Geografia

História da Tecnologia

O avanço da tecnologia trouxe inúmeros benefícios para o homem, dos quais o principal foi tornar o trabalho mais fácil e mais produtivo. Interpretadas como motores do progresso, as inovações tecnológicas foram implantadas sem cuidado com seus possíveis efeitos prejudiciais.

Nos últimos anos do século XX, o lado negativo do progresso tecnológico tornou-se objeto de reflexão nas sociedades industrializadas, que se voltaram para a busca de tecnologias alternativas menos agressivas ao meio ambiente.

Tecnologia é o conjunto de princípios, métodos, instrumentos e processos cientificamente determinados que se aplica especialmente à atividade industrial, com vistas à produção de bens mais eficientes e mais baratos. O conceito de tecnologia engloba, portanto, todas as técnicas e seu estudo. Assim, entende-se por inovação tecnológica a aplicação de qualquer método ou instrumento, descoberto por meio da pesquisa sistemática, à coleta, fabricação, armazenamento, transporte etc. de bens, cujos resultados sejam melhores do que os obtidos anteriormente.

Pode-se definir tecnologia também como a aplicação das descobertas da ciência aos objetivos da vida prática. De fato, a ciência teve quase sempre um importante papel no desenvolvimento tecnológico, mas nem toda tecnologia depende da ciência, pois a relação entre ambas atravessou diferentes estágios. No mundo clássico, tanto no Ocidente quanto no Oriente, a ciência pertencia à esfera aristocrática dos filósofos que especulavam sobre as raízes e a substância do conhecimento, enquanto a tecnologia dizia respeito à atividade dos artesãos. A partir da Idade Média, alguns filósofos e cientistas defenderam a ideia da colaboração entre as duas disciplinas, com a formulação de uma tecnologia científica e uma ciência empírica baseadas nos mesmos princípios fundamentais.

Historia da Tecnologia

Essa tese frutificou sobretudo no século XIX, quando os grandes inventores se inspiraram em ideias de cientistas: Thomas Edison desenvolveu os sistemas de iluminação elétrica a partir dos trabalhos de Michael Faraday e Joseph Henry; Alexander Graham Bell inventou o telefone com base em Hermann von Helmholtz; e Marconi construiu seu primeiro sistema de telegrafia sem fio baseado nas pesquisas de Heinrich Rudolf Hertz e James Clerk Maxwell.

Determinantes sociais na evolução tecnológica

A evolução da tecnologia revela, a cada momento de sua história, uma profunda interação entre os incentivos e oportunidades que favorecem as inovações tecnológicas e as condições socioculturais do grupo humano no qual elas ocorrem. Pode-se dizer que há três pontos principais que determinam a adoção e divulgação de uma inovação: a necessidade social, os recursos sociais e um ambiente social favorável.

A necessidade social determina que as pessoas desejem destinar recursos à aquisição de um objeto e não de outra coisa. O objeto da necessidade pode ser uma ferramenta de corte mais eficiente, um dispositivo capaz de elevar pesos maiores, um novo meio de utilizar combustíveis ou fontes de energia, ou ainda, já que as necessidades militares sempre serviram de estímulo à inovação tecnológica, pode tomar a forma de armas mais potentes. Na moderna sociedade de consumo, muitas necessidades são geradas artificialmente pela publicidade e pelo desejo de ostentação. Seja qual for a fonte da necessidade social, contudo, é essencial a existência de uma quantidade suficiente de pessoas que a manifestem, criando-se assim mercado para o produto desejado.

Os recursos sociais são igualmente indispensáveis para que uma inovação seja bem-sucedida. Muitas invenções fracassam pelo fato de não haver recursos sociais indispensáveis para sua realização — capital, matérias-primas e mão-de-obra qualificada. Os cadernos de Leonardo da Vinci, gênio do Renascimento, estão repletos de ideias para a construção de helicópteros, submarinos e aviões, mas a maioria delas sequer chegou ao estágio do protótipo devido à falta de algum tipo de recurso social. A disponibilidade de capital, por exemplo, depende da existência de um excedente na produção, bem como de uma organização capaz de direcionar a riqueza disponível para canais acessíveis ao inventor. Em suma, uma sociedade deve estar suficientemente aparelhada para que possa desenvolver e aplicar uma inovação tecnológica.

Um ambiente social favorável é aquele em que os grupos sociais dominantes estão preparados para se empenhar na defesa da inovação tecnológica. Essa receptividade pode se limitar a determinados campos, como a perspectiva de aprimoramento das armas ou das técnicas de navegação, mas também pode tomar a forma de uma atitude questionadora mais generalizada. De qualquer modo, não há dúvida de que a existência de grupos sociais importantes interessados em incentivar o trabalho de inventores e de aplicar suas ideias foi sempre um fator determinante da evolução tecnológica.

Em qualquer estudo histórico dessa evolução se torna inquestionável a existência de um elemento progressivo na tecnologia que, em geral, evolui de forma cumulativa, à medida que cada nova geração herda da anterior um estoque de técnicas — sobre o qual trabalhará se sentir necessidade e se as condições sociais permitirem. Embora isso se tenha registrado no passado, e ainda na atualidade, não é porém intrínseco à natureza da tecnologia que tal processo de acumulação deva ocorrer, e nem sempre assim se dá a evolução. O fato de muitas sociedades terem permanecido estagnadas por longos períodos, mesmo quando se encontravam em estágios relativamente avançados da evolução tecnológica, e de algumas terem chegado a regredir e a perder técnicas que receberam e acumularam, demonstra a natureza ambígua da tecnologia e a importância fundamental de relacioná-la a outros fatores sociais.

Evolução histórica

O nascimento da tecnologia não pode ser dissociado do próprio surgimento do homem no planeta. Setenta mil anos antes da era cristã, o homem de Neandertal já apresentava um grau de especialização que lhe permitia utilizar materiais encontrados (pedra, osso, madeira, couro etc.) para auxiliá-lo na sobrevivência. Depois de vários milênios de sociedades tribais dedicadas à caça, à pesca e à coleta de frutos, deu-se a primeira grande revolução tecnológica da história, no final da última glaciação, de 15.000 a 20.000 anos antes da era cristã. Às vezes chamada de revolução neolítica, essa fase marca a transição, ocorrida em algumas comunidades humanas mais favorecidas pela geografia e pelo clima, do nomadismo selvagem característico do longo período do paleolítico para um modo de vida mais estável, baseado na pecuária e na agricultura.

O homem do período neolítico conheceu uma série de transformações sociais e tecnológicas: aprendeu a domesticar animais, descobriu que as sementes silvestres podiam ser plantadas e que a irrigação era benéfica às áreas cultivadas. Desse período datam as culturas de trigo, milho, arroz e alguns tubérculos. A produção de excedentes de alimentos contribuiu para o desenvolvimento da armazenagem de grãos e da preparação de bebidas fermentadas, como a cerveja. Também começaram a surgir as técnicas da fiação, da tecelagem e da cerâmica.

A idade do bronze, iniciada em 4000 a.C. aproximadamente, foi prolífica em invenções e descobertas, o que possibilitou a reorganização econômica e social conhecida como revolução urbana. Entre suas contribuições tecnológicas de grande alcance destacam-se o uso do cobre e do bronze; a prática da fundição de metais; o emprego de veículos de roda; a invenção das embarcações a vela; e o florescimento da cerâmica e da fabricação de tijolos. A generalização da agricultura como meio de subsistência favoreceu a criação de cidades, nas quais se desenvolveram métodos de artesanato industrial, principalmente em cerâmica e técnicas básicas de metalurgia.

Vales do Tigre-Eufrates e do Nilo

As primeiras grandes unidades de sociedade organizada no Velho Mundo surgiram nos vales do Tigre-Eufrates e do Nilo, áreas onde não apenas se gerou um notável potencial técnico como ocorreu sua síntese na revolução urbana. Surgiu assim uma nova forma de sociedade a que se pode chamar civilização.

Na Mesopotâmia, o rio formado pela confluência do Tigre-Eufrates corre para o golfo Pérsico e transporta ricos sedimentos que formam extensos depósitos aluviais. A área era sujeita a inundações periódicas, mas com o controle das águas e a drenagem permitia a produção de substancial quantidade de alimentos. As medidas destinadas ao controle das águas marcaram o início da engenharia civil. Região pobre em pedras e madeira, a Mesopotâmia tinha contudo amplas reservas de argila e cobre, materiais usados na construção de veículos de rodas e pequenos barcos que marcam a fundação da engenharia naval e da engenharia mecânica. A arquitetura originou-se da necessidade de construir grandes edifícios, como celeiros, oficinas, templos e muralhas defensivas.

Ao explorar os recursos de seu vale, o povo da Mesopotâmia construiu uma sociedade na qual os sacerdotes desempenhavam importante papel, tanto no desenvolvimento da economia quanto no da tecnologia. A organização da agricultura era, em grande parte, responsabilidade de engenheiros-sacerdotes, os quais também supervisionavam a edificação dos templos e das imensas estruturas piramidais que dominavam as cidades, os zigurates. Outros sacerdotes-técnicos orientavam oficinas de artesãos especializados, como padeiros, ferreiros, cervejeiros, fiandeiros, tecelões etc. Tanto instrumentos de trabalho quanto carruagens, barcos, arados e outros meios de produção constituíam propriedades do templo. A organização coletivista favoreceu a exploração racional da terra, a conservação de canais e sistemas de irrigação, e a produção de um excedente agrícola que foi destinado ao comércio.

Essa complexa sociedade inventou uma escrita e criou um sistema de pesos e medidas. Enquanto os agricultores precisavam de um calendário para aperfeiçoar o controle das colheitas, engenheiros necessitavam de métodos e instrumentos para projetar canais e sistemas de irrigação, templos e muralhas defensivas, bem como de uma matemática capaz de calcular áreas, volumes e ângulos. As três principais realizações tecnológicas dessa cultura foram os zigurates, as muralhas defensivas (que indicam a instabilidade política existente na região) e os extensos sistemas de irrigação e de controle das inundações, que constituíam o sustentáculo de uma economia agrícola.

Os antigos egípcios habitavam uma área diferente sob vários aspectos da região do Tigre-Eufrates, e por isso a tecnologia que criaram não apresenta muitos pontos de contato com a da Mesopotâmia. O vale do Nilo era mais estreito, e as águas do rio, que fluíam mansa e regularmente, não criavam grandes problemas de engenharia. As populações ribeirinhas limitavam-se a construir diques e bacias de irrigação para que as terras recebessem suas águas fertilizadoras. Por volta de 2000 a.C., os egípcios adicionaram um sistema de canais, represas e reservatórios que permitiu a irrigação de áreas não abrangidas pela bacia e tornaram possível a irrigação durante todo o ano.

As grandes realizações da tecnologia egípcia, como os processos de embalsamamento e a construção de pirâmides e tumbas, estão mais diretamente relacionadas às crenças religiosas, que aceitavam a ressurreição dos mortos, donde a necessidade de preservar os corpos, abrigando-os no interior de construções sólidas e monumentais. A economia egípcia se baseava na agricultura, mas a fertilidade do delta do Nilo desestimulou o desenvolvimento de uma tecnologia agrária de alto nível. Tão importantes quanto a química e a arquitetura, ligadas às crenças religiosas, foram as técnicas relacionadas às artes e o artesanato, particularmente no que diz respeito à produção de tecidos, móveis, objetos de metal e de cerâmica.

Grécia e Roma

Na antiguidade, a transmissão do conhecimento era feita de um artesão para outro através das rotas comerciais. Foi assim que as grandes inovações das duas principais civilizações, Egito e Mesopotâmia, chegaram ao leste europeu e se cristalizaram na florescente cultura grega.

Na Grécia, embora se dispusesse de instrumentos de ferro e de vastos recursos naturais, o trabalho manual era socialmente desprezado. Ao contrário dos egípcios, os gregos não tinham ideias claras sobre a vida depois da morte e, portanto, não atribuíam muita importância aos túmulos. As principais realizações tecnológicas no domínio da engenharia grega foram templos, aquedutos e pequenas embarcações. Os gregos tinham uma tecnologia metalúrgica não muito avançada, praticavam a tecelagem e foram responsáveis por alguns inventos, como a prensa. Contribuíram para o desenvolvimento da engenharia naval militar, da matemática e da mecânica.

Com a morte de Alexandre o Grande (no ano 323 a.C.) e o consequente colapso de seu império, diversos centros herdaram, pelo menos em parte, os conhecimentos da Grécia clássica. O mais importante desses centros, do ponto de vista tecnológico, foi Alexandria, cuja sociedade helenística floresceu entre os anos 300 a.C. e 300 da era cristã. Nesse período surgiram os primeiros grandes nomes da história da engenharia, como Arquimedes, Heron e Ctesibius de Alexandria, além de Fílon e Vitrúvio, que empregaram dispositivos mecânicos como o parafuso, a alavanca e a polia. Os engenheiros de Alexandria usaram também equipamentos mecânicos para elevar água, inventaram a bomba d’água e outros dispositivos complexos que já podem ser considerados como máquinas.

A organização política, econômica e social de Roma conduziu a um tipo particular de tecnologia, a ela adequado. Essencialmente utilitário, o povo romano não se preocupou em erigir grandes templos, túmulos monumentais ou muralhas defensivas; ao contrário, usou seus recursos tecnológicos para construir palácios, banhos públicos, anfiteatros, celeiros, pontes, estradas, aquedutos e canais de dragagem. A engenharia foi a ciência que mais se desenvolveu no Império Romano, que, com grande extensão territorial e numeroso contingente demográfico, tinha necessidade de complexa rede de estradas, aquedutos e edifícios públicos.

No plano das edificações, os romanos introduziram o uso do arco, da abóbada e da cúpula. Outros empreendimentos foram os faróis, os portos, o abastecimento domiciliar de água e os sistemas de aquecimento para banhos.

Idade Média

Entre os séculos V e XIV, a Europa ocidental viveu um notável florescimento tecnológico. Por volta do século X, os bárbaros, que haviam destruído o Império Romano, erigiram uma civilização a partir de esforços próprios, de conhecimentos herdados do passado e da assimilação das técnicas romanas. A tecnologia do Oriente Médio e do Extremo Oriente chegou ao Ocidente por meio do mundo bizantino e da Espanha muçulmana. O comércio com os árabes resultou em contatos com a Índia e a China, onde a tecnologia era mais avançada que no Ocidente. Desse modo, os europeus tomaram conhecimento de importantes invenções, tais como a fiação da seda, a fundição do ferro, a pólvora, o papel, diversas modalidades de impressão e as chamadas armações latinas para navios. A isso se somam as contribuições autóctones, entre as quais se incluem o sabão, barris e tubos, o arado, a ferradura para animais, o cultivo da aveia e do centeio, além da rotação de culturas.

O grande feito tecnológico da Idade Média foi o aproveitamento das fontes de energia, particularmente a eólica (com os moinhos de vento) e a hidráulica (com as rodas d’água), mecanismos que familiarizaram o homem com técnicas que iriam contribuir para a transformação da Europa nos séculos XVIII e XIX. O aproveitamento dessas fontes energéticas deu início ao processo de libertação do homem do trabalho físico. Outra notável inovação tecnológica da Idade Média foi a invenção e o aperfeiçoamento do relógio mecânico.

Renascimento

Os conhecimentos acumulados desde as origens de Roma, passando pela Idade Média, se aprimoraram notavelmente a partir do século XV. De particular importância no Renascimento europeu foram as realizações dos engenheiros e arquitetos italianos, dos metalurgistas e impressores alemães e dos engenheiros holandeses. Obras notáveis no campo da engenharia hidráulica são os canais construídos por Bertola de Novate, em Milão, e as eclusas, inventadas provavelmente por Leonardo da Vinci. Coube igualmente aos italianos o privilégio de aperfeiçoarem técnicas para a produção em grande escala, algumas das quais foram descritas por Vanoccio Biringuccio em De la pirotechnia (1540), importante obra sobre metalurgia.

Nos estaleiros de Veneza, a construção naval alcançou alto grau de elaboração e eficiência. Leonardo da Vinci foi um dos grandes inovadores da tecnologia da Itália renascentista e se interessou particularmente por engenharia militar, embora suas anotações sobre maquinaria fossem as mais completas. Desenhou vários tipos de moinhos, bombas e aparelhos hidráulicos, máquina têxtil, peças de artilharia, objetos de metal, máquina de polir e até um aparelho para voar. Da Vinci já demonstrava preocupar-se com problemas que somente séculos depois seriam solucionados, como a redução do atrito e a construção de máquinas automáticas.

Importantes nos séculos XV e XVI foram os progressos em metalurgia, especialmente do cobre e da prata, registrados na Hungria e na Alemanha, bem como no domínio da análise dos metais, técnica complexa que envolvia o emprego de fornos especiais, pesos, balanças e fundentes. De maior importância ainda, por seu ilimitado alcance cultural, foi a invenção da impressão com tipos móveis, desenvolvida independentemente por Johannes Gutenberg, Procopius Waldvoghel (de Praga) e construtores holandeses. Cabem também a engenheiros holandeses as mais notáveis realizações da engenharia civil no período pós-renascentista: foram eles que elevaram a um nível sem precedentes as técnicas de construção de diques, de canais de drenagem e de moinhos de vento.

Revolução industrial

Embora a história da civilização se confunda com a história das conquistas materiais, a tecnologia em seu sentido atual só passou a apresentar progressos mais constantes e significativos a partir da revolução industrial. Depois da criação da máquina a vapor por James Watt, em 1769, as técnicas que dependiam da energia evoluíram rapidamente e trouxeram benefícios imediatos para a indústria têxtil e o setor de transportes, com o surgimento das ferrovias.

Em seguida, teve especial importância a invenção de geradores e de motores elétricos, aplicados de imediato à geração de calor e à iluminação. Os estudos sobre motores conduziram ao descobrimento da máquina de combustão interna, que inaugurou a era dos combustíveis derivados do petróleo. Surgiu então o protótipo do automóvel. As técnicas de aproveitamento da energia, que favoreceram a exploração de novos recursos, tiveram grande repercussão não só para a indústria, mas também para a sociedade do século XIX. Na metalurgia, com a invenção dos fornos de fundição Bessemer e Siemens-Martin, realizaram-se importantes conquistas na indústria do ferro e do aço. As inovações na química, com a identificação dos compostos orgânicos, influíram no desenvolvimento da indústria têxtil e da agricultura, paralelamente a uma revolução na medicina, originada pelo reconhecimento da origem bacteriológica de numerosas doenças, e à fabricação de vacinas.

A engenharia civil, com a construção de enormes estruturas de ferro para pontes e edifícios; os transportes, com novos projetos de trens e navios a vapor; e as comunicações, favorecidas pelo surgimento do telefone, do telégrafo e do rádio, representam uma síntese da acelerada evolução tecnológica do século XIX.

Século XX

A explosão das primeiras bombas atômicas, em 1945, foi o marco divisor das duas metades do século XX. Na primeira, não houve alteração nas fontes de energia usadas no século anterior, mas desenvolveu-se a aplicação da eletricidade à indústria. As principais inovações tecnológicas desse período foram a descoberta de substâncias anti-infecciosas, como a penicilina e demais antibióticos, a obtenção de novos materiais de construção, como o concreto armado, e têxteis, como as fibras sintéticas, além da criação de uma grande variedade de materiais plásticos. Ampliaram-se os conhecimentos nos ramos de agricultura, alimentação e técnicas de conservação de alimentos. Ao fim da primeira metade do século, o avião e o automóvel já se tinham imposto como meios de transporte, e no setor bélico estavam em uso os mísseis de longo alcance.

Os estudos sobre a energia atômica de fissão procedente do urânio e do plutônio, iniciados durante a segunda guerra mundial, desencadearam, a partir da década de 1950, uma acelerada corrida armamentista entre os Estados Unidos e a União Soviética, com repercussões globais sobre o desenvolvimento tecnológico. As décadas seguintes se caracterizaram pela busca de combustíveis alternativos ao petróleo, com vistas a reduzir a poluição ambiental causada por sua queima e precaver-se contra o fim das reservas; pela fabricação de materiais novos, como a fibra de vidro; pelo progresso das técnicas de refrigeração e outros sistemas de conservação de substâncias; e ainda pelo uso intensivo dos produtos da recém-surgida indústria de computadores, que desencadeou a era da informática.

Também representaram conquistas de extrema importância o descobrimento de poderosos produtos farmacêuticos e das técnicas de transplante de órgãos humanos, a engenharia genética e os projetos de exploração espacial. Ao final do século ampliavam-se, com a fabricação de novas cerâmicas, as perspectivas de aplicação prática de materiais supercondutores.

Tendências

A explosão tecnológica ocorrida no Ocidente desde o início da revolução industrial (no fim do século XVIII) deu origem a duas tendências opostas na atitude social. As melhorias registradas no rendimento do trabalho, o aproveitamento da energia, a vitória sobre as doenças e o emprego de máquinas para realizar as tarefas mais mecânicas do processo produtivo implicam uma melhoria das condições de vida. Ao mesmo tempo, a atividade industrial multiplicada causa focos de poluição da superfície terrestre, do mar e da atmosfera; o consumo indiscriminado dos recursos naturais prejudica o equilíbrio ecológico do planeta; e o enorme poder destrutivo latente nas armas nucleares e químicas suscitam dúvidas sobre os benefícios trazidos pela tecnologia.

A transferência direta de tecnologia de países industrializados para o Terceiro Mundo também passou a ser severamente questionada, a partir da década de 1970, quando tomou corpo a ideia segundo a qual as técnicas produtivas devem ser adequadas ao modelo do país receptor, respeitados principalmente seus recursos e matérias-primas, de modo a impedir o aumento da dependência. Essa ideia já conduziu à criação de soluções alternativas, como o uso de motores de combustão a álcool e a reciclagem de materiais industrializados.

Autoria: Fábio Trindade Correa

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