O desenvolvimento das atividades agrícolas, principalmente a cafeicultura no Centro-Sul, criou condições de acumulação de capitais para o aparecimento e desenvolvimento das atividades industriais.
As primeiras indústrias surgiram no país no início do século XX e eram basicamente indústrias de bens de consumo não-duráveis (alimentícias, têxteis, etc.). Impulsos de ordem econômica, como a dificuldade do país em importar devido à crise do preço dos produtos agrícolas nacionais, favoreceram a industrialização após 1930.
Essas dificuldades em importar, aliadas ainda mais à necessidade de manter a produção industrial durante o período da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), impulsionaram o aparecimento das primeiras indústrias de base, setor industrial que alimenta os demais, destacando-se a Companhia Siderúrgica Nacional de Volta Redonda (CSN) e a Petrobrás.
A partir da década de 1950, começou a ser montado no Brasil um importante e diversificado parque industrial. O país, que até então tinha basicamente indústrias tradicionais (que ocupam grandes contingentes de mão-de-obra e se apoiam em tecnologia atrasada) ou de bens de consumo não-duráveis (artigos de utilidade individual ou familiar), inaugurou indústrias de base, também chamadas de bens de produção ou bens de capital, como siderúrgicas, energia, petroquímicas e mecânicas. Estas permitiram, nos anos subsequentes, a ampliação das indústrias modernas ou de bens de consumo duráveis (automóveis e eletrodomésticos mais sofisticados), portadoras de tecnologia avançada, com operários especializados e elevada taxa de investimento por pessoa empregada.
O Estado, com financiamento público e por meio de suas empresas, preencheu “vazios da economia” investindo na montagem da infraestrutura básica – estradas, portos, usinas hidrelétricas e tornando-se empresário, controlando as principais indústrias de bens de produção, especialmente as siderúrgicas, hidrelétricas e petroquímicas.
A política de incentivos fiscais, de câmbio e outras vantagens (mão-de-obra barata, mercado consumidor cativo e emergente, infraestrutura já montada) oferecidas pelo governo atraíram investimentos diretos das empresas transnacionais que montaram, no país, suas subsidiárias, sobretudo no setor de indústrias modernas ou de bens de consumo duráveis, a partir da segunda metade da década de 1950.
Secundariamente, as empresas transnacionais investiram e controlaram indústrias de bens de consumo não-duráveis ou tradicionais, setor dominado por empresas privadas nacionais, em sua grande maioria indústrias de pequeno e médio porte.
Na década de 1980, tornou-se cada vez mais evidente o esgotamento de um padrão de desenvolvimento baseado na grande presença do Estado, não só como regulador e provedor, mas sobretudo como empresário-produtor. O chamado modelo do Estado nacional desenvolvimentista, que lançou as bases da industrialização do país com forte estatização da economia, encontra-se falido.
A crise da década de 1980 foi responsável pelo estrangulamento da capacidade de investimento do Estado. A falta de recursos refletiu-se no sucateamento de setores importantes da infraestrutura produtiva (energia, transporte e comunicações). A desregulamentação da economia e o Programa Nacional de Privatizações nasceram nesse contexto de crise.
Paralisado pelas dívidas, o Estado empenhou-se em transferir parte de seu aparelho produtivo à iniciativa privada, caracterizando a inserção do Brasil no modelo neoliberal de economia, a partir de 1990. Apesar da diversidade e complexidade, a indústria brasileira ainda é muito dependente da importação de bens de produção, insumos básicos e, sobretudo, de tecnologia estrangeira.
Por: Renan Bardine
Veja também:
- O processo de desindustrialização no Brasil
- Análise Setorial da Indústria Brasileira
- Concentração e Desconcentração Industrial no Brasil
- História da Indústria
- Tipos de Indústria