Além da Guerra do Paraguai, devemos lembrar, ainda, de outra disputa internacional que marcou o Segundo Reinado: a Questão Christie.
O nome remete ao embaixador inglês no Brasil, William D. Christie, que se tornou o pivô do rompimento das relações diplomáticas entre Brasil e Inglaterra entre 1863 e 1865. Tal rompimento deve-se a dois incidentes.
O primeiro foi o naufrágio do navio inglês Príncipe de Gales (1861) próximo ao litoral do Rio Grande do Sul. A carga da embarcação foi recuperada, mas desapareceu no porto, tendo sido roubada. O embaixador inglês exigia o pagamento de indenização pelo sumiço das mercadorias.
A situação se agravou quando, em 1862, marinheiros ingleses receberam voz de prisão por realizarem, embriagados, arruaças na capital do império, o Rio de Janeiro.
De acordo com o embaixador, a Inglaterra possuía direito de extraterritorialidade no Brasil; sendo assim, os súditos da Coroa inglesa poderiam receber voz de prisão somente de autoridade inglesa. Por isso, ele exigiu um pedido de desculpas oficial do governo brasileiro e ainda ameaçou o Brasil com um bloqueio à Baía de Guanabara pela marinha real inglesa, caso não fosse prontamente atendido.
Essa questão foi arbitrada internacionalmente pelo rei da Bélgica, Leopoldo II, que deu ganho de causa ao Brasil. Contudo, o imperador já havia indenizado a Inglaterra, que não devolveu o dinheiro e não se desculpou pelas ações na costa brasileira contra o Império.
Diante dessa situação, o governo brasileiro rompeu relações diplomáticas com a Inglaterra. Tais relações só foram reatadas em 1865.
Por: Wilson Teixeira Moutinho