A Praça do Patriarca nasceu junto com o primeiro projeto de expansão do centro da cidade: a travessia do Vale do Anhangabaú a partir do triângulo histórico.
Em 1892, o Viaduto do Chá, projeto do francês Jules Martin, prolongou a Rua Direita em direção ao centro novo: o quadrilátero da Barão de Itapetininga e 24 de maio. Mas a praça só foi inaugurada e nomeada em homenagem a José Bonifácio, o patriarca da independência, em 1926. Dois anos depois, o espaço em torno do Teatro Municipal passou a ser a Praça Ramos de Azevedo, arquiteto que projetou a maior parte dos edifícios de grande porte do centro na virada para o Século XX.
Mas a praça passou pôr transformações desde que a abertura do Viaduto do Chá aumentou sua importância no mapa da capital.
Em 1899, a prefeitura intimou a igreja de Santo Antônio, a demolir a torre que ameaçava cair e a reconstruir a fachada em alinhamento com a rua Direita. As reformas no prédio terminaram em 1919. O valor histórico da igreja pesou mais do que o arquitetônico durante o processo de tombamento em 1970. Apesar de estar instalada naquele local desde 1771, a construção passou pôr diversas modificações.
Nos anos 10, após o primeiro espetáculo do Teatro Municipal (1911), outro francês, Antonie Bouvard, foi contratado para tornar o Vale do Anhangabaú um jardim. O Parque do Anhangabaú começou a tornar forma até se tornar o mais harmonioso conjunto paisagístico da cidade, que começava a virar metrópole.
Mesmo antes de ganhar nome, a praça do Patriarca se tornou o centro comercial mais moderno da época, com a chegada da loja de departamentos Mappin Stores. As famílias Mappin & Webb fundaram a empresa em 1913, na rua XV de Novembro, mas logo se mudaram para o prédio, entre as ruas Direita e da Quitanda, em 1919. Essa construção foi demolida. Hoje, em seu lugar, está o edifício do Unibanco. A loja se mudou para a praça Ramos de Azevedo em 1939, para um dos primeiros prédios art déco paulistanos, projetado pôr Elizário Bahiana.
Durante seu período na praça do Patriarca, o Mappin fez par com a Casa Frentin. Fundada em 1885 pôr Louis Fretin, na rua São Bento, a relojoaria e ótica se mudou para a esquina das ruas São Bento com Quitanda em 1924. Nesta época, já era a referência em equipamentos médicos, de laboratório e engenharia.
Do outro lado do vale, também houve transformações. O paisagismo da rampa do Teatro Municipal foi completado em 1912, com um conjunto de 12 peças conhecido como Monumento a Carlos Gomes e uma série de palmeiras imperiais. A partir de 1926, a Light & Power construiu sua sede no mesmo terreno onde ficava o Teatro São José, que tinha a melhor acústica da cidade, na época. O Edifício Alexandre Mackenzie foi um projeto dos norte-americanos Preston & Curtis, com acabamento sob responsabilidade do Liceu de Artes e Ofícios. A obra foi concluída em 1929 e hoje abriga o Shopping Center Light.
Autoria: Rafael Ribeiro Pedretti