Após a Segunda Guerra Mundial, o mundo foi dividido em duas esferas de influência: o bloco capitalista, sob a liderança dos Estados Unidos, e o bloco comunista, liderado pela União Soviética. Instalou-se uma tensão permanente no planeta, chamada de Guerra Fria.
Causas da Guerra Fria
As origens da Guerra Fria podem ser encontradas no final da Primeira Guerra Mundial quando, na Rússia, ocorreu a Revolução Socialista, e os Estados Unidos despontavam como grande potência.
Nessa época, surgiu um clima de desconfiança no Ocidente com a possível expansão do socialismo, que poderia vir a se chocar com os interesses capitalistas. Mas foi com o término da Segunda Guerra Mundial que o antagonismo entre capitalismo e socialismo se acentuou.
Com a Conferência de Potsdam, o mundo foi, praticamente, dividido em áreas de influência entre Estados Unidos e União Soviética. As duas potências que emergiram no pós-Segunda Guerra demonstravam interesses em expandir-se econômica e politicamente.
A tensão entre Estados Unidos e União Soviética aflorou, em 1947, quando na Turquia e na Grécia — que pela Conferência de Ialta deveriam ficar sob domínio inglês — eclodiram movimentos comunistas que pretendiam aliar essas duas nações à União Soviética. As tropas norte-americanas intervieram na região, sufocando os movimentos comunistas.
Na ocasião, o presidente norte-americano, Harry Truman, enviou uma mensagem ao Congresso, dizendo que os Estados Unidos deveriam apoiar os países livres que estavam “resistindo a tentativas de subjugação por minorias armadas ou por pressões externas”. Na realidade, a mensagem do presidente Truman — que tratava sobre a Grécia e Turquia — justificava a intervenção militar dos Estados Unidos não só nesses países, mas também em outros, nos quais os comunistas pudessem vir a disputar o controle político.
Características da Guerra Fria
A Guerra Fria, que vigorou de 1945 a 1991, caracterizou-se pelo confronto não declarado entre os Estados Unidos (EUA) e a União Soviética (URSS), assim como pela divisão do mundo em dois segmentos, com sistemas econômicos, políticos e sociais opostos. Em pouco tempo, a polarização se estendeu a todo o planeta; os EUA e a URSS criaram áreas de influência e foram respaldados por alianças político-militares.
- Bloco ocidental ou capitalista. Em 1948, o governo dos Estados Unidos aprovou o Plano Marshall, programa de ajuda econômica destinado à reconstrução dos países da Europa ocidental devastados na Segunda Guerra Mundial. Em 1949, os norte-americanos e seus aliados formaram uma aliança militar, a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), que atua até hoje.
- Bloco oriental comunista. Em 1949, para coordenar suas políticas econômicas, a URSS e seus aliados – Bulgária, Hungria, Tchecoslováquia, Polônia e Romênia, e, mais tarde, Albânia, República Democrática Alemã (RDA), Mongólia, Cuba, Vietnã e Iugoslávia – constituíram o Conselho de Mútua Ajuda Econômica (Carne ou Comecon). Em 1955, criaram uma aliança militar para se contrapor à Otan, o Pacto de Varsóvia, que se extinguiu no início dos anos 1990.
Objetivando proteger-se um do outro, os Estados Unidos e a União Soviética passaram a armazenar armas e explosivos de alto poder destrutivo, como a bomba atômica e a bomba de hidrogênio, A corrida armamentista entre as duas potências aterrorizou o mundo. Para evitar uma guerra direta, soviéticos e norte-americanos estimularam conflitos armados em diversos pontos do planeta.
A Guerra Fria influiu na organização político-ideológica dos diferentes países, que começaram a se inserir no bloco capitalista ou no bloco comunista. Os Estados Unidos e a URSS praticaram políticas de cerceamento, reprimindo a liberdade de opinião e de crítica em ambos os biocos. Os exemplos mais contundentes foram o macarthismo nos EUA e a imposição de regimes comunistas autoritários no Leste Europeu.
Fases da Guerra Fria
A Guerra Fria passou pelas seguintes etapas:
A máxima tensão (1947-1953)
Nesse período, os dois blocos se estabeleceram e as superpotências tentaram ampliar suas respectivas áreas de influência. Por isso, houve muitos atritos, e as relações ficaram tão tensas que o enfrentamento direto parecia iminente. Duas crises se destacaram:
- Crise de Berlim. Em 1948, os Estados Unidos, a Inglaterra e a França uniram suas administrações na Alemanha, criando a República Federal Alemã (RFA). A União Soviética, opondo-se a essa república, bloqueou os acessos ferroviários e rodoviários a Berlim Ocidental, que era circundada pela zona soviética; entretanto, o bloqueio fracassou porque os Aliados abasteceram a cidade pelo ar. Em resposta, a URSS criou em sua zona a República Democrática Alemã (FIDA).
- Guerra da Coreia. Após a derrota do Japão, a Coreia ficou dividida em uma zona comunista, ao norte, e uma zona capitalista, ao sul. Em 1950, os comunistas invadiram a Coreia do Sul. A Organização das Nações Unidas (ONU) condenou a invasão e aprovou uma intervenção liderada pelos Estados Unidos, enquanto, a China apoiou militarmente a Coreia do Norte. Em 1953, a paz foi firmada e as fronteiras de 1950 foram mantidas.
A coexistência pacífica (1953-1977)
Desde 1953, os EUA e a URSS iniciaram uma etapa de diálogo e distensão, embora tenha havido conflitos:
- Em 1961, o governo de Berlim Oriental mandou construir o Muro de Berlim a fim de evitar a fuga em massa de sua população para o lado ocidental. O muro tornou-se o principal símbolo da Guerra Fria.
- Crise dos mísseis em Cuba. Em 1962, os norte-americanos descobriram que estavam sendo instalados em Cuba mísseis nucleares soviéticos que seriam apontados para os EUA. Decretaram, então, o bloqueio aeronaval da ilha. O risco de uma guerra atômica era concreto. Para evitar a guerra, a URSS concordou em desmantelar as bases, e os líderes das duas superpotências iniciaram conversações, firmando, em 1968, os primeiros acordos de não-proliferação nuclear.
- Ainda em 1962, os Estados Unidos intervieram na Guerra do Vietnã, mas em 1973 foram pressionados pela opinião pública a retirar-se.
Recrudescimento e fim da Guerra Fria (1977-1991)
A partir de 1977, a URSS pôs em prática Intervenções na África e na Ásia, especificamente na Etiópia, em Angola, em Moçambique e no Afeganistão. Esse país asiático foi invadido por tropas soviéticas em 1979.
A derrubada do Muro de Berlim, em 1989, e a desintegração da URSS, em 1991, resultaram no fim da Guerra Fria. O mundo deixou de ser bipolarizado, a economia adquiriu um caráter global e os Estados Unidos tornaram-se a potência hegemônica do planeta.
Bibliografia
- BERNSTEIN, Serge; MILZA, Pierre. História do século XX: 1945-1973. O mundo entre a guerra e a paz. São Paulo: Nacional, 2007. p.269.
VIZENTINI, Paulo G. Fagundes. Da Guerra Fria à crise (1945/1990): as relações internacionais contemporâneas. Porto Alegre: UFRGS, 1990.
Por: Paulo Magno Torres