçando a Dieta húngara a proclamar que a coroa da Hungria pertenceria sempre aos membros da casa de Habsburgo. Pelas prescrições da Paz de Karlowitz (1699), os turcos só conservaram o Banato de Temesvar, uma região que eles perderiam 19 anos depois, garantindo a Transilvânia para a dinastia Habsburgo. Após a explosão da Revolução Francesa, em 1789, inúmeros nacionalistas magiares influenciados pelas ideias revolucionárias fizeram ressurgir o nacionalismo húngaro a partir de 1815. Este despertar, trouxe como consequência a criação do Partido Liberal, que lançou uma campanha em favor de um governo constitucional e também de reformas que reduziam algumas das exigências dos senhores feudais sobre os camponeses.
O governo austríaco viu-se ameaçado pela revolução liberal que eclodiu em Viena em 1848, permitindo a formação de um governo húngaro, com Batthyány, como primeiro-ministro. A Hungria rompeu praticamente todos os laços com a Áustria. Em 1849, a Dieta húngara proclamou a deposição da dinastia dos Habsburgo e a independência da Hungria. No entanto, um mês depois, o imperador da Áustria Francisco José I formou uma aliança militar com Nicolau I da Rússia e os exércitos austríacos e russos submeteram os húngaros, os quais se renderam em 1849. Depois da derrota austríaca em 1859, durante o processo de unificação italiana, o regime imperial sofreu uma série de impasses diplomáticos e militares.
A Prússia derrotou a Áustria na guerra Austro-prussiana, um desastre que fortaleceu amplamente a posição dos húngaros. Sob as regulamentações do Compromisso (Ausgleich), que se adotou em 1867, a Áustria e a Hungria se tornaram uma monarquia dual sob o comando de um soberano único que seria imperador da Áustria e rei da Hungria. A monarquia dual, (ver Império Austro-Húngaro) vigorou até seu declínio total com a derrota na I Guerra Mundial. Em 1918, o Império Austro-Húngaro foi dissolvido oficialmente e o Conselho Nacional proclamou a República Democrática Húngara. Porém, o mal-estar social e político continuou e, em 1919, os comunistas liderados por Béla Kun derrotaram o governo e instauraram uma República de Conselhos (soviets), socializando, dessa forma, a economia. Enquanto isso, os tchecos invadiram a Hungria desde o norte e os romenos desde o sul. Incapaz de fazer frente à intervenção estrangeira, Béla Kun e o Conselho do qual era presidente abdicaram e os romenos ocuparam Budapeste. Sob a supervisão dos aliados em 1919, se formou um governo interino dominado por Miklos Horthy.
Houve eleições gerais em 1920, com o objetivo de formar uma assembleia nacional que acabou dissolvendo todos os vínculos com a Áustria, proclamando a monarquia e nomeando a Horthy como regente. Em 1920, o governo húngaro aceitou o Tratado de Trianon, que estabelecia as condições de paz com os aliados perdendo, desta forma, inúmeros territórios. Horthy manteve a ditadura no país durante quase duas décadas. Com o início da II Guerra Mundial, o governo húngaro proclamou-se neutro, mas suas ações posteriores indicavam uma total simpatia com os objetivos do Eixo Roma-Berlim-Tóquio. Ao concluir a guerra, a república foi proclamada com Ferenc Nagy como presidente do Conselho e Matyas Rakosi, como secretário geral do Partido Comunista Húngaro no cargo de vice-presidente. Em 1949, novas eleições aconteceram, com uma única lista de candidatos composta só por comunistas. A assembleia adotou uma nova constituição que proclamou a República Popular Húngara.
Após a morte do dirigente soviético Josef Stalin, em 1953, o governo húngaro liberalizou algumas das suas políticas. Matyas Rakosi, que chegou a ser o primeiro-ministro em 1952, manteve seu cargo como secretário do Partido Comunista e Imre Nagy foi seu sucessor na direção do governo. Um novo programa econômico menos rígido foi iniciado, ainda que ao mesmo tempo se unisse ao Pacto de Varsóvia. No entanto, o descontentamento popular aumentava e os opositores do governo deflagraram um levante em 1956. O primeiro-ministro, incapaz de controlar as manifestações, pediu ajuda às tropas soviéticas que ocuparam o país pela força.
Um novo governo se instaurou, o de János Kádar, que assumiu como primeiro-ministro e chefe do Partido Socialista Operário Húngaro ao qual Moscou deu pleno apoio e uma ajuda econômica de emergência. Kádar manteve com firmeza o poder na Hungria durante mais de três décadas a partir do momento em que ficou no comando, como secretário geral do partido. No início da década de 1970 a Hungria incrementou suas relações comerciais e culturais com países não-comunistas, aproximando-se à economia de mercado. Em 1988 começou um programa de liberalização que flexibilizou a censura, permitindo a formação de grupos políticos independentes. Em 1989, a Constituição foi revista, estabelecendo um sistema pluripartidário democrático e mudando a denominação oficial do Estado, que se chamou República da Hungria. Em 1990, uma coalizão de partidos de centro-direita obteve maioria parlamentar nas primeiras eleições legislativas livres celebradas em 45 anos. Nesse mesmo ano a Hungria se incorporou ao Conselho Europeu. Nas eleições parlamentares de 1994 o dirigente socialista Gyula Horn foi eleito primeiro-ministro.
Veja também:
- Equilíbrio Mundial, Bipolaridade e Multipolaridade
- Guerra Fria
- Eslovênia
- Europa – Continente Europeu
- Sérvia