O México faz parte da América do Norte, mas, em virtude das suas características históricas, humanas e econômicas, é considerado um país latino-americano.
O quadro natural
Relevo e geologia
O México possui quase 2 milhões de km² de extensão territorial. Onde é cortado pelo trópico de Câncer, apresenta cerca de 920 km, e ao sul é mais estreito, com 200 km de largura.
Como prolongamento das Montanhas Rochosas dos Estados Unidos, encontramos a serra Madre Oriental, e o prolongamento da serra Nevada é denominado, no México, de serra Madre Ocidental.
Na porção meridional da cidade do México, as serras Madres se fundem. É uma área suscetível a abalos sísmicos e vulcanismo ativo (Popocatépetl). Entre as serras Madres, ocupando cerca de 30% do país, destacam-se os elevados planaltos. Nessas áreas, está concentrada a população mexicana.
Nas áreas que bordejam o golfo do México, aparecem planícies litorâneas, onde a sedimentação de origem marinha, durante o longo tempo geológico, formou jazidas de petróleo. Na península de Yucatan, as planícies são mais largas.
Hidrografia
A hidrografia do país é composta por rios curtos que se dividem em endorreicos, que desaguam em lagos no interior do país e exorreicos, que desaguam no Golfo do México e no Oceano Pacífico, os mais importantes são: o Grande, que faz a divisa entre o México e os EUA, desaguando no golfo, e o Colorado, desaguando na região da Baixa Califórnia.
Clima e vegetação
A grande extensão territorial, a circulação atmosférica e a altitude explicam os diversos tipos climáticos do México.
Nas regiões de menores altitudes, predomina o clima tropical; nas áreas entre 1.300 e 1.900 metros, o clima é temperado. A região da península de Yucatan apresenta a maior pluviosidade do país. Nas áreas mais úmidas e quentes destacam-se os produtos agrícolas tropicais.
As barreiras orográficas e a presença da corrente fria da Califórnia são responsáveis pela baixa pluviosidade nas porções norte e noroeste do país, originando áreas desérticas.
Como o clima, a vegetação também é diversificada: nas áreas quentes e úmidas, são encontradas as florestas tropicais; nas áreas de maior altitude, as florestas temperadas e nos planaltos interiores, as estepes.
História do México
O processo de colonização no México foi marcado por um choque de culturas, quando os espanhóis, liderados por Hernan Cortez, encontraram civilizações bem complexas, como a maia e a asteca.
Os europeus buscaram explorar as riquezas naturais da região e a população local, submetendo à pressão militar, econômica e cultural. Um exemplo hoje, o México é o segundo maior país em número de adeptos ao catolicismo do mundo, só atrás do Brasil.
O contexto de exploração colonial perdurou até 1820, quando a revolta liberal ocorrida na Espanha provocou nas colônias ondas de independência. No México, houve um período de dois anos de conflitos internos que culminou na adoção de um império no qual subiu ao trono Augustin I, em 1822, mas este período durou pouco, em 1824, o Congresso Constituinte contesta o poder do imperador e o derruba, proclamando a República do México.
Em 1840, os republicanos entram em guerra com os EUA, disputando os territórios ao norte, o desfecho do conflito foi a perda dos territórios que hoje são os estados norte-americanos da Califórnia, Nevada, Utah, Colorado, Novo México e Texas.
Durante todo o restante do século XIX, a estrutura econômica e social mexicana era focada nos interesses dos criollos, filhos de espanhóis nascidos na América, em detrimento da população indígena e mestiça que consistia na maior parte da população.
Este contexto de segregação provocou a Revolução Mexicana, em 1910, quando ocorreu a reeleição de Porfírio Dias, causando um período de instabilidade política, quando o governo mexicano passou por vários presidentes.
Os líderes mais expoentes desta revolução foram Emiliano Zapatta e Francisco (Pancho) Villa. Eles buscavam melhorar a distribuição de terras no país, sendo considerado até hoje o programa de reforma agrária que teve resultados mais visíveis no mundo, quando nas décadas de 1920, 30 e 40, torno de 55% do território mexicano transformou-se em propriedades coletivas, conhecidas como Éjidos.
População do México
A população mexicana é de mais de 128 milhões de habitantes, o que coloca o país entre os mais populosos do planeta, porém, até o início do século XIX, não chegava a 15 milhões.
O país teve um crescimento demográfico vertiginoso ao longo do século XX e quase exclusivamente se deu através do crescimento vegetativo. Até 1940, o país possuía um crescimento de aproximadamente 1,5% ao ano, mas as taxas de mortalidade eram bastante elevadas em função dos conflitos da Revolução Mexicana (1910) e das más condições de vida.
A partir dos anos 1940, o crescimento aumentou significativamente, principalmente em função da queda da mortalidade. A melhoria das condições médico-sanitárias e o desenvolvimento de novos medicamentos e da medicina preventiva foram os principais responsáveis pela redução. De 1940 a 1980, o país vive um período de explosão demográfica (baby boom).
O desenvolvimento industrial provocou no país forte movimento migratório para as cidades, proporcionando um crescimento desordenado, porém limitado a algumas cidades, como a Cidade do México, Guadalajara e Monterrey. Como grande parte destas cidades não possuía infraestrutura necessária para atender a maior parte da população, foi inevitável a formação de favelas, cortiços e bairros periféricos muito pobres em seus entornos.
A partir de 1980, o país passa pelo período de transição demográfica, em que as taxas de mortalidade estabilizam-se e as taxas de natalidade começam a cair em ritmo mais acelerado, sobretudo porque o país começa a se modernizar e urbanizar rapidamente.
Outro fator que chama a atenção em relação à população mexicana é a sua estrutura étnica, formada por brancos de origem europeia (10%), mestiços (60%) e populações de origem indígena (30%).
Historicamente, a minoria branca sempre determinou um domínio sobre os grupos mestiços e indígenas, o que gerou revoltas como a de Chiapas, na porção sul do território, fronteira com a Guatemala, fazendo surgir movimentos guerrilheiros como o EZLN (Exército Zapatista de Libertação Nacional).
Economia mexicana
A economia mexicana desponta como uma das mais importantes do mundo. O país foi um dos que adotaram nos anos 1930 e 1940 o processo de industrialização conhecido como Substituição de Importação quando houve um desabastecimento de produtos importados dos EUA e da Europa por causa da Segunda Guerra Mundial.
A política do país auxiliou o seu crescimento econômico. Os períodos mais marcantes foram no governo de Lázaro Cárdenas, de 1934 a 1940, quando foram tomadas atitudes que estimularam a economia, como a criação de uma estatal responsável pela extração de Petróleo, em 1938, a PEMEX, além de tomar decisões que favoreciam os trabalhadores, como a reforma agrária e o fortalecimento de sindicatos,
Agropecuária
O México possui uma diversidade agrícola que está diretamente associada aos tipos climáticos, portanto nas áreas onde a temperatura e a umidade são mais elevadas predomina o cultivo da cana-de-açúcar e do café; nas áreas temperadas do planalto central, destaca-se a produção em larga escala de milho, que é o alimento básico da população e trigo.
A criação de gado (bovino e ovino) ocupa extensas áreas do território mexicano. O país fornece carne bovina para os Estados Unidos.
A industrialização
Quanto ao desenvolvimento urbano-industrial mexicano, baseou-se em políticas de investimento estatal e proteção do mercado interno, fruto da ascensão do PRI (Partido Revolucionário Institucional) ao poder no início do século XX.
O baixo custo da mão de obra, a abundância de recursos minerais e a infraestrutura criada pelo Estado atraíram muitos investimentos externos, principalmente dos EUA, levando o país a se industrializar.
Suas regiões industriais localizam-se em torno da Cidade do México e Puebla, embora também mereçam destaque os centros de Guadalajara, Monterrey, Tampico e Vera Cruz. Entre as principais atividades industriais estão as das indústrias automobilísticas, alimentares e petroquímicas.
O México recebe grandes investimentos externos para a implantação das “maquiladoras”.
A questão do narcotráfico e o controle do território
O México vive uma verdadeira guerra civil em função das disputas territoriais pelo tráfico de drogas. Os conflitos são mais fortes quanto mais se aproxima da fronteira com os EUA, principal destino dos entorpecentes contrabandeados.
Como os lucros são muito altos, diversos grupos armados e gangues lutam para controlar o acesso às áreas por onde as drogas chegam aos EUA.
Existem diversos cartéis atuantes no território mexicano, como os Cavaleiros Templários, Sinaloa, Juarez, Beltran, Los Zetas, Arellano Felix (Tijuana). Esses grupos vivem em constante conflito, o que já gerou muitas mortes, sequestros e corrupção política.
Para se ter uma ideia, os crimes atualmente já superam os da Colômbia em número de ocorrências. Em algumas regiões, é comum encontrar corpos decapitados nas ruas, pessoas mortas com sinais de tortura, cadáveres amarrados em passarelas, entre outros métodos assustadores.
As gangues extorquem dinheiro de comerciantes e até mesmo da população. Outra prática muito comum é a realização de sequestros, tanto para obtenção de resgate quanto para o transporte de drogas.
Bibliografia:
- Moreira, João C. Sene, Eustáquio de. Geografia Geral e do Brasil. São Paulo: Scipione, 2002.
- GONÇALVES, C.W.P. BARBOSA, Jorge L. Geografi a Hoje. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico, 1998.
- ADAS, Melhem. Geografia da América. São Paulo: Moderna, 1992.