Joaquim José da Silva Xavier, dito Tiradentes foi um dos líderes da Inconfidência Mineira, movimento político contra o colonialismo português organizado em Minas Gerais, a partir de 1788.
É considerado o maior Herói Nacional já consagrado pelo apoio popular e por lei, considerado o protomártir, o maior dentre todos os mártires do processo brasileiro de independência.
Biografia de Tiradentes
Órfão de pai e mãe aos 11 anos, Joaquim José foi viver com seu padrinho, o cirurgião Sebastião Ferreira Leitão, com quem aprendeu noções práticas de cirurgia e odontologia – o apelido Tiradentes foi dado a ele em razão do ofício aprendido com seu tio.
Em 1775, ingressou no Regimento de Cavalaria Paga de Minas Gerais, da Companhia dos Dragões de Vila Rica, no posto de alferes. O contraste que via entre a miséria em que viviam muitos habitantes da capitania e as grandes quantidades de ouro enviadas para Portugal, além da leitura dos revolucionários liberais franceses e norte-americanos do séc. XVIII, fizeram crescer sua revolta contra o colonialismo português.
A Inconfidência amadureceu nas reuniões com o estudante José Álvares Maciel, o padre Rolim e o coronel Joaquim Silvério dos Reis. Sem maior cautela, Tiradentes foi divulgando suas ideias, que acabaram denunciadas ao governador de Minas.
Tiradentes ficou preso por cerca de três anos e acabou declarando-se o único culpado, embora os demais réus já tivessem confessado sua participação. Só ele foi condenado à morte e enforcado em 21 de abril de 1792. Depois de morto, foi esquartejado e as partes de seu corpo foram expostas em Minas para conter outras manifestações, intimidando a população – prática comum no período do Antigo Regime.
Foi aclamado herói nacional quase um século após sua morte e considerado um dos principais precursores da Independência do Brasil. Desde 1890, a data de sua morte, 21 de abril, é feriado nacional.
A história da Inconfidência Mineira e morte de Tiradentes
Conspiração realizada na Capitania de Minas Gerais, em 1789, contra a dominação portuguesa. Entre os principais objetivos dos conjurados estavam a implementação de um regime republicano, a livre circulação do ouro e a supressão de todas as dívidas com a Coroa portuguesa.
Causas
Na primeira metade do séc. XVIII, a mineração tornou Minas Gerais uma das capitanias mais ricas da Colônia. Na segunda metade do mesmo século, a atividade mineradora entrou em decadência e, com ela, a própria Capitania. Os impostos cobrados pela Coroa portuguesa continuavam os mesmos, provocando um endividamento crescente, até mesmo dos homens mais ricos de Minas Gerais. Essa situação criou um espírito de revolta entre os mineiros. Além disso, estudantes voltavam da Europa com ideias revolucionárias, divulgando-as na Capitania.
Nesse clima, religiosos, poetas, militares, ricos fazendeiros e comerciantes começaram a conspirar. A conspiração, porém, não chegou a ser uma revolta, pois não foi além de reuniões e planos secretos.
Entre os conjurados destacou-se a figura do alferes Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes.
Planos
A revolta deveria estourar no dia marcado para a cobrança da derrama (cobrança de impostos atrasados). Os principais projetos dos conjurados eram a criação de um regime republicano; a transferência da capital, de Vila Rica para São João del Rei; a criação de uma universidade em Vila Rica; a livre circulação do ouro; e a supressão de todas as dívidas com a Junta da Real Fazenda, órgão português que cobrava os impostos.
Os conspiradores não escolheram um chefe, dividindo entre si tarefas como providenciar pólvora, bloquear estradas, capturar o conde de Barbacena e espalhar o levante para outras povoações, como São João del Rei, o Arraial do Tijuco (atual Diamantina) e Mariana.
Denúncias
A conjuração foi denunciada ao governador das Minas por três traidores: Joaquim Silvério dos Reis, Basílio de Brito Malheiros e Inácio Correia Pamplona. Os três eram militares e portugueses. O primeiro a denunciar foi Silvério dos Reis, em visita feita ao conde de Barbacena. Obteve, em troca, o perdão de sua dívida com o governo e a suspensão tanto do processo movido contra ele pelo fisco como do sequestro de seus bens.
Para evitar a revolta, o Conde de Barbacena mandou suspender a derrama e enviou, por intermédio de Silvério dos Reis, uma carta ao vice-rei Dom Luís de Vasconcelos para que mandasse prender Tiradentes no Rio de Janeiro e enviasse tropas para Minas.
Repressão
Tiradentes foi preso no Rio de Janeiro em 10 de maio, e encarcerado na Ilha das Cobras. Em Minas, as prisões começaram alguns dias depois. O padre Toledo tentou resistir, mas foi preso, bem como os principais conjurados. Em agosto de 1790, a rainha de Portugal, Dona Maria I, a Louca, criou um tribunal para julgar o processo dos inconfidentes, que se arrastou até 1792.
O poeta Cláudio Manuel da Costa foi encontrado morto em sua cela no dia 14 de julho de 1789. Segundo a versão oficial, suicidara-se. Vários inconfidentes foram condenados ao degredo. Em 19 de abril de 1792, 14 foram condenados à morte na forca, perderam seus bens, e seus filhos e netos foram declarados infames. Eram eles: Tiradentes; Freire de Andrade; Álvares Maciel; Alvarenga Peixoto; Abreu Vieira; Oliveira Lopes; Toledo Pisa; Amaral Gurgel; Vidal de Barbosa; os dois Resende Costa (pai e filho); e os padres Carlos Correia de Toledo e Melo, Oliveira Rolim e Lopes de Oliveira. No mesmo dia, era lida a nova sentença. Dos 14, apenas Tiradentes seria enforcado. A rainha havia autorizado a transformação das penas dos 13 outros réus em degredo na África.
Tiradentes foi enforcado no Rio de Janeiro, no largo da Lampadosa, atual praça Tiradentes, no dia 21 de abril de 1792.
Por: Emerson José Bezerra da Silva