Veja quais são conceitos, origens e diferenças das correntes que polarizaram os debates durante o século XX e que perduram até os dias atuais: o socialismo e o liberalismo.
Conceitos de socialismo e liberalismo
→ Liberalismo:
Corrente de ideias ou conjunto de convicções políticas que têm como foco principal a defesa e preservação das liberdades individuais na sociedade. Essa corrente de ideias transformou-se em doutrina política, caracterizada pela limitação dos poderes do Estado.
As suas fronteiras, para os primeiros teóricos liberais, como Locke, são definidas pelo respeito aos direitos naturais dos indivíduos. Por volta de 1800, o liberalismo passou a estar associado às ideias de livre mercado e de laissez-faire, principalmente à diminuição do papel do Estado na esfera econômica. Essa tendência se reverteu no fim do século 19, com o surgimento do ‘novo liberalismo’ (distinto do que hoje se conhece como ‘neoliberalismo’), comprometido com a reforma — embora limitada — da sociedade e com legislações voltadas para aspectos sociais.
Ambas as perspectivas estão presentes nos debates contemporâneos. Alguns, como Hayek, reportam-se às ideias da economia clássica do século 18; outros sustentam os princípios da economia mista e do estado de bem-estar social. Apesar dessas discordâncias, os liberais têm em comum a valorização das liberdades individuais em detrimento do aumento do poder do Estado. Os liberais são ativos defensores do governo constitucional, dos direitos civis e da proteção à privacidade.
→ Socialismo
Ampla perspectiva política que defende o planejamento e regulação conscientes da vida social, segundo metas coletivas ou gerais (por oposição, por exemplo, aos princípios liberais de busca de vantagens individuais). O termo é também empregado para designar os regimes políticos ou formas de organização social e econômica baseados nessas ideias, e que envolvem tipicamente a limitação da propriedade privada dos meios de produção.
Como corrente política-ideológica, abrange um amplo espectro de posições, desde o comunismo, em um extremo, à social-democracia (atualmente, uma espécie de “socialismo moderado”) no outro, e é, portanto, difícil de definir com precisão.
É mais fácil caracterizá-lo em função daquilo a que se opõe, a saber, o capitalismo. Este, aos olhos dos socialistas, enriquece os detentores do capital às custas do trabalho (quando não da pobreza) das classes despossuídas; não fornece nenhuma garantia aos pobres e sacrifica o bem-estar da sociedade em função dos interesses do lucro privado.
A grande maioria dos socialistas defendia a propriedade comum dos bens de produção, seja sob forma estatal ou como propriedade dos trabalhadores mesmos (por exemplo, no sindicalismo). Além disso, os socialistas frequentemente pregavam a substituição da economia de mercado por alguma forma de economia planejada, com o objetivo de criar uma indústria socialmente responsável, voltada para as necessidades coletivas e capaz de propiciar maior qualidade de vida.
Surgimento do liberalismo e do socialismo
→ Surgimento do liberalismo
Durante o século XVIII, o poder da burguesia aumentou. Suas atividades econômicas cresceram, assim como a consciência de classe. Os burgueses basearam o poder social no sucesso econômico.
O liberalismo político surgiu no século XVIII contra o sistema de monarquia absoluta, que concentrava todo o poder nas mãos do rei. A base do liberalismo político é a divisão de poderes.
A partir de meados do século XIX, a burguesia conseguiu tomar as rédeas do poder em muitos países europeus, assumindo o lugar antes pertencente à aristocracia. Foram implantados regimes políticos liberais, baseados numa constituição escrita e no reconhecimento dos direitos dos cidadãos. A burguesia defendia os princípios de liberdade individual, econômica, política e religiosa.
→ Surgimento dos partidos
O fenômeno dos partidos políticos é comum tanto na Antiguidade como no Renascimento. O partido político (tal como o conhecemos hoje) surgiu com o sistema parlamentar. Num primeiro momento, os partidos eram agrupamentos de burgueses que defendiam seus interesses econômicos e políticos. A partir do final do século XIX, nascem os partidos de massa que aglutinam o proletariado – partidos socialista e comunista.
→ Surgimento do socialismo
O sonho da igualdade social começou na Europa no século XIX. Descontentes com o modelo capitalista, por causa da desigualdade social e da desumanidade que impunha, vários pensadores desenvolveram os ideais socialistas de sociedade.
Dentre eles, destacaram-se Robert Owen – adepto do chamado socialismo utópico, segundo o qual o social ou o coletivo tem mais importância que o indivíduo – e Pierre Proudhon – da corrente anarquista, defensor do coletivismo. Como ponto em comum, todos se opunham a qualquer forma de autoridade e defendiam a liberdade e a igualdade.
A teoria socialista propõe que, num primeiro momento, o Estado assuma o controle da produção econômica e administre os bens nacionais, possibilitando a todos os cidadãos aquilo que necessitam para viver e pagando a eles pelo trabalho realizado em favor da coletividade. Num segundo momento – diz a teoria criada por Karl Marx e Friedrich Engels –, quando a sociedade tiver os seus bens em comum, com todos trabalhando e sem desigualdade de classes sociais, o Estado pode desaparecer. Seria, então, o comunismo.
Durante o século XX, vários países tentaram percorrer o caminho do chamado socialismo real como alternativa aos princípios capitalistas, na busca de um modelo social menos injusto, mais igualitário e de um regime de trabalho menos desumano.
Diferenças entre um liberal e um socialista
Um liberal típico acredita no esforço individual como base do progresso e é contra a interferência do governo na sociedade. Se o Estado, por exemplo, desse dinheiro aos pobres, tiraria capitais de outras forças produtivas, atrasando o progresso econômico e social, diziam os liberais.
Já um socialista diria que a pobreza é resultado da exploração própria do capitalismo. Para evitar a pobreza, somente uma revolução que instalasse a ditadura do proletariado, primeiro passo para o comunismo. Para os anarquistas, o culpado dos males sociais é o poder (do Estado, da Igreja ou dos patrões). Um adepto da doutrina social da Igreja diria que os pobres devem ser amparados, evitando-se o excesso de exploração.
Veja também:
- História do Liberalismo
- História do Socialismo
- Socialismo Científico – Marx e Engels
- Crise do Socialismo
- Neoliberalismo