Fatores econômicos do Renascimento Italiano
Vários fatores explicam ter sido a Itália o berço do Renascimento. Em primeiro lugar, as cidades italianas conheceram um extraordinário desenvolvimento comercial a partir do século XII, transformando-se nos principais centros da economia europeia. Foi justamente ali que se iniciou o pré-capitalismo e, com ele, a intensificação da vida urbana, que modificaria as bases da sociedade. A vida nas cidades estreitou os contatos entre as pessoas, favorecendo o intercâmbio de ideias, a difusão de conhecimentos e uma nova maneira de ver o mundo.
O Renascimento pode ser considerado como a manifestação cultural dessa nova composição social, na qual o enriquecimento tanto de governantes como de particulares possibilitou a prática do mecenato. Sob a proteção direta de ricos patrocinadores (os mecenas), a vida cultural tendeu a expressar os valores correspondentes aos interesses da classe que emergira com o novo sistema — ou seja, a burguesia. Em suma, o Renascimento é a expressão de uma nova mentalidade, gerada pelo pré-capitalismo.
Fatores sociais: os valores burgueses
O mecenato funcionava como fator de projeção social, de perpetuação da glória dos mecenas. Num período em que a hierarquia da sociedade ainda obedecia ao critério do nascimento, a burguesia precisava encontrar outra maneira de alcançar o prestígio que o sangue plebeu lhe negava. Assim, o patrocínio de atividades culturais significaria uma elevação do status social.
Fatores políticos: o poder dos príncipes e dos papas
Entretanto, não eram apenas os particulares que praticavam o mecenato. Também os príncipes italianos (governantes hereditários de cidades-Estado), e até mesmo os papas, serviram-se dele para legitimar ou ampliar seu poder.
Para se compreender esse aspecto, é preciso considerar a peculiaridade da vida política italiana.
A Itália não possuía unidade política. Nela, a existência de numerosos corpos políticos independentes havia criado uma concepção própria de governo, a qual contrastava com o crescente centralismo dos demais países europeus.
Essa fragmentação política, da qual as cidades-Estado eram a expressão típica, fora determinada pelas constantes lutas entre o Papado e o Sacro Império Romano-Germânico. Nenhum desses dois poderes universais, que ao se chocar enfraqueceram-se um ao outro, conseguiu impor-se eficazmente na Península Itálica. Disso resultou o fortalecimento dos poderes locais que, tirando proveito do confronto entre papas e imperadores, puderam conservar sua própria independência.
É dentro desse quadro que podemos compreender as sangrentas disputas entre guelfos e gibelinos. Estas duas denominações, que a princípio se aplicavam, respectivamente, aos italianos que apoiavam o Papado e aos partidários do Império, passaram depois a designar simplesmente as facções que lutavam pelo poder dentro das cidades da Itália.
A partir do século XIV, as lutas entre os partidos urbanos deram ensejo a usurpações e à ascensão de governantes tirânicos, preocupados apenas em se manter no poder. Durante o Renascimento, esses dirigentes lançaram mão do mecenato, rodeando-se de artistas e intelectuais, para fazer da produção cultural um instrumento legitimador de sua autoridade.
Nesse contexto, o papel dos intelectuais adquiriu relevo político. Eles se encarregaram de dar, ao novo tipo de Estado assim constituído, sua justificação teórica. Com Maquiavel, nasceu a ideia da razão de Estado, cuja teoria correspondia aos desejos dos tiranos locais, posto que proporcionava cobertura ideológica a suas ações políticas.
Fatores culturais: o resgate da cultura clássica
Além da estreita conexão entre fatores econômicos, sociais e políticos que explica o Renascimento, é preciso destacar a presença da Antiguidade Greco-Romana em solo italiano. Os modelos de que os renascentistas necessitavam estavam ali, ao alcance do artista e do intelectual; e não eram apenas os monumentos, as construções e a produção escultórica, mas também as obras literárias da Antiguidade.
Devemos ainda citar a influência que a civilização bizantina exerceu no início do Renascimento Italiano. Na qualidade de depositários da tradição greco-romana, os bizantinos vinham transmitindo parte desse legado aos italianos, graças aos intensos contatos comerciais entre os dois povos. A contribuição bizantina para o Renascimento Italiano ganhou maior força quando os turcos otomanos tomaram Constantinopla (1453), o que obrigou numerosos intelectuais da cidade a se refugiar na Itália.
Expansão do Renascimento
A Renascença manifestou-se primeiro nas cidades italianas, de onde se difundiu para todos os países da Europa Ocidental. Mas em nenhum deles o movimento apresentou tanta expressão quanto na Itália. Sem embargo, é importante conhecer as manifestações renascentistas da Alemanha, França, Países Baixos, Inglaterra e, menos intensamente, da Espanha e de Portugal.
Etapas do Renascimento Italiano
Já no século XIV Dante, Boccaccio e Petrarca escreveram obras com certas características renascentistas, embora ainda impregnadas de conceitos medievais. Por essa razão, os três são classificados como pré-renascentistas.
O período áureo da Renascença, na Itália, concentrou-se entre 1450 e 1550. Nos demais países da Europa, seu apogeu ocorreu na metade do século XVI.
Veja também:
- Renascimento Comercial e o surgimento da burguesia
- Renascimento Urbano
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