A primeira ação armada dos tenentes no Brasil aconteceu no dia 5 de julho de 1922 e ficou conhecida por Revolta do Forte de Copacabana ou Os 18 do Forte.
Objetivos
Os tenentes defendiam a ideia de que a função do Exército era a de atuar, profissionalmente, em prol da nação em seu conjunto – e acusavam a alta cúpula militar de submissão e servilismo às oligarquias dominantes. Além disso, estavam de acordo quanto às críticas das camadas médias em relação ao domínio oligárquico.
Os tenentes criticavam o excessivo federalismo e as fraudes eleitorais e reivindicavam o voto secreto e a proibição de reeleição dos presidentes de estado (governadores), afirmando que tais medidas poderiam moralizar a vida política brasileira.
Contexto histórico
O entendimento deste levante militar no Rio de Janeiro pode ser esclarecido se observada com atenção a campanha de sucessão à presidência da República entre 1921 e 1922.
O presidente era Epitácio Pessoa (1919-1922), político da Paraíba que governava o Brasil com as bênçãos das elites mineira e paulista. Na sucessão, mais uma vez a aliança São Paulo e Minas Gerais funcionou, mas houve oposição de outras oligarquias que lançaram a candidatura de Nilo Peçanha, na chapa denominada Reação Republicana (acordo entre Bahia, Rio de Janeiro e Pernambuco). A vitória coube ao candidato da situação, Artur Bernardes.
Causas
Derrotado o candidato Nilo Peçanha, as forças de oposição tentaram impedir Artur Bernardes de tomar posse, publicando no jornal Correio da Manhã, de oposição carioca, uma carta contendo críticas e insultos ao Exército, supostamente atribuída a esse candidato. A publicação da carta causou várias levantes militares, sem consequências graves.
De maior gravidade foram a prisão do marechal Hermes da Fonseca e o fechamento do Clube Militar, por ele presidido, por ordem do presidente Epitácio Pessoa, quando da sucessão ao governo do estado de Pernambuco, em que Hermes exigiu do inspetor das forças militares do estado que reformulasse sua posição política de apoio ao candidato aliado ao presidente da República.
Como foi o movimento
Isso colocava os militares na cena política e a jovem oficialidade viu na questão a oportunidade de partir para uma ação mais contundente contra o candidato eleito. A revolta ocorria no Rio de Janeiro, mas a comunicação acerca do evento foi disseminada entre os tenentes de todo o país.
Euclides da Fonseca, filho do marechal Hermes da Fonseca – chamado nas “cartas falsas” de “sargentão sem compostura” – conduziu o levante do Forte de Copacabana.
Os vários militares amotinados logo se viram cercados e muitos desistiram de levar adiante a ideia de combater Artur Bernardes.
No entanto, alguns persistiram, mais precisamente 18, e marcharam pela Praia de Copacabana contra as tropas do governo federal.
No meio do caminho, alguns desistiram ou foram presos; os demais, com exceção de dois, foram mortos.
O legado
Iniciada a movimentação no Rio de Janeiro, não tardou para outros levantes tenentistas ocorrerem. Em 5 de julho de 1924, já no governo de Artur Bernardes, os tenentes pegaram em armas novamente contra o governo federal.
A situação era difícil, pois greves eram organizadas em algumas cidades e muitos criticavam, incluindo membros das oligarquias de outros estados, a política de valorização do café desenvolvida pelo presidente.
Artur Bernardes propôs mudanças na Constituição para centralizar mais o poder e, além disso, governou decretando várias vezes o “estado de sítio” em que garantias como o habeas corpus são suspensas.
Iniciava-se uma crise no interior das oligarquias brasileiras.
O Tenentismo
Tenentismo foi o nome dado à série de rebeliões de jovens tenentes do Exército brasileiro no início da década de 1920, descontentes com a situação política do Brasil.
Embora não lutassem por nenhuma ideologia, os movimentos político-militares propunham reformas na estrutura de poder do país, entre as quais o fim do voto de cabresto, a instituição do voto secreto e a reforma na educação pública.
Os movimentos tenentistas foram: a Revolta dos 18 do Forte de Copacabana, em 1922, a Revolta Paulista de 1924 e a Coluna Prestes de 1925.
Por: Wilson Teixeira Moutinho