Os primeiros operários eram imigrantes italianos, que insatisfeitos com a exploração nas fazendas de café, transferiam-se para as cidades de São Paulo e Rio de Janeiro, os principais polos econômicos do país. Em 1900, 92% dos trabalhadores da indústria em São Paulo eram constituídos de italianos, o que ocorria em outras capitais. Em Minas Gerais onde a imigração não teve a importância de S.P., recrutavam-se trabalhadores entre órfãos, crianças abandonadas e indicação de políticos que ofereciam famílias inteiras para trabalhar nas fábricas do interior de Minas.
As condições de trabalho nas fábricas eram duras
Jornadas diárias que estendiam-se a 15 horas, salários sempre baixos, ausência de um sistema de previdência social ou indenização em caso de acidente ou invalidez. Nas fábricas, trabalhava um grande número de mulheres e crianças, pois recebiam salários menores, e eram mais fáceis de controlar. Durante a grande greve de 1917 em São Paulo entre as reivindicações dos operários estavam: o fim do trabalho de menores de 14 anos; a proibição de trabalho noturno para os menores de 18 anos e mulheres.
Os trabalhadores inicialmente defendiam-se através de organizações operárias assistencialistas, cujo objetivo era amparar o trabalhador em caso de doença e morte. A primeira organização operária de luta foi a corrente anarquista cujo objetivo era a formação de uma sociedade “sem governo e sem leis, constituída por federações de trabalhadores que produzam segundo sua capacidade e consumam segundo sua necessidade; uma sociedade onde a terra e suas riquezas sejam de todos os trabalhadores”; enfim uma sociedade sem opressão e miséria.
Os anarquistas defendiam a organização dos trabalhadores em sindicatos e a “ação direta” do povo contra a opressão e miséria recorrendo até a atos de violência contra autoridades do Estado. As greves constituíram-se em outro instrumento de luta dos operários, que foram frequentes mesmo com a repressão policial. O governo da República Velha considerava as reivindicações operárias como desordem e portanto, caso de polícia.
Com o advento do comunismo na Rússia, liderado por Lenin e seu partido bolchevista de estrutura centralizada e disciplinada, a corrente anarquista cedeu terreno. Em 1922, fundou-se no Brasil o Partido Comunista, que procurou unir todos os operários especializados para dar mais força ao movimento dos trabalhadores. O Partido, mesmo pequeno, foi duramente perseguido pelo governo de Arthur Bernardes e lançado poucos meses depois na ilegalidade.
O movimento operário conseguiu, mesmo com grande resistência dos empresários, algumas leis de proteção ao trabalho, principalmente após a participação do Brasil na Conferência de Paz de 1919, que pôs fim à Primeira Guerra Mundial. Nesse encontro das potências vitoriosas 10 pontos foram considerados fundamentais: 8 horas por dia, 48 horas por semana; proibição do trabalho de menores; auxílio a maternidade; serviço de saúde etc. De todos esses direitos fundamentais, apenas as 8 horas de trabalho foram aplicados no país principalmente em São Paulo.
Por: Andressa Fiorio