O rio Nilo é o segundo mais extenso rio do globo, com um curso de 6.650 km, no sentido sul-norte, e uma bacia de cerca de 3.349.000 km2, ou cerca de um décimo da área do continente africano.
A natureza foi vaidosa quando fez um dos maiores rios da Terra atravessar um deserto como o Saara. Vaidosa e sábia. Enorme e impiedoso, o Saara faz do norte da Africa um território infernal, onde a vida é um elemento estranho. O Nilo. apenas o Nilo, consegue desafiá-lo.
Importância
Há mais de cinco mil anos o rio Nilo vem proporcionando riquezas para as sucessivas civilizações e culturas que floresceram as suas margens.
Responsável pela vida no Egito desde os tempos dos faraós, o rio Nilo continua a ser fundamental para os países do norte da África. Além de fertilizar a terra, ele é uma importante via para as populações locais, que depositam em suas águas as esperanças do futuro.
O limo transportado pelas águas e o controle de sua vazão, por meio de barragens, assegura a irrigação permanente das planícies por ele banhadas, que chegavam a produzir três colheitas por ano: no inverno, trigo, cevada, cebola e linho; no outono, arroz e milho; no verão, algodão, arroz, cana-de-açúcar e oleaginosas.
Não fosse por ele, o Egito não existiria. Seria um deserto, e só. Graças às águas do Nilo, 4% das terras egípcias são verdes e férteis. O resto é uma imensidão de areia do Saara. Por isso, simplesmente 99% dos 56 milhões de egípcios vivem hoje ao longo do rio ou no seu delta – e assim tem sido, ao longo da conturbada história do país.
Localização e percurso
O rio Nilo é localizado na região nordeste da África, nasce nos altos planaltos lacustres dos territórios da Tanzânia e Uganda, atravessa o Sudão e o Egito, e desemboca no Mediterrâneo. Seu caudal médio anual é de 3.100 m3 por segundo.
A complexidade do sistema hídrico da região em que se encontram as cabeceiras do Rio Nilo torna difícil a identificação do início de seu curso. Sua fonte mais distante é o rio Kagera, no Burundi. Atravessa ou forma os limites de Tanzânia, Ruanda e Uganda e deságua no lago Vitória. Toma então o nome de Nilo Vitória, atravessa os lagos Kyoga e Albert, e entra no Sudão, com o nome de al-Jabal, até sua confluência com os rios Al-Ghazal e Sobat.
Após a confluência com o Sobat, a corrente principal toma a denominação de Nilo Branco até a confluência com o Nilo Azul e encontra o Nilo Branco próximo à cidade de Khartum. Aí recebe seu último grande tributário, o Atbara. Abaixo da confluência com o Atbara, o Rio Nilo descreve uma ampla curva em forma de S na direção noroeste e forma três cataratas antes de penetrar no lago Nasser.
Do lago, onde se encontra a represa de Assuã, o rio corta o Egito até o delta do Rio Nilo, próximo ao Cairo, onde se divide em dois braços, Damietta e Rosetta, intercalados por diversos canais naturais em uma zona de aluviões férteis e com numerosas lagunas. Em seu vale estão localizadas as mais importantes cidades do Egito e do Sudão. Suas águas banham as cidades de Assiut, Lúxor, Assuã e Khartum. Cairo e Alexandria se encontram a montante do delta.
Regime
O regime do Rio Nilo é pluvial tropical, com grande irregularidade no volume de água. Suas enchentes são consequência das chuvas de verão que caem sobre o planalto etíope, com mais intensidade no mês de setembro, e elevam o nível de suas águas até sete metros acima da altura normal.
Desde sempre as enchentes anuais fertilizam a terra ao longo das margens do rio com um limo sedimentar tão rico em minerais que chegou a proporcionar até três colheitas por ano.
Mas o século XX mudou o que durante séculos fora imutável: a pulsação da vida no Nilo.
A necessidade de energia represou os rios em todo o mundo, transformando a força de suas águas em eletricidade. O Nilo não escapou do mesmo tratamento.
Logo na virada do século, em 1902, a Represa de Assuã interrompeu pela primeira vez o curso do rio, com a finalidade de melhorar a irrigação. Nos anos 60, um pequeno exército de engenheiros soviéticos invadiu a área e, junto com 35 mil trabalhadores egípcios, começou a construção da Represa Alta de Assuã.
Quando terminaram, em 1971, tinham não apenas controlado a força do Nilo e suas enchentes anuais, como também criado o lago Nasser, que se estende por quinhentos quilômetros quadrados ao sul de Assuã, entrando pelo Sudão.
Por: José Silvio Oliveira Filho