História

Revolução Cubana

A Revolução Cubana foi a primeira experiência socialista que sagrou-se vitoriosa na América e alterou os rumos da Guerra Fria no que concerne à América Latina.

Contexto histórico

Cuba foi uma das mais importantes colônias da América espanhola. Além de ter sido palco de importantes acontecimentos, destacou-se pela posição geográfica estratégica que apresenta, estando muito próxima da Península da Flórida, nos Estados Unidos. Outro ponto importante relacionado a Cuba é o fato de este país ter sido a última ex-colônia espanhola a abolir a escravização de pessoas, realizando-a somente em 1886.

Estudamos no artigo sobre a independência de Cuba que ela ocorreu em 1898, ficando o seu território sob tutela estadunidense até 1902, tendo sido feita, inclusive, uma emenda à constituição cubana para que constasse a chamada Emenda Platt, que permitia a intervenção dos Estados Unidos quando julgassem necessário. Essa emenda vigorou até o começo dos anos 1930.

Nesse contexto de intervencionismo estadunidense, Cuba caracterizava-se, durante a primeira metade do século XX, pela produção de açúcar (exportado especialmente para os Estados Unidos) e pelo turismo, que atraía muitos estrangeiros. É importante destacar que os Estados Unidos investiram muito em Cuba e detinha, na década de 1950, boa parte do controle dos negócios e comércio cubanos, por exemplo, 90% das minas, 50% de terras e 75% das exportações.

Causas da Revolução

Enquanto as principais empresas da ilha se concentravam nas mãos de setores da sociedade ligados aos interesses estadunidenses, caracterizando-se um grupo restrito de pessoas, a população em geral vivia em condições de vida precárias, sem moradias adequadas, assistência educacional ou de saúde, entre outros fatores.

Em termos políticos, Cuba vivenciou ditaduras, como no caso de Gerardo Machado, que governou, com o respaldo dos Estados Unidos, entre 1925 e 1933, quando seu poder foi tomado por um movimento popular.

Entre os rebeldes, encontrava-se Fulgêncio Batista, que também viria a instaurar um governo autoritário, embora tenha sido eleito presidente da República e tenha mantido estreita relação com os Estados Unidos.

Fases da Revolução

Em 1952, Fulgêncio vislumbrou que poderia ser derrotado nas eleições, o que o levou a promover um golpe, tomando o poder por vias não democráticas. Foi então que um advogado chamado Fidel Castro, que não pôde concorrer às eleições em razão do golpe, liderou uma tentativa de tomada de um quartel no chamado “Assalto ao quartel Moncada”, não obtendo sucesso.

Após ser preso, Fidel Castro refugiou-se no México, em 1955, onde organizou um grupo de guerrilheiros, entre os quais estava Ernesto “Che” Guevara. A nova tentativa de revolta, porém, foi prejudicada por uma série de acontecimentos com a embarcação que o grupo utilizou para chegar à ilha de Cuba. Fulgêncio Batista acabou ficando a par da tentativa de invasão e ordenou que seu exército agisse contra os rebeldes. De 82 guerrilheiros, restaram somente 12, estando “Che” Guevara e Raúl Castro, irmão de Fidel, entre os sobreviventes.

Uma nova estratégia foi então adotada: os guerrilheiros decidiram se refugiar nas montanhas de Sierra Maestra, organizando-se e conquistando a confiança e a adesão da população. Durante o tempo em que estiveram na região, eles promoveram ações para a educação da população e assistências médica e sanitária.

Não demorou muito para o movimento, contando com o apoio da população, conseguir tomar cidades e derrubar Fulgêncio Batista. Havana foi tomada em 1º de janeiro de 1959.

Entrada de Fidel Castro em Havana, após derrubar Fulgêncio Batista.

No poder, Fidel Castro implementou uma série de medidas voltadas para o aparelhamento do Estado cubano, como a reforma agrária e a nacionalização de empresas de diversos setores e de instituições bancárias. Considerando-se que, anteriormente, o poder econômico e financeiro e a propriedade privada encontravam-se nas mãos dos Estados Unidos, houve significativo desagrado aos interesses estadunidenses, levando os norte-americanos a realizar boicotes de caráter econômico e, finalmente, em 1961, romperem as relações com Cuba.

Em plena Guerra Fria e sendo alvo de medidas contrarrevolucionárias patrocinadas pelos Estados Unidos, Cuba aliou-se à União Soviética, ampliando a tensão que envolvia a ilha. Nesse contexto, Cuba permitiu que os soviéticos instalassem uma base militar repleta de mísseis nucleares, levando à Crise dos mísseis de 1962.

Balanço da Revolução

Em termos sociais, a Revolução Cubana deixou frutos que são ressaltados por historiadores. Houve um significativo aumento da qualidade de vida da população, marcado, especialmente, pelo avanço na educação e na saúde do país: após algumas medidas, incluindo uma campanha convocando estudantes a realizar a alfabetização da população, os índices de analfabetismo foram reduzidos consideravelmente; a instrução da população também foi acompanhada de melhorias na assistência médica e sanitária, sendo a medicina cubana, ainda hoje, reconhecida.

Em relação à política, contudo, as forças unidas a favor da Revolução formaram o Partido Comunista de Cuba, em 1965, e tornaram-se o único partido do país – levando forças dissidentes a deixar o país. O governo de Fidel Castro passou a adotar medidas antidemocráticas, como repressão aos opositores do regime, inexistência de liberdade de expressão e censura aos meios de comunicação.

A economia cubana, por sua vez, ficou vinculada às exportações para a União Soviética, que, de acordo com estudiosos, correspondiam a 60% do comércio exterior cubano. Em relação à comunidade socialista mundial, equivalia a 75% das exportações cubanas.

Essa vinculação, entretanto, levou a uma séria crise em Cuba após o fim da União Soviética, em 1991. Os governos instaurados nos países recém-surgidos do fim do regime soviético não necessariamente mantiveram relações comerciais com Cuba, que passou a ensaiar aproximações com países capitalistas. Em 2016, o então presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, visitou a ilha, em um movimento para reatar relações diplomáticas entre os dois países.

Cuba atualmente

Fidel Castro manteve-se no poder desde a Revolução até 2008, quando, adoecido, renunciou ao poder em favor de seu irmão, Raúl Castro, o qual manteve os parâmetros de um governo unipartidário e ditatorial. Durante seu governo, a população de Cuba continuou sofrendo intervenções governamentais, por exemplo no tocante ao acesso a meios de comunicação, ainda em grande parte censurados.

Em 19 de abril de 2018, Raúl Castro deixou o poder e Cuba passou a ser governada por Miguel Díaz-Canel, por meio de eleições, embora Raúl Castro continue exercendo grande influência no governo cubano. No início de 2019, uma nova Constituição foi aprovada com 86% de apoio popular.

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