Geografia física
Mais populoso dos países do continente africano, a Nigéria é também um dos que apresentam economia mais avançada e diversificada. Embora prejudicado pela enorme heterogeneidade cultural de sua população, sua expectativa de desenvolvimento é alimentada pela riqueza em petróleo e pela ascensão de uma classe instruída e voltada para os valores ocidentais.
País da África Ocidental, membro da Comunidade Britânica de Nações, a Nigéria ocupa uma área de 923.768km2. Limita-se ao norte com o Níger, a nordeste com o lago Tchad, a leste com o Camarão, ao sul com o golfo de Guiné e a oeste com o Benin.
Geologia e relevo
O relevo da Nigéria compõe-se de diversas superfícies muito erodidas: planaltos com altitude entre 600 e 1.200m e, situadas entre eles, planícies que em geral correspondem às bacias dos rios principais. As áreas costeiras, entre as quais o delta do Níger, a bacia do lago Tchad e a parte oeste da região de Sokoto, apresentam rochas sedimentares recentes. Encontram-se nessa área planaltos pouco acidentados. Na maior parte do sudoeste e da região centro-norte, o relevo é de planaltos rasgados por vales rasos e largos, pontilhados de inselbergs, montanhas rochosas talhadas pela erosão.
Nos planaltos arenosos situados na região próxima à confluência dos rios Níger e Benuê, ocorrem domos isolados e cordilheiras alongadas. A nordeste do delta do Níger, na cuesta Nsukka-Okigwe, eleva-se abruptamente a escarpa de Enugu, cerca de 200m acima da planície do rio Cross. Outro tipo de relevo é o das grandes superfícies de lava pontilhadas de vulcões extintos, dos planaltos de Jos e de Biu.
Clima
Nas proximidades do litoral, no sul, raramente as temperaturas excedem 32o C, mas a umidade é muito alta e a estação chuvosa dura quase todo o ano. No interior, a época das chuvas vai de abril a outubro e a estação seca de novembro a março, com temperaturas de verão que, com frequência, ultrapassam 38o C. A estação seca do norte da Nigéria, de aproximadamente oito meses, é dominada pelo vento do Saara, quente e áspero, a que dão o nome de harmatã. A média das precipitações varia de 1.800 a 3.000mm na faixa litorânea até um índice de apenas 500mm no extremo norte.
Hidrografia
As três maiores bacias de drenagem em território nigeriano são a do Níger-Benuê, a do lago Tchad, e a costeira, do golfo da Guiné. O Níger e seu maior tributário, o Benuê, são os maiores rios do país. O Níger tem muitas corredeiras e quedas d’água; o Benuê é navegável em toda a extensão, exceto no verão. Os principais rios da área norte da bacia Níger-Benuê são o Sokoto, o Kaduna e o Gongola, e os rios que deságuam no lago Tchad. Rios de pequeno curso, que desembocam no golfo da Guiné, banham as áreas costeiras. Projetos de aproveitamento das bacias acabaram por criar grandes lagos artificiais, como o Kainji, no Níger, e o Bakolori, no Rima.
O delta do Níger é uma imensa região de planícies, através da qual as águas desembocam no golfo da Guiné. Lagos formados por cotovelos de rio, meandros e barragens formam a paisagem local. Há grandes pântanos de água doce com manguezais perto do litoral.
Flora e fauna
Ao longo do litoral e no delta do Níger, ocorrem pântanos de água doce e salobra que alguns quilômetros depois dão lugar a florestas tropicais. Nas regiões mais densamente povoadas, a vegetação de florestas foi substituída por palmeiras. No sudoeste, grandes áreas foram desmatadas para o plantio de cacau e seringueiras.
Pontilhada de baobás, tamarindeiros e alfarrobeiras, a savana ocupa a área ao norte da zona florestal. No extremo norte, torna-se mais aberta e apresenta grama curta, com árvores mirradas e esparsas. A região do lago Tchad apresenta condições semidesérticas, com várias espécies de acácia e palmeira africana. Matas ciliares são também comuns na savana aberta da região norte. Nas áreas de maior densidade demográfica, como Sokoto, Kano e Katsina, a intervenção humana — na forma de queimadas e esgotamento da terra — resta pouca vegetação. Como resultado, registra-se um avanço gradual do deserto do Saara nos distritos do norte da Nigéria.
A fauna, tipicamente africana, inclui camelos, antílopes, hienas, leões e girafas nas savanas, e elefantes, gorilas, chimpanzés (um dos raros países em que ocorrem essas espécies), grande variedade de aves e répteis na floresta tropical. Há ainda leopardos, muitos outros tipos de macaco, lobos-pintados e facoqueros (javalis africanos) tanto na savana quanto na floresta. Na savana do norte, a galinha-d’angola existe em profusão. Nos rios, é enorme a quantidade de crocodilos e hipopótamos.
População
Com representantes de quase todas as raças nativas da África, a Nigéria apresenta grande diversidade de povos e culturas. No país, situado na confluência das rotas migratórias transcontinentais, ocorreu o cruzamento entre sudaneses e povos bantos e semibantos, oriundos do sudoeste e do centro da África. Posteriormente, grupos menores como os árabes shuwas, os tuaregues e os fulani ou fulas, concentrados no extremo norte, entraram em ondas sucessivas pelo Saara.
Os mais antigos habitantes estabeleceram-se nas florestas e no delta do Níger, fugindo aos invasores provindos das savanas do norte. No período de tráfico negreiro, a organização social dos povos litorâneos e do delta do Níger foi profundamente alterada pelas migrações forçadas e pelo contato com os mercadores europeus. No início do período colonial, houve maior intercâmbio entre as cidades costeiras, sobretudo Calabar, Warri e Abonnema, onde se fixaram mercadores sírios, libaneses e europeus.
Os habitantes da Nigéria são, na quase totalidade, de raça negra, mas há profundas diferenças entre os mais de 250 grupos étnicos. Cada grupo ocupa um território, que considera seu por direito de herança e antiguidade da ocupação. Os que não pertencem ao grupo, mesmo que vivam e trabalhem muitas décadas no lugar, continuam na condição de estrangeiros. Nas áreas rurais, os estrangeiros não podem adquirir propriedades. Mesmo assim, há uma considerável migração dos integrantes de um grupo para o território de outro, em busca de terra.
Há três grupos étnicos principais: hauçás, povos de língua ioruba e povos de língua ibo. Os hauçás são os mais numerosos e vivem no extremo norte, integrados aos fulani, que conquistaram a região dos hauçás no começo do século XIX. Embora em minoria, os fulas gozam de alguns privilégios em relação à maioria hauçá: podem casar com os hauçás ou até com membros de outro grupo, controlam a administração das cidades hauçás e falam sua própria língua fula, de preferência ao hauçá. Tanto os hauçás quanto os fulas são majoritariamente muçulmanos.
O grupo dos povos de língua ioruba habita o sudoeste da Nigéria. Como os hauçás e os fulas, têm ligações ancestrais com o Oriente Médio. Embora agricultores, muitas vezes vivem em grandes cidades pré-industriais. Cada grupo tem um chefe supremo, ou obá, apoiado por um conselho de chefes. O oni de Ife, que é o líder espiritual dos iorubas, e o alafin de Oyo, que é o seu líder político, são os chefes mais poderosos; sua influência é reconhecida em todas as áreas iorubas.
O terceiro grupo majoritário, o dos povos de língua ibo, vive em pequenas povoações dispersas no sudeste. Uma pequena percentagem dos ibos, fixada no estado de Bendel, vive em grandes cidades pré-industriais, e é culturalmente mais próxima dos edos, da vizinha Benin City, do que dos ibos do vale inferior do Níger. Dentre os grupos minoritários estão os ibibios, que vivem perto de Ibo, com quem mantêm relações, e os edos de Benin City, cuja cultura tem influência dos vizinhos iorubas. Na parte central do território nigeriano encontra-se a maior concentração de grupos étnicos minoritários (mais de 180), dos quais os tives e os nupes são os mais populosos. São agricultores sedentários, mas enquanto a sociedade dos nupes é hierarquizada, a dos tives tende a ser descentralizada.
Até a década de 1970, numerosos emigrantes acorreram às plantações de cacau e seringais dos estados vizinhos. Com o desenvolvimento econômico mais rápido, as correntes migratórias inverteram-se e o país recebeu trabalhadores do Benin, do Níger e de outros países. Na década de 1980, a queda nos preços do petróleo provocou a saída em massa dos imigrantes. Há migrações internas intensas e os estados do sudoeste, mais urbanizados e industrializados, receberam muitos trabalhadores procedentes da superpovoada região sudeste.
Lagos, capital do país até 1991, é o centro da zona mais povoada e urbanizada da Nigéria. Eixo de comunicações e núcleo industrial do país, é uma grande cidade em rápida expansão. Além da atual capital do país, Abuja, outras cidades importantes são: Ibadan, Ogbomosho e Ilorim em território ioruba; Benin City, antiga capital de um reino costeiro; Enugu, principal cidade dos ibos; e Port Harcourt, maior porto da costa leste, com indústrias petrolíferas e de transformação. No norte do país, Kano é a antiga capital de um reino hauçá, para onde confluem as rodovias e ferrovias. É também o principal mercado de uma rica região agrícola.
Economia
Agricultura, pecuária e pesca
A produção agropecuária da Nigéria, tradicionalmente excedente, permitia exportar grandes quantidades de cacau, café, amendoim, banana e azeite-de-dendê, mas não acompanhou o crescimento da população e a Nigéria transformou-se em país importador de alimentos. No norte cultivam-se amendoim, algodão, cana-de-açúcar, milho e sorgo, e cria-se gado; o sudoeste, com tradição de plantações destinadas à exportação (cacau, palmito), cada vez mais se vem transformando em abastecedor das cidades (inhame, mandioca, milho). A zona sudeste produz borracha e madeira, e o delta do Níger, arroz. A pesca se faz sobretudo nas águas costeiras, no lago Tchad e nos lagos temporários que se formam em certos rios nos períodos de seca. Há planos de implantação de criadouros de peixe na represa de Kainji.
Energia e mineração
A Nigéria tem jazidas de carvão, mármore e estanho, mas o petróleo é o principal recurso do subsolo. Descoberto no delta do Níger na década de 1950, logo transformou a Nigéria num dos maiores produtores mundiais. Há jazidas de gás natural, mas a exportação do produto é dificultada pelas distâncias. A economia do país depende fortemente dos preços internacionais do petróleo. Grande parte da energia que se consome na Nigéria procede de hidrelétricas, entre as quais sobressai a de Kainji.
Indústria
Embora tenha crescido a partir da década de 1970, o setor industrial nigeriano é ainda pouco desenvolvido e emprega pequeno contingente de mão-de-obra. Os setores industriais mais importantes são os de produção de bebidas, fumo, equipamentos de transporte e automóveis, produtos químicos, têxteis e alimentos. As grandes indústrias concentram-se na zona litorânea, sobretudo em torno de Lagos e de Port Harcourt.
Finanças e comércio
As principais fontes de renda do governo são os impostos diretos sobre a exploração de petróleo e os royalties da mineração. As maiores despesas públicas são com ajuda aos estados, defesa, administração, saúde e educação. O Banco Central, criado em 1959, com agências em todas as capitais, disciplina a conduta dos bancos comerciais do país. Em 1976, os bancos estrangeiros foram obrigados a vender sessenta por cento de suas ações a nigerianos.
O comércio interno de gêneros de primeira necessidade está assim estruturado: os estados do sul fornecem banana, mandioca e frutas para os estados do norte; estes fornecem carne, feijão, cebola e verduras aos do sul. Ambas as regiões recebem inhame e batata dos estados centrais. As mulheres desempenham papel fundamental no comércio de alimentos e bens manufaturados. Há poucas lojas de departamentos. A maior parte dos produtos é comercializada em feiras livres ou em lojas isoladas.
É pequeno o comércio entre a Nigéria e outros países africanos. Os principais mercados para as exportações nigerianas — basicamente petróleo, cacau, azeite-de-dendê, madeira e estanho — são os Estados Unidos, Reino Unido, França, Alemanha e Japão. As maiores importações são bens de consumo e não-duráveis, matéria-prima industrial, máquinas e automóveis, do Japão e da Europa ocidental.
Transportes e comunicações
A navegação fluvial, antigamente principal meio de transporte, conservou relativa importância nos rios Níger e Benuê. A maior parte do comércio exterior nigeriano realiza-se pelos portos de Lagos e Port Harcourt; Lagos e Kano têm aeroportos internacionais. Quase todas as cidades importantes são ligadas por linhas aéreas regulares. A rede ferroviária conta com duas vias principais de penetração da costa para o interior, que unem Lagos com Kano e Port Harcourt com Maiduguri. O transporte interno de passageiros e carga é feito por rodovia. O governo central cuida das principais rodovias, que interligam as capitais estaduais. A única rodovia expressa do país, inaugurada em 1978, liga Lagos a Ibadan.
História
Entre os séculos VI e III a.C. existiu na Nigéria a “civilização de Nok”, que trabalhava o ferro e o estanho, conhecia a agricultura e a arte estatuária, e influenciou as civilizações posteriores.
Estados autóctones
O moderno estado nigeriano reúne numerosos povos de evolução histórica diversa. A islamização dos povos setentrionais deveu-se aos contatos, pelo Saara, com os estados muçulmanos do norte da África. No século XI formou-se em torno do lago Tchad o vasto império de Kanem-Bornu. Vários estados hauçás islamizados, como Kano, Zaria e Gobir, mantiveram-se durante séculos e, por vezes, formaram confederações para defesa mútua.
Os fulas, pastores nômades de origem incerta, também islamizados, fundiram-se em parte com os hauçás. No início do século XIX, o xeque fula Usman (Othman) dan Fodio submeteu quase todos os reinos hauçás e criou um império que perdurou até a chegada do colonizador britânico, no fim do século.
A zona central da Nigéria esteve ocupada por uma infinidade de povos que não alcançaram um grau de civilização notável; resta apenas memória histórica deles, como no caso dos povos ibos do sudeste. No sudoeste, porém, formaram-se grandes estados dos iorubas e dos benis. Quando os primeiros navios europeus chegaram às costas do golfo de Guiné, o rei de Benin estendia seu poder sobre uma ampla faixa costeira a oeste da desembocadura do Níger. Durante séculos, o reino deveu grande parte de sua riqueza ao comércio com os europeus, que não tentaram a ocupação do país e se limitaram a estabelecer feitorias na costa.
Colonização europeia
Na segunda metade do século XV, navegantes portugueses entraram em contato com os reinos costeiros, e logo estabeleceram intenso e próspero tráfico de escravos para as plantações do continente americano. Os governantes dos estados litorâneos capturavam os escravos no interior do país, onde as populações eram politicamente menos organizadas. Essa atividade criou grande vazio demográfico na zona central da atual Nigéria, que persistiu até a época da independência. Navegadores de todos os países colonialistas europeus participaram do comércio de escravos, que só passou a diminuir com a proibição do tráfico, no começo do século XIX, período em que os britânicos deslocaram forças navais para a Nigéria e começaram a ocupação.
O comércio negreiro foi substituído pelo dos produtos das grandes plantações, sobretudo o azeite-de-dendê. A conferência realizada em Berlim pelas potências coloniais reconheceu, em 1885, o domínio britânico sobre o território nigeriano. Sua administração foi confiada à Companhia Real do Níger e em 1900 criou-se o protetorado britânico da Nigéria do Norte. Seis anos depois, a zona costeira transformou-se no protetorado da Nigéria do Sul. Após a primeira guerra mundial, a bacia do rio Cross, que fazia parte da colônia alemã de Camarão, foi anexada ao território controlado pelos britânicos, e permaneceu unificada sob a denominação de Nigéria.
Independência
Depois de um período provisório de administração indireta, em 1º de outubro de 1960 a Nigéria passou a ser um estado independente associado à Comunidade Britânica de Nações. Três anos depois foi proclamada a república. O novo estado constava de quatro regiões federais com ampla autonomia. A instabilidade provocada pelos conflitos étnicos, no entanto, levou o general Johnson Aguiyi-Ironsi a tomar o poder em janeiro de 1966, e estabelecer um estado unitário. Poucos meses depois, novo golpe passou o poder ao coronel Yakubu Gowon, que implantou uma federação de 12 estados.
Em maio de 1967 ocorreu a secessão dos ibos, que constituíram a República de Biafra, com capital em Enugu, na parte sudeste do país. No conflito que se seguiu intervieram grandes potências e grupos estrangeiros, sobretudo companhias de petróleo, que disputavam as jazidas descobertas na costa leste. O povo ibo, o mais progressista da região, sustentou suas posições por quase três anos, mas o isolamento infligido pelas tropas federais arrasou-o por meio da fome e de grandes matanças. Em janeiro de 1970 o coronel Odumegwu Ojukwu, líder da rebelião, fugiu para a Costa do Marfim. Apesar da guerra civil, em que morreram mais de um milhão e meio de pessoas, a pacificação e reconstrução econômica foram rápidas.
Veja mais em: Guerra de Biafra.
Em julho de 1975 o general Gowon foi deposto. Seu sucessor, o brigadeiro Murtala Ramat Mohamed, foi assassinado em 1976, após ter convocado eleições gerais, que se realizaram em 1979, sob o governo do general Olusegun Obasanjo. Foi promulgada uma constituição e eleito presidente Alhaji Shehu Shagari, reeleito em 1983. Novo golpe militar deu o poder a um Conselho Militar Supremo, substituído em 1984 por um governo de maioria civil, presidido pelo general Mohamed Buhari.
Em 1985, o general Ibrahim Babangida tomou o poder, prometeu restaurar o sistema constitucional e iniciou um programa de saneamento financeiro. A história da jovem democracia nigeriana tornou-se uma longa sucessão de golpes. Em 1993, a eleição geral, com vistas à redemocratização, foi anulada pelo Conselho de Defesa e Segurança Nacional, ante a vitória do oposicionista Moshood Abiola.
Sociedade e cultura
A educação primária e secundária compete aos estados, que conseguiram elevar muito o grau de escolarização das crianças nas décadas posteriores à independência. Também o ensino superior experimentou grande expansão.
Mais de metade da população nigeriana é muçulmana, mas persistem influências animistas. A população cristã, majoritária no sudeste do país, tem número maior de católicos. O islamismo, em plena expansão, está profundamente enraizado no norte, além de ser majoritário na capital e no território ioruba. O estado nigeriano reconhece a liberdade de cultos.
As instalações hospitalares e os serviços médicos são insuficientes para as necessidades do país. O crescimento descontrolado das cidades, rodeadas de enormes favelas carentes dos meios e serviços elementares, cria problemas adicionais de saúde pública. As doenças infecciosas e endêmicas são uma das principais causas da mortalidade.
O idioma oficial da Nigéria é o inglês, mas cada grupo étnico tem sua língua, com diversos dialetos. As línguas mais faladas no país são o hauçá, o ioruba e ibo, nessa ordem. A hauçá é a mais falada porque, entre 1951 e 1967, foi a língua oficial dos estados do norte. A contínua dominação do país pelos hauçás e fulas também contribuiu para disseminá-la. A criação de novos estados acarretou a proliferação de línguas escritas, pois as emissoras de rádio transmitem o noticiário nas línguas principais de cada estado, em que também são escritos alguns jornais e revistas. A tradução da Bíblia em vários idiomas nigerianos serviu para aumentar o número de línguas escritas.
A herança cultural nigeriana provém de três fontes: a cultura autóctone dos povos que habitaram originalmente o território; a influência árabe que, vinda pelo Saara, manifestou-se durante o segundo milênio da era cristã; e a cultura europeia, presente nos reinos costeiros do século XV. O folclore e as tradições autóctones, menosprezados durante o período colonial, foram resgatados na segunda metade do século XX, embora tenham perdido alguns de seus traços. Muitas emissoras de rádio e televisão utilizam diferentes idiomas e dialetos locais, e as artes e músicas tradicionais são objetos de estudo e atualização.
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