Localizado no extremo sul da América, o arquipélago das Malvinas é formado por duas ilhas principais – a Malvina Ocidental e a Oriental. Circundadas por 200 outras ilhotas, que totalizam 12 mil quilômetros quadrados, a maior parte coberta de gelo. Os moradores – pouco menos de 3 mil pessoas – vivem da pesca e da criação de ovelhas.
A língua oficial é o inglês, que grafa o nome do arquipélago como Falklands Island. Malvinas é o nome em que é conhecido pelos países de língua de origem latina. Consideram-se um anexo do Reino Unido e, portanto, têm a Rainha como autoridade máxima. O poder local é exercido por um governador em nome de sua alteza, com o apoio do Conselho Executivo e da Assembleia Legislativa.
Causas da Guerra
Em 1982, o governo militar argentino considerou erroneamente que a guerra seria uma boa oportunidade para fazer o povo esquecer o ódio à ditadura. Já Margareth Thatcher vislumbrou a oportunidade de aumentar sua popularidade entre os britânicos e conquistar um novo mandato.
Aquele 19 de março de 1982 parecia um dia como qualquer outro. Ou pelo menos seria, se o governo inglês das ilhas Falklands não notasse a presença de uma pequena frota de barcos mercantes argentinos – devidamente escoltados por navios militares – circundando o arquipélago.
Sem pensar duas vezes, os britânicos exigiram a retirada imediata da frota, mas o aviso foi ostensivamente ignorado. Em 26 de março, a junta militar que governava a Argentina decidiu invadir as ilhas.
Operação Rosário
O presidente argentino, General Leopoldo Galtieri, e sua equipe já estavam planejando a invasão ao arquipélago – ação militar que recebeu o nome de Operación Rosário – havia algum tempo.
O ataque, que seria comandado pelo almirante Jorge Anaya, estava previsto para acontecer em uma das duas principais datas nacionais argentinas – o aniversário da tomada de poder pelos militares, em 25 de maio, ou no Dia da Independência, 9 de julho.
O objetivo era claro: desviar a atenção do público dos problemas internos e restaurar a popularidade da já desgastada ditadura militar.
O incidente com os navios mercantes foi uma “desculpa” caída dos céus e fez com que o governo antecipasse o ataque. No dia 2 de abril de 1982, tropas argentinas invadiram as Malvinas.
E a guerra começa
A reação de Londres foi imediata. Margaret Thatcher – então primeira-ministra da Grã-Bretanha – cortou relações diplomáticas com a Argentina. A marinha britânica, mobilizada, partiu para o conflito a 10 mil quilômetros de distância. Três semanas depois, mesmo sem declaração formal, a guerra começou.
Os britânicos afundaram o destróier argentino Belgrano, com 350 marinheiros a bordo. Mas perderam o navio de guerra Sheffield, atingido por mísseis Exocet lançados pelos aviões argentinos.
A resistência argentina foi maior do que os britânicos esperavam e as baixas acumulavam-se nos dois lados. Margareth Thatcher declarou: “Eu não quero ver mais nenhuma vida perdida no Atlântico Sul, seja de britânicos ou argentinos, se isso pode ser evitado”. Apesar disso, as batalhas continuaram.
Em 14 de julho, os argentinos finalmente capitularam. O acordo de rendição foi assinado seis dias depois. Atualmente o dia 14 de junho comemora-se o dia da libertação e é feriado nas Ilhas Malvinas.
Consequências da Guerra das Malvinas
O número de mortos chegou perto da casa dos mil: 712 argentinos e 255 britânicos. Para Margareth Thatcher, a vitória representou o aumento de sua popularidade entre os britânicos e a reeleição para mais 8 anos de mandato.
Na Argentina, a derrota foi o tiro de misericórdia na ditadura, que pouco depois foi derrubada. As ilhas continuaram sob controle britânico.
Atualmente, a política do governo britânico tende a colocar um final na discórdia, abrindo mão da posse da ilha se a população que lá vive assim o desejar. Mas os moradores das Falklands – em sua maioria súditos britânicos – não querem.
A história do arquipélago
Quando o assunto é Malvinas, a desavença entre argentinos e ingleses chega até os livros de história. Enquanto o país sul-americano considera que a ilha foi descoberta por um espanhol, os britânicos clamam o feito para si.
A descoberta
A briga entre britânicos e argentinos começa por determinar quem foi o primeiro europeu a chegar às Malvinas. A versão argentina conta que no século XVI vários espanhóis e portugueses por lá estiveram, entre eles Esteban Gómez e Fernão de Magalhães – navegador português a serviço da Espanha que pela primeira vez cruzou o estreito que até hoje leva seu nome.
Já a Enciclopédia Britânica afirma que o navegador inglês John Davis, em 1592, foi o primeiro a avistar as Falklands (versão confirmada pelos moradores do arquepélago). De qualquer maneira, o argumento argentino para a posse das ilhas baseia-se no Tratado de Tordesilhas, que garantia aquele pedaço de terra aos reis católicos da Espanha.
A colonização
Não foram nem argentinos nem britânicos os primeiros a colonizar o arquipélago. Em 1764, os franceses fundaram uma colônia na Malvina Oriental. No ano seguinte, a ilha vizinha foi colonizada por britânicos. Dez anos mais tarde, já durante a Revolução Francesa, Paris vendeu suas terras para os espanhóis.
Isso culminou com a primeira guerra das Malvinas, em 1770, que, se não fez muito estrago, acirrou os ânimos das colônias inglesa e espanhola. A disputa aparentemente terminou pouco tempo depois, quando os ingleses resolveram abandonar suas terras, por acharem que os custos para manter a colônia não compensavam.
A Argentina na história
A Argentina só entrou nessa história em 1828, quando o caudilho Juán Manuel de Rosas – então presidente do país, independente desde 1816 – decidiu enviar tropas para colonizar as ilhas. A tentativa não foi bem-sucedida. Em 1833, os ingleses retomaram a posse das terras e aí a disputa entre os dois países começou. Em pouco tempo, a posse das Malvinas tornou-se questão de honra para os argentinos. Para Londres, a manutenção das terras no Atlântico Sul foi, por muito tempo, uma última manifestação do antigo orgulho colonialista.