A economia colonial conheceu no século XVIII, uma fase intermediária – de transição – entre a mineração e o advento do café. Na verdade, a passagem da colônia para o Estado Nacional, surgiu com a independência do Brasil em 1822.
Nessa fase, que abrange o final do século XVIII e as primeiras décadas do século XIX, a mineração entra em crise, ao mesmo tempo em que a economia colonial se reorganiza com base na grande lavoura mercantil exportadora, dando origem ao renascimento agrícola.
As razões do renascimento agrícola
O renascimento agrícola foi possível devido a conjugação de uma série de condições favoráveis, principalmente externas.
A Revolução Industrial inglesa em pleno desenvolvimento no século XVIII exigia cada vez mais o algodão, a matéria-prima da indústria têxtil, grande alavancadora desse processo de mecanização da produção. A ela se relacionam o crescimento demográfico da população européia, a Independência dos Estados Unidos (1776), suspendendo o fornecimento de algodão para o industrialismo britânico, e as guerras napoleônicas, provocando entraves ao comércio dessa matéria-prima que vinha também do Egito e da Índia.
Outra condição, responsável por uma conjuntura internacional favorável, é a crise da produção antilhana de gêneros tropicais – açúcar, tabaco etc. -, devido a instabilidade gerada pelas lutas de independência, rebelião de escravos e a supressão do tráfico negreiro, caso específico da Jamaica, uma colônia inglesa.
Por fim, a política do marquês de Pombal, ministro do reino na época, previa uma recuperação de Portugal, a partir dos lucros que a colônia pudesse oferecer, novamente se organizando para abastecer o mercado europeu. Para isso, com a garantia dos monopólios pelo Estado, a burguesia mercantil lusa organizou as companhias de comércio, importantes para o investimento, estímulo e fomento das atividades agrícolas de exportação na colônia. Foram criadas as Companhias de Comércio do Grão-Pará-Maranhão e do Pernambuco-Paraíba. A primeira foi fundamental para o desenvolvimento da cotonicultura maranhense.
Principais Produtos de Exportação
O mais importante foi o algodão, matéria-prima básica para a industrialização inglesa. Era uma lavoura em grande propriedade escravista, porém sem necessidade de instalações tão complexas e onerosas quanto os engenhos. O principal produtor, na época, foi o Maranhão (região de Caxias), destacando-se também Pernambuco, Bahia e Rio de Janeiro.
Outro produto que voltava ao mercado, e que por essa razão teve a sua produção novamente estimulada, foi o açúcar, neste momento favorecido pela decadência da produção antilhana, inclusive com a abolição do tráfico negreiro para a Jamaica. O Brasil passava a ser o terceiro produtor mundial de açúcar de cana, com destaque para a produção da Bahia, de Pernambuco e do Rio de Janeiro.
O tabaco, desde o século XVII utilizado para o escambo de negros na África e considerado monopólio régio desde 1642, teve também impulso nesse período. Seu maior desenvolvimento se deu na Bahia e sul de Minas Gerais, sendo que sua produção, exigindo cuidados especiais – adubo, galpões etc. -, era também desenvolvida na grande propriedade escravista.
Outro produto de exportação foi o cacau, que, de atividade extrativista praticada no Pará e Rio Negro, acabou sendo desenvolvido como agricultura na Bahia e Maranhão, empregando também a mão-de-obra escrava negra. O arroz, o anil e outros produtos agrícolas chegaram a ser exportados também em larga escala, nesta fase que provocou a recondução do eixo econômico para o litoral.
Neste período, um novo produto começava a se destacar na economia brasileira: o café. Introduzido no Pará ao final do século XVIII, foi trazido para a Baixada Fluminense e Vale do Paraíba onde se desenvolveu rapidamente.
Veja também:
- O Bandeirismo
- Economia Açucareira
- Economia Cafeeira
- Expansão Territorial do Brasil
- Primórdios da Colonização Portuguesa