Após a rendição do governo alemão na Primeira Guerra Mundial, foram realizadas diversas conferências no palácio de Versalhes (França), nas quais participavam os representantes dos países vencedores da guerra. Tais conferências eram lideradas pelos representantes dos Estados Unidos, da França e da Inglaterra e, a partir delas foi criado o Tratado de Versalhes, um tratado de paz que pôs fim oficialmente à guerra.
A assinatura do Tratado pelos alemães ocorreu no dia 28 de junho de 1919 no Salão dos Espelhos do Palácio de Versalhes, depois da relutância do governo alemão em assinar uma paz vergonhosa. O governo alemão foi advertido de que, se não aceitasse as cláusulas do tratado e se negasse a assiná-lo, seu território seria invadido por tropas aliadas.
Cláusulas
O Tratado de Versalhes foi constituído por 440 artigos divididos em cinco capítulos: O Pacto da Sociedade das Nações; Cláusulas de Segurança; Cláusulas Territoriais; Cláusulas Financeiras e Econômicas; Cláusulas Diversas.
Pelas Cláusulas de Segurança, a Alemanha foi totalmente desarmada, proibida de fortificar ou alojar tropas na margem esquerda do Reno; obrigada a reduzir os efetivos militares (100 mil homens, entre oficiais e soldados) e extinguir o serviço militar obrigatório (alistamento voluntário); o país teve suspensa a marinha de guerra e ficou impedido de possuir submarinos, aviação de guerra e naval e artilharia pesada, sendo, portanto, obrigado a entregar todos os submarinos e marinha de superfície (exceto 6 couraçados pequenos, 6 cruzadores ligeiros, 6 destróieres e 12 torpedeiros).
As Cláusulas Territoriais dispuseram sobre a devolução da Alsácia-Lorena à França, Eupen e Malmédy à Bélgica, Schleswig à Dinamarca. A Alemanha entregou parte da Alta Silésia à Tchecoslováquia, cedeu parte da Pomerânia e da Prússia Ocidental à Polônia, com garantias aos poloneses de uma saída para o mar, dividindo o território polonês em dois, separados pelo corredor polonês. Impuseram-lhe a “renúncia” a todas as colônias, beneficiando principalmente a França e a Inglaterra.
Pelas Cláusulas Econômico-Financeiras e a título de “reparação”, os alemães deveriam entregar locomotivas, parte da sua marinha mercante, um oitavo de suas cabeças de gado, maquinários, materiais de construção, produtos químicos e ceder à França a região do Sarre, podendo os franceses explorar as jazidas carboníferas ali existentes por quinze anos. Ficou obrigada, ainda, a fornecer, por dez anos, toneladas de carvão à França, Bélgica e Itália.
Ainda, como “culpada pela guerra”, a Alemanha pagaria, num prazo de 30 anos, pelos danos materiais causados aos aliados e avaliados em 420 bilhões de marcos pela Comissão de Reparos nomeada pelos governos aliados, o equivalente a 33 bilhões de dólares, o triplo do valor sugerido por peritos economistas da Conferência de Versalhes.
Nas Cláusulas Diversas, a Alemanha reconhecia a independência da Polônia e da Tchecoslováquia; ficava proibida de se unir à Áustria (Anschluss, a anexação da Áustria alemã) e reconheceria os demais tratados assinados.
Consequências
O Tratado de Versalhes causou uma grande indignação na população alemã, que julgava injustas e muito humilhantes todas as imposições do acordo. O pagamento da astronômica indenização fez a economia da Alemanha cair por terra e as próximas duas décadas foram marcadas por uma enorme crise no país: desemprego, inflação, desvalorização da moeda.
Essa crise econômica, política e moral trouxe de volta o nacionalismo alemão, que, mais tarde, faria com que o país enfrentasse mais um conflito armado: a Segunda Guerra Mundial.
A mudança do mapa político europeu
Como vimos, pelo Tratado de Versalhes, houve alterações notáveis no mapa político europeu após o término da Primeira Guerra Mundial.
Em primeiro lugar, os chamados “impérios centrais” não mais existiam (Segundo Reich e Império Austro-Húngaro). No lugar desses impérios, nasceram novos países: a Polônia, que recebeu da Alemanha uma faixa de terra para ter acesso ao porto livre de Gdansk, a Tchecolováquia, que recebeu da Alemanha a região dos Sudetos, além de ter sua autonomia reconhecida, e a Iugoslávia, que consagrou a realização da Grande Sérvia na região balcânica, entre outras mudanças.
Observe os mapas a seguir.
Referências bibliográficas
- COTRIM, Gilberto. História Global – Brasil e Geral – volume único. São Paulo: Saraiva, 2005.
- JANOTTI, Maria de Loudes. A Primeira Guerra Mundial – o confronto do imperialismo. São Paulo: Atual, 1992.
- MARQUES, Adhemar Martins. História Contemporânea – documentos e textos. São Paulo: Contexto, 1999.
Por: Mayara Lopes Cardoso