Sérvia, república do sudeste da Europa que, junto com Montenegro, forma a República Federal da Iugoslávia. A Sérvia faz fronteira ao norte com a Hungria, a noroeste com a Croácia, a leste com a Romênia e a Bulgária, ao sul com a Macedônia, ao sudoeste com a Albânia, e a oeste com Montenegro e a Bósnia-Herzegovina. Fazia parte da antiga República Federal Socialista da Iugoslávia. Controla as antigas províncias autônomas de Kosovo e Voivodina. Tem uma superfície de 88.361 km2. A capital é Belgrado.
Território
A Sérvia caracteriza-se por seu relevo montanhoso; os Alpes Dináricos estão a oeste, as montanhas Sar e os Alpes do Norte da Albânia ao sul, e os Balcãs e os Cárpatos a leste. Ao norte, encontram-se as terras baixas e planas de Voivodina, onde os rios Sova e Tisza se encontram com o Danúbio, o principal rio. O clima é continental com invernos frios e secos, e verões quentes e úmidos.
População e Governo
Em 1992, a população era estimada em 9.823.000 habitantes. Os sérvios constituem quase dois-terços da população. As minorias mais importantes são os muçulmanos, croatas, húngaros e albaneses (mais de 90% em Kosovo). A língua oficial é o sérvio, umas das duas formas principais da língua servo-croata; a outra é o croata. A religião dominante é a cristã ortodoxa oriental.
Belgrado, a capital, tem (1991) 1.087.915 habitantes e é, também, a capital da República Federal da Iugoslávia. Outras cidades importantes são Novi Sad, Ni, Subotica, Zrenjanin e Kragujevac. Em setembro de 1990, a Sérvia adotou uma nova Constituição que acabava com a autonomia de Kosovo e Voivodina, fechando suas Assembleias Legislativas. O presidente da república é a autoridade máxima do país, e esse cargo é ocupado por Slobodan Milosevic desde 1989. O poder legislativo é representado pela Assembleia Nacional.
Economia
A repercussão das sanções econômicas impostas pelas Nações Unidas, de maio de 1992 a 1995, pelo seu apoio militar às forças sérvio-bósnias na Bósnia, teve um sério impacto na economia. Embora as sanções comerciais tenham sido aplicadas parcialmente, visto que a fronteira com a Albânia permaneceu aberta, estima-se que mais de 4 milhões de pessoas vivam na pobreza. A economia sérvia baseia-se na produção agrícola e industrial. Os principais cultivos são o trigo, milho, beterraba (betabel), cânhamo, linho e frutas. As indústrias baseiam-se no processamento do cobre e na manufatura de tecidos, produtos químicos e maquinaria.
História
A Sérvia fazia parte do antigo país de Ilíria, ocupado pelos romanos em 44 d.C. Os godos invadiram a área no século III, porém, depois de 395, ela passou a fazer parte do Império Bizantino. Ao final do século VIII, com a chegada dos povos eslavos, formaram-se dois conjuntos territoriais: Zeta (na atual Montenegro) e Rascia, mais ao norte, que constitui a atual Sérvia. O Império Otomano estabeleceu sua hegemonia na Sérvia em 1459. Após a revolta de 1815, a Turquia aceitou a formação de um principado sob a soberania do sultão. Segundo o Tratado de Adrianópolis, após a Guerra Turco-russa de 1828-1829, a Sérvia obteve maior autonomia. O Congresso de Berlim de 1878 reconheceu a independência sérvia, porém, na realidade, tornou o país dependente do Império Austro-Húngaro. As relações sérvias com a Áustria se deterioraram muito entre 1905 e 1907, devido a questões aduaneiras, e pioraram ainda mais quando a Áustria anexou a Bósnia-Herzegovina (1908).
Em 1914, após as Guerras Balcânicas, a tensão alcançou seu ponto culminante quando um sérvio nacionalista assassinou o herdeiro do trono da Áustria. O governo austríaco declarou guerra e invadiu o país, dando início à I Guerra Mundial. Segundo os termos da Declaração de Corfú, em 1918 Alexandre Karagjorgjevic proclamou o Reino dos Sérvios, Croatas e Eslovenos, que, em 1929, se converteu no Reino da Iugoslávia. Após a II Guerra Mundial, foi proclamada a República Federal Socialista da Iugoslávia, da qual a Sérvia passou a ser uma das repúblicas constituintes com um autogoverno limitado. Em 1991, a Iugoslávia começou a se fragmentar devido ao confronto entre os representantes das repúblicas depois da queda do poder comunista e ao crescente nacionalismo; a Sérvia desejava manter a federação unida a fim de preservar sua posição dominante.
Em meados de 1991, estourou a Guerra Civil, na qual a Sérvia (através do Exército Popular Iugoslavo federal sob domínio sérvio) apoiou os sérvio-croatas e sérvio-bósnios que desejavam criar a “Grande Sérvia”. Em abril de 1992, efetivou-se a separação das quatro repúblicas (Croácia, Bósnia-Herzegovina, Eslovênia e Macedônia). A Sérvia e Montenegro, as únicas repúblicas que permaneceram na antiga Iugoslávia, anunciaram a formação da República Federal da Iugoslávia, porém, a Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU) não permitiu que a federação assumisse automaticamente o lugar da antiga Iugoslávia, e ela foi excluída da Assembleia Geral. Contudo, foi dado ao país a opção de incorporar-se por direito próprio e, em 1996, o reconhecimento formal da ONU foi obtido. Em 30 de maio de 1992, devido ao apoio contínuo da Sérvia aos sérvio-bósnios, a ONU impôs sanções econômicas à Federação. Interessado em acelerar o levantamento das sanções internacionais, o presidente Milosevic apoiou as negociações que permitiram a assinatura dos acordos de paz de Dayton em 1995. Milosevic e os presidentes da Croácia, Franjo Tudjman, e da Bósnia-Herzegovina, Alija Izetbegovic, ratificaram os acordos de paz em Paris, e as sanções internacionais foram retiradas. As eleições municipais, realizadas em novembro de 1996, indicaram o triunfo da oposição democrática sérvia. Embora essas eleições tivessem sido anuladas inicialmente, seu resultado foi finalmente aceito em fevereiro de 1997.