Entre as projeções cartográficas existentes ao longo do tempo, as mais conhecidas são as projeções de Mercator e Peters, no entanto existem outros tipos de projeções, classificados de acordo com a superfície de projeção (planas, cônicas ou cilíndricas) e de acordo com as propriedades (equivalentes, conformes e equidistantes).
Projeção de Mercator
A projeção de Mercator é um marco na história da cartografia por ser uma das primeiras a mostrar o planeta inteiro. Foi elaborada no século XVI com a expansão marítima europeia. Iniciava-se, assim, a mundialização do capitalismo com suas técnicas de produção e de comercialização.
Mercator colocou os meridianos perpendicularmente, um do lado do outro, cortando os paralelos. Os meridianos e paralelos cruzavam-se sempre em um ângulo reto, o que permitia, com uma bússola na mão, aos navegadores orientarem-se pelos pontos cardeais e colaterais.
Com a ajuda do astrolábio e com as coordenadas do mapa, os navegado res conseguiam determinar a latitude e realizar suas viagens com mais segurança.
Mercator, ao contrário de árabes e italianos, colocou o norte na parte de cima do seu mapa. Isso porque os europeus estavam conquistando e dominando territórios e povos e, por isso, sentiam-se superiores.
A tendência dos povos de valorizarem sua cultura e seu modo de vida, considerando-se modelo para todos os demais, denomina-se etnocentrismo. Assim, no século XVI, com as Grandes Navegações, foi criada a visão eurocêntrica do mundo, materializada na cartografia: o norte, onde se localiza a Europa, aparece acima do sul nos mapas.
Entretanto, quando foi assinado o Acordo de Washington, em 1884, entre Estados Unidos e Reino Unido, tomou-se o Meridiano de Greenwich como referencial de longitude e de fuso horário. Essa visão foi consolidada com o passar do tempo.
Como a Terra é esférica (na realidade, uma geoide), qualquer lugar na superfície pode ser o centro, de acordo com pontos de vista e interesses diversos. O mapa de Mercator representa o mundo visto pelos europeus de acordo com seus interesses.
A projeção de Mercator distorce muito o tamanho das terras, principalmente as localizadas em altas latitudes, mas preserva a forma de continentes e países. Ela é uma projeção conforme. Assim, a Europa, além de ficar no centro e na parte de cima do mapa, ficou maior do que é na realidade, reforçando, simbolicamente, sua posição de superioridade.
Até hoje, ela é utilizada na navegação marítima, principalmente pelo fato de acentuar as áreas em altas latitudes, destacando as regiões polares.
Projeção de Peters
Outra projeção que merece destaque é a de Peters, reelaborada em 1952 pelo historiador alemão Arno Peters e publicada, pela primeira vez, em 1973. Essa projeção mantém a equivalência das áreas de países e continentes; assim, os países aparecem do tamanho que realmente são. Por essa razão é chamada de projeção equivalente.
Embora o mapa-múndi de Peters continue expressando uma visão eurocêntrica do mundo, é visível o destaque dado aos países de baixa latitude, os quais, na projeção de Mercator, tinham suas áreas subestimadas.
A projeção de Peters invertida mostra o mundo na visão terceiro-mundista do planeta, considerando-se o momento histórico em que ela surgiu. Servia, assim, às pretensões dos países subdesenvolvidos, principalmente africanos e asiáticos, que conseguiram sua independência política durante o processo de descolonização do pós-Guerra.
Por: Wilson Teixeira Moutinho
Veja também:
- Projeções Cartográficas
- Paralelos e Meridianos
- Meios de Orientação
- Coordenadas Geográficas
- Mapa Topográfico
- Pontos Cardeais e Colaterais
- Fusos Horários