A Guerra dos Mascates foi um movimento armado ocorrido em Pernambuco de 1710 a 1712 cuja principal causa era a competição entre os comerciantes portugueses de Recife e os senhores de engenho de Olinda.
Olinda era o centro administrativo da capitania de Pernambuco e também onde moravam os senhores de engenho, homens ricos e donos do poder político. Em Recife, moravam os comerciantes, na maioria portugueses, de grande poder econômico e que se ressentiam por não poder participar da política, direito exclusivo dos latifundiários olindenses. Além disso, esses comerciantes portugueses de Recife – conhecidos como mascates – eram credores de muitas dívidas contraídas pelos senhores de engenho de Olinda, que se encontravam em uma complicada situação financeira, em decorrência do declínio açucareiro.
Os mascates pressionaram o governo de Lisboa exigindo a elevação de Recife à categoria de vila, o que lhes daria a oportunidade de se desligar de Olinda, criar sua própria Câmara Municipal e ter suas terras governadas por políticos que fossem seus aliados. A pressão deu resultado e, em 1710, uma carta do rei D. João V criou a vila de Recife.
A aristocracia de Olinda reagiu rapidamente e, como não podia questionar a carta régia, colocou em questão quais seriam os limites da nova vila e exigiu que ela ocupasse apenas as áreas já controladas pelos comerciantes portugueses. O ouvidor-mor, encarregado de arbitrar essas disputas entre os colonos, aceitou a proposta, decisão que não foi aceita por Recife. Teve início um período de tensão em que os dois lados prepararam-se para a guerra.
No dia 7 de novembro de 1710, a aristocracia de Olinda ocupou Recife e derrubou o Pelourinho, símbolo da autonomia municipal. Os mascates se organizaram e, em 1711, deram início à reação na tentativa de restabelecer sua independência. Os combates seguiam equilibrados quando chegou a Pernambuco Félix José Machado de Mendonça, novo capitão-mor enviado por Lisboa, o qual, a princípio, mostrou-se conciliador, dialogando com os dois lados da disputa.
Após inteirar-se com segurança da situação, o capitão-mor promoveu uma devassa para apurar os responsáveis pelo conflito. Os olindenses foram considerados culpados, seus líderes foram condenados por crime de lesa-majestade e tiveram seus bens confiscados.
Em 1714, D. João V concedeu-lhes anistia e devolveu-lhes os bens confiscados. Mas a revolta e seu desfecho serviram para mostrar a decadência econômica e a perda de força política dos senhores de engenho olindenses.
Por: Wilson Teixeira Moutinho
Veja também:
- Movimentos Nativistas
- Guerra dos Emboabas
- Revolta de Vila Rica
- Revolta de Beckman
- Guerra dos Palmares
- Insurreição Pernambucana