Tratado internacional que visa reduzir a emissão de gases na atmosfera, o Protocolo de Kyoto se propõe um calendário pelo qual os países desenvolvidos têm a obrigação de reduzir a quantidade de gases poluentes em, pelo menos, 5,2% até 2012, em relação aos níveis de 1990. Os países signatários teriam que colocar em prática planos para reduzir a emissão desses gases entre 2008 e 2012.
A redução das emissões acontece em várias atividades econômicas. O Protocolo de Kyoto estimula os países signatários a cooperarem entre si, através de algumas ações básicas:
- Reformar os setores de energia e transportes;
- Promover o uso de fontes energéticas renováveis;
- Eliminar mecanismos financeiros e de mercado inapropriados aos fins da Convenção;
- Limitar as emissões de metano no gerenciamento de resíduos e dos sistemas energéticos;
- Proteger florestas e outros sumidouros de carbono.
Os Estados Unidos da América negaram-se a ratificar o Protocolo de Kyoto, de acordo com a alegação do presidente George W. Bush de que os compromissos acarretados pelo mesmo interfeririam negativamente na economia norte-americana.
A Casa Branca também questiona o consenso científico de que os poluentes emitidos pelo Homem causem a elevação da temperatura da Terra.
Mesmo o governo dos Estados Unidos não assinando o Protocolo de Kyoto, alguns municípios, Estados (Califórnia) e donos de indústrias do nordeste dos Estados Unidos tentam maneiras para reduzir a emissão de gases tóxicos — tentando, por sua vez, não diminuir sua margem de lucro com essa atitude.
Principais países interessados:
- União Europeia: Seus quinze membros são as maiores vozes a favor desse acordo.
- China: Segundo maior emissor de gases-estufa do planeta, tem reduzido muito suas emissões de dióxido de carbono na atmosfera. Não tem meta de emissão a cumprir, mas os americanos querem que adote compromissos de redução.
- Austrália: Faz parte do “Umbrella Group”, (integrado, ainda, por Canadá, Noruega, Japão e Nova Zelândia), conjunto de países que se aliaram aos EUA em conversas climáticas.
- Rússia: Colapso econômico pós-União Soviética fez com que o terceiro maior emissor não precisasse reduzir suas descargas.
- Japão: País em cuja antiga capital Kyoto foi assinado o protocolo. Tem uma posição duvidosa, mas apoia o tratado.
- Kiribati: Maior interessado no Protocolo de Kyoto, o arquipélago está ao nível do mar e vai desaparecer se as águas subirem.
O Protocolo de Kyoto é um passo importantíssimo pra diminuir a poluição do ar e, consequentemente, combater o aquecimento global. O pacto só saiu do papel depois de 8 anos com a adesão da Rússia. A maioria dos países assinou o documento, inclusive o Brasil.
O Protocolo foi assinado por 141 países, mas grandes poluidores do planeta ficaram de fora, como os Estados Unidos e a Austrália.
Ecologistas fizeram manifestações em vários países. Em Sidney, na Austrália, os manifestantes fizeram esculturas de gelo, que depois derreteram. Uma forma de mostrar o que pode acontecer nas calotas polares se a temperatura da Terra aumentar.
Na China também houve protestos. Os chineses estao fazendo um abaixo-assinado para ser enviado as Nações Unidas.
Os japoneses usaram bom humor: manifestantes fantasiados de ursos polares dançaram e depois distribuíram doces.
Em Brasília foram plantadas várias mudas de árvores brasileiras e de outros países que vão compor o chamado “Bosque de Kyoto”. Em frente ao consulado dos Estados Unidos em São Paulo manifestantes levaram faixas de repúdio ao governo americano.
Há duas dificuldades para alcançar as metas do Protocolo de Kyoto:
Nenhum país quer frear o crescimento da economia e é difícil mudar velhos hábitos.
Os americanos gastam, em média, uma hora e meia por dia parados no trânsito, queimando combustível e lançando, no ar, dióxido de carbono – um dos gases responsáveis pelo efeito estufa.
Os americanos são responsáveis por 25% da emissão de gases que estão se acumulando na atmosfera e ameaçam a Terra de enfrentar temperaturas mais elevadas.
Mas os Estados Unidos decidiram não participar do tratado de Kyoto. O acordo, assinado em 97, exige que os países industrializados joguem menos gases no ar. Nos próximos sete anos, as emissões teriam que ficar em 5% abaixo dos índices registrados no ano de 90.
Os países da Europa, a Rússia e o Japão aceitaram o desafio. Países em desenvolvimento, como Brasil, China e Índia, foram poupados – por enquanto. Mas já são grandes poluidores. A China só perde para os Estados Unidos e o Brasil e está entre os seis países que mais emitem gases-estufa no ar.
O Protocolo de Kyoto, como lembra o especialista da ONU Mohammad Reza Salamat é apenas o primeiro passo.
Para combater o efeito estufa, os cientistas dizem que, em vez de reduzir as emissões em 5%, o mundo precisaria fazer um corte radical, de 60%. Por isso, o tratado já entrou em vigor enquanto o mundo discutia que medidas mais profundas devem ser adotadas quando ele expirar.
Para o economista Jeffrey Sachs, vai ser preciso encontrar um equilíbrio: “é preciso respeitar a necessidade de crescimento dos países de renda média, mas também a obrigação que todos nós temos em reduzir a emissão de gases-estufa e assegurar que os países ricos paguem o preço deste esforço.”
Por: Sérgio Otoboni Bordin