O tráfico negreiro ocorrido do século XVI até sua supressão, na década de 1880, levou mais de onze milhões de africanos para uma vida de servidão e opressão no Novo Mundo.
A superexploração dessa “mão de obra”, aliada à má alimentação e aos rigores dos castigos corporais, reduzia em muito a expectativa de “vida útil” dos escravos, em média 10 anos.
O tráfico de Escravos
O tráfico negreiro na costa africana se dava de várias maneiras: poderiam ser adquiridos de mercadores muçulmanos ou diretamente de chefes africanos sempre dispostos a vender seus cativos e, até mesmo, seus súditos.
Os portugueses também se valiam das desavenças entre grupos tribais, normalmente terminadas em lutas e, consequentemente, escravos, além da corrupção dos pais, que não hesitavam em vender seus próprios filhos.
Nas trocas para a aquisição de escravos (escambo), usava-se como forma de pagamento desde a aguardente, tabaco e armas, até miçangas, quinquilharias e outras bugigangas.
Ao chegar à costa, os escravos eram geralmente conduzidos para os cercados ao ar livre, conhecidos como barracões. Antes de colocá-los à venda, seus captores tentavam fazê-los tão jovens e saudáveis quanto possível, e eles eram examinados completamente nus pelos compradores. Resolvido o preço, eram marcados nas nádegas, no seio ou no ombro, com o sinal de seu novo dono, e levados em canoas para o navio.
Uma vez a bordo, no navio, os cativos eram enfiados nus e trêmulos, nos porões, para o início de uma viagem que, dependendo das condições do tempo, podia durar até três meses. Os escravos, acorrentados aos pares, eram colocados em prateleiras, segundo um traficante inglês, “como livros numa estante”.
Nas viagens, a bordo dos navios negreiros (tumbeiros). perdiam-se aproximadamente 40% do total de “peças” embarcadas. Em alguns casos, chegavam a mais de 60%.
Já na América, o negro era submetido à violência da escravidão capitalista, sem precedente na História da Humanidade, uma vez que, nesta, o trabalhador era simplesmente um objeto, uma peça (coisa ou res), ao contrário do escravismo praticado na Antiguidade.
A carga humana era vendida na América, onde também compravam açúcar, tabaco e algodão, que levavam de volta para a Europa.
De Onde Vinham os Escravos?
Os senhores brancos do Brasil colonial não tinham noção da origem dos seus escravos; muito menos, das diferenças culturais existentes entre eles. Expressões, como Nagô, Mina, Angola ou Moçambique eram meras referências geográficas do continente africano. Para eles, não havia diversos grupos negros, mas apenas o negro escravo. Contudo, eles vinham de áreas diferentes e pertenciam a grupos culturais diferentes.
A grosso modo, os escravos africanos que vieram para o Brasil correspondiam a três grupos distintos:
• Sudaneses – representados pelos povos Yoruba, da Nigéria, destacando-se entre eles os Nagôs e os Eubá, entre outros; pelos Daomenanos – Gêges e Efan e outros; pelos Fanti e Ashanti, da Costa do Ouro – os Minas, e por grupos menores da Serra Leoa, da Libéria, da Costa da Malagueta e da Costa do Marfim.
• Bantus – representados pelos povos Angola-Congolês, das regiões de Angola e do Congo e povos da Contra-Costa, de Moçambique. Destacam-se entre estes, os Angicos, Angolas, Caçanjes e Bengalas, entre outros.
• Guineano-Sudaneses – povos africanos islamizados do Norte da Nigéria e do Sudão Oriental, genericamente denominados Malês, mas que se subdividiam em Fulas, Haussás, Mandingas e outros grupos menores.
Veja também:
- Escravidão no Brasil
- Quilombo dos Palmares
- Abolição da Escravatura no Brasil
- Resistência negra contra a escravidão