As Batalhas dos Guararapes, ocorrida entre os anos de 1648 e 1649, foram conflitos ocorridos nos Morros Guararapes, região hoje localizada no município de Jaboatão dos Guararapes, na zona metropolitana de Recife, em Pernambuco.
Tropas portuguesas e holandesas se confrontaram em várias ocasiões, em batalhas que foram decisivas para expulsar os holandeses do território brasileiro, após décadas de ocupação no Nordeste.
Antecedentes
O trono português, destituído de um sucessor em 1580, acabou sendo tomado por Felipe II da Espanha, que possuía direitos a reclamar o trono. Durante 60 anos Portugal seria governado por vice-reis e intendentes nomeados pela casa Habsburgo espanhola. Ao mesmo tempo, a falta de controle e conflitos europeus abriu espaço, no Brasil, para que holandeses, em 1624 e 1625, ocupassem a cidade de Salvador.
Posteriormente, holandeses invadiram o litoral de Pernambuco em 1630 e, em 1637, já controlavam praticamente todo o litoral e interior próximo na região nordeste da colônia portuguesa. O domínio holandês se consolidava e, também em 1637, a Companhia Holandesa das Índias Ocidentais enviou João Maurício de Nassau para administrar seus domínios na região.
Nassau desenvolveu obras e favoreceu senhores de engenho e empresários locais, fornecendo mão-de-obra escrava e concedendo empréstimos. Desde o Ceará até parte do Sergipe, o governo Nassau agora começava a desenvolver a economia da região e, a despeito de revoltas e resistência, possuía o apoio de muitos dentre os aristocratas do açúcar, beneficiando o comércio e dando apoio à classe.
Causas
Em 1644, Nassau retornou à Europa e a Companhia passou a cobrar as dívidas dos produtores. Estes reagiram e começaram a formar um exército para expulsar os holandeses. A onda de capital e empréstimos que colocara Nassau no comando agora cobrava seu preço e, na Europa e no Brasil, portugueses faziam frente ao domínio espanhol e holandês.
Em solo brasileiro, conflitos contra holandeses se estenderam de 1645 até 1654, até a expulsão definitiva dos invasores. As Batalhas dos Guararapes foram fundamentais para criar o ponto de virada para a resistência portuguesa e, a partir delas, holandeses não mais conseguiram reverter a situação.
Para o Brasil, os Guararapes possuem uma importância curiosa: oficialmente é no conflito que surge o Exército Brasileiro.
Confrontos
Primeira Batalha de Guararapes (19 de abril de 1648)
A primeira batalha resultou de uma tentativa dos holandeses de destruir bases de abastecimento dos brasileiros e recuperar o Porto de Nazaré, no Cabo de Santo Agostinho. Holandeses haviam recebido reforços da Europa e planejavam uma virada.
Os invasores saíram do Recife comandados por Sigismund von Schkoppe e seguiram em direção ao sul. Eram 4.500 soldados, organizados em sete regimentos. O plano era ocupar Muribeca, um povoado com reservas de mandioca que podia abastecer as tropas holandesas com alimentos.
Os luso-brasileiros deixaram o Arraial Novo do Bom Jesus e emboscaram os holandeses aos pés dos Montes Guararapes. Com menos da metade do contigente holandês, os locais estavam em três regimentos, comandados por João Fernandes Vieira, André Vidal de Negreiros e Antônio Filipe Camarão e sob o comando geral do mestre-de-campo Francisco Barreto de Meneses.
Camarão recebeu o ataque dos holandeses, mas repeliu os invasores com flanqueio dos dois outros regimentos. O campo evidenciou a desvantagem dos holandeses, que sem espaço para movimentação viram sua vantagem numérica inutilizada, sendo derrotados e recuando para Recife.
Segunda Batalha de Guararapes (19 de fevereiro de 1649)
Na segunda batalha, cerca de 3.500 holandeses saíram do Recife sob o comando do coronel Van den Brink, com a mesma missão do confronto anterior. Mais preparados após a primeira derrota, holandeses ocuparam as posições estratégicas do boqueirão dos Guararapes.
O general Barreto de Meneses seguiu rumo aos Montes Guararapes com 2.600 homens. Com inferioridade numérica, os locais assumiram boas posições mas evitaram o confronto. Regimentos eram comandados por Fernandes Vieira, Henrique Dias, Vidal de Negreiros, Francisco de Figueiroa e Diogo Pinheiro Camarão.
O compasso de espera se arrastou por toda a manhã do dia 19. Holandeses, sem mantimentos para permanecer em campo, iniciaram uma retirada para renovar provisões, e então foram atacados pelos locais. A segunda derrota custou aos holandeses uma perda de vidas de cerca de 2500 homens, segundo relatos da época, e novamente tiveram de debandar para o Recife.
Consequências
As Batalhas dos Guararapes foram fundamentais para o sucesso da Insurreição Pernambucana, para a expulsão dos holandeses e inclusive tiveram um impacto crucial na recuperação do Império Português na Europa.
Contudo, lavouras de cana foram destruídas nos conflitos, minando a economia da região e um dos principais geradores de riqueza não apenas para o nordeste do Brasil, mas para Portugal. Nos anos seguintes, a Inglaterra auxiliaria a recuperação de Portugal com a injeção de recursos, mas a hegemonia brasileira na produção mundial de cana jamais seria recuperada.
Os holandeses, já enfraquecidos, foram definitivamente expulsos em 26 de janeiro de 1654, após uma esquadra portuguesa, comandada por Pedro Jaques de Magalhães, ter bloqueado Recife. Holandeses capitularam, partindo com os úl
Por: Carlos Artur Matos