A reforma anglicana foi promulgada em 1534 pelo rei Henrique VIII, da Inglaterra. Usa como pretexto a recusa do papa em aceitar seu divórcio da rainha espanhola Catarina de Aragão. Henrique VIII rompe com a Igreja Católica e cria o anglicanismo. É reconhecido como chefe supremo da Igreja da Inglaterra.
Causas da reforma anglicana
Henrique VIII se aproveitou da fragilidade da Igreja para ampliar seu poder. Para tanto, primeiramente pediu a anulação de seu casamento com Catarina de Aragão, tia de Carlos V, imperador do Sacro Império.
O Historiador Cláudio Vicentino, no seu livro História – Memória Viva, afirma que a questão da anulação do casamento de Henrique VIII foi apenas um pretexto para apoderar-se das terras da Igreja Inglesa, retirando assim a base do poder temporal da Igreja.
Henrique sabia que dificilmente a Igreja anularia seu casamento, pois os Habsburgos (família influente e com muitos soberanos na Europa) combatiam o movimento reformador e o papa não iria criar problemas para o sistema de poder internacional que o ajudava na luta contra a “heresia protestante”. Foi o que aconteceu. A Igreja Católica não anulou o seu casamento.
Diante desta negativa, Henrique VIII foi ao Parlamento e disse que seu casamento era uma questão de Estado, pois envolvia a sucessão ao trono e era inadmissível que um poder fora da Inglaterra (poder papal) se acreditasse capaz de decidir um assunto de competência do Estado. O Parlamento apoiou o rei que, em 1534, criou o Ato de Supremacia.
Por esse ato, foi criada uma Igreja do Estado, a Igreja Anglicana, os bens da Igreja Católica em território inglês foram confiscados e ficou definido que a autoridade máxima dessa nova instituição religiosa seria o rei, porém delegando esse função ao Arcebispo de Cantuária.
Por esse expediente, Henrique VIII ampliou sua capacidade de atuação, conseguindo mais recursos para executar sua política. Foi um passo importante para a afirmação da autoridade real. Assim se processava o absolutismo real na Inglaterra.
Outro fator diferencial na Reforma Inglesa é que a grande maioria dos clérigos aceitaram a nacionalização da Igreja Inglesa, e por isso não houve quebra na sucessão dos Arcebispos de Cantuária que começou em 597 d.C. com Santo Agostinho de Cantuária e hoje já está no 105º com Sua Graça Justin Welby.
Características e ideias do anglicanismo
Como o rei não era teólogo, como Martinho Lutero e João Calvino, a solução doutrinária para a Igreja Anglicana foi a adoção da predestinação calvinista, mas com a manutenção de elementos retirados do catolicismo. Isso criou um intenso debate religioso na Inglaterra envolvendo católicos e calvinistas (puritanos).
Foi Thomas Cranmer, o Arcebispo de Cantuária da época, o mentor teológico da Reforma anglicana, elaborador do Livro de Oração Comum, livro que contém a Liturgia básica utilizada na Igreja Anglicana e que no reinado de Elizabeth se torna o líder máximo dos anglicanos.
O anglicanismo resultou da combinação de ideias católicas, luteranas e calvinistas. Em síntese, estabelecia os seguintes princípios:
- Extinção do culto aos santos.
- A Bíblia é a única fonte de fé.
- A salvação humana se dá pela predestinação.
- Cristo está presente na eucaristia em espírito.
- Manutenção de dois sacramentos: o batismo e a eucaristia.
- Culto celebrado em inglês.
- Liturgia (cerimônia religiosa) semelhante à do catolicismo.
- Hierarquia eclesiástica semelhante à do catolicismo, menos o papa, pois o chefe da Igreja anglicana era o próprio rei.
Referência:
VICENTINO, Cláudio. História: memória viva. Idade Moderna e Contemporânea. São Paulo: Scipione, 1994.
Por: Wilson Teixeira Moutinho