Os contos de fadas são histórias que, desde a antiguidade, as pessoas transmitem de geração em geração. Muito tempo se passou desde sua origem, mas esses textos foram lidos e relidos em todas as épocas e são até hoje.
No princípio, os contos tinham como público-alvo os adultos e caracterizavam-se por serem narrativas bastante fortes, que mostravam traições, vinganças e mortes. Com o tempo, esses contos sofreram diversas adaptações até chegar à forma hoje conhecida, muito mais voltada ao universo infantil do que ao adulto.
Em geral, pais e avós costumam ler para as crianças histórias que se passam em reinos distantes e envolvem príncipes, princesas, fadas, dragões, feiticeiros, dentre muitos outros elementos mágicos.
Alguns estudiosos acreditam que os contos de fadas sejam mais do que simples histórias contadas para entreter crianças e fazê-las dormir. Segundo eles, os ensinamentos sobre a essência humana presentes nos contos ajudariam a preparar leitores e ouvintes para a vida adulta. Por meio das histórias fictícias, a criança teria possibilidade de identificar muitas situações presentes em sua própria vida e, assim, poderia lidar melhor com o cotidiano.
Provavelmente, você já leu e ainda lê muitos contos de fadas. Histórias como a de Cinderela, Bela Adormecida, Chapeuzinho Vermelho, João e o Pé de Feijão, entre outras, estão muito presentes no imaginário de todos. É difícil encontrar alguém que nunca tenha ouvido falar delas.
Elementos dos contos de fadas
Personagens básicos:
Segundo estudiosos do gênero, normalmente, aparecem os mesmos tipos de personagens em todos os contos.
- O agressor: aquele que executa uma maldade; é o vilão da história.
- O doador: aquele que doa sua magia para que o herói consiga vencer seus obstáculos. Em geral, é a fada madrinha.
- O auxiliar: personagem secundário que ajuda o herói a vencer seus desafios.
- A princesa e sua família: personagens muito importantes em torno dos quais a história gira.
- O mandatário: personagem que pratica um crime a mando de outro.
- O herói: personagem que vai restabelecer a situação inicial de paz.
- O falso herói: tenta se passar por herói, mas, na verdade, só pretende causar mais conflitos. Atenção: não há uma regra rigorosa para as personagens; no conto “Chapeuzinho Vermelho”, por exemplo, a heroína é uma menina do campo, e o vilão é representado por um lobo.
Presença de elementos mágicos e fantasiosos:
Fadas, feiticeiras, animais com características humanas, objetos que voam etc. Esses seres mágicos são importantes na história, pois sempre ajudam o herói a alcançar seu objetivo.
A magia está relacionada a situações que não existem na realidade, mas que fazem todo o sentido na atmosfera do conto. Não é lógico encontrar uma fada madrinha e ser transformado em um belo príncipe; porém, no conto de fada, esse tipo de situação é esperado pelo leitor.
Estrutura dos contos de fadas
– Situação inicial:
No início, tudo está tranquilo, “a princesa vivia feliz em seu castelo”. Pode-se também chamar de estabilidade, pois tudo está em paz. As personagens são felizes e têm uma vida muito calma.
Em “Cinderela”, a jovem de mesmo nome ainda vivia com seu pai, que era vivo. Em “Chapeuzinho Vermelho”, a menina morava com a mãe, que a amava e tinha uma avó querida a quem fazia visitas frequentes. Em “A Bela Adormecida”, todo o reino estava feliz com a chegada da nova princesa.
– Complicação ou conflito:
Há uma transformação, algo acontece e desequilibra a situação inicial. Pode-se também chamar de ruptura, pois um acontecimento inesperado rompe com toda a estabilidade inicial do conto. A paz transforma-se em pesadelo e as personagens não são mais felizes.
Em “Cinderela”, esse acontecimento é a morte do pai. Em “Chapeuzinho Vermelho”, a desobediência da menina ao optar pelo caminho perigoso da floresta. Em “A Bela Adormecida”, a maldição rogada pela fada que não tinha sido convidada para o batizado.
– Desenvolvimento:
Nesta parte, a narrativa é tensa, há um confronto, pois as personagens devem encontrar uma forma de solucionar os problemas que aparecem.
Em “Cinderela”, aparece a fada madrinha que, por meio da magia, consegue transformá-la em princesa e ajudá-la a ir ao baile. Em “Chapeuzinho Vermelho”, aparece o caçador, que resgata Chapeuzinho e a avó da barriga do lobo. Em “A Bela Adormecida”, surge um belo príncipe que desperta a princesa do sono de cem anos.
– Desfecho ou final:
É o momento posterior ao conflito, em que a estabilidade do início do conto é restaurada. O final é feliz, e as personagens ficam em paz.
Tanto em “Cinderela” quanto em “A Bela Adormecida”, as princesas casam-se com os príncipes, e, em “Chapeuzinho Vermelho”, a menina e a avó são salvas e retornam à situação inicial do conto. Os príncipes recebem recompensas, e os vilões são punidos.
– Tempo:
Normalmente o tempo é indefinido, as histórias começam com “era uma vez”. Você deve estar pensando: mas nem todos os contos de fadas têm fadas e princesas! Realmente, mas eles possuem a mesma estrutura e alguns elementos mágicos, portanto também podem ser chamados de contos maravilhosos! Há sempre um personagem que, se tiver uma boa conduta, terá um final feliz, recebendo uma recompensa, mas, se for ruim, será punido.
– Narrador:
Normalmente o conto de fadas é narrado em terceira pessoa, isto é, quem conta a história não participa dela.
– Temática:
Pode-se depreender dos temas, ensinamentos, como é o caso de “Chapeuzinho Vermelho”, cujo desfecho ensina às crianças que a obediência aos pais é sempre recomendada, para não se correr o risco de ter de enfrentar situações perigosas. A contextualização desse fato na vida real é perfeitamente pertinente.
– Lugar:
Os principais cenários dos contos de fadas são as florestas, os bosques, os castelos, os palácios e os pequenos vilarejos.
Os principais autores dos contos
Um dos primeiros escritores apontados como autor do conto de fada infantil foi o francês Charles Perrault, no século XVII. “O Pequeno Polegar”, “O Gato de Botas”, “Barba Azul”, “A Bela Adormecida”, dentre muitos outros, fazem parte de sua obra. Muitas dessas histórias já existiam na tradição oral, mas ele as organizou e criou uma versão definitiva de sua autoria.
Mais tarde, no início do século XIX, os folcloristas alemães Jacob e Wilhelm Grimm, mais conhecidos como os irmãos Grimm, reescreveram e publicaram esses contos com algumas modificações. Atualmente, a versão dos irmãos Grimm é a mais comum.
Também no século XIX, na Dinamarca, surgiu outro autor que iria tornar os contos de fadas ainda mais populares: Hans Christian Andersen. São da autoria dele os famosos contos “O Patinho Feio”, “A Pequena Sereia”, “A Princesa e a Ervilha”, dentre outros.
No mesmo período, Lewis Carroll também começou a se destacar na Inglaterra. Ele escreveu um livro que você certamente conhece: Alice no País das Maravilhas. Na verdade, não se trata exatamente de um conto, devido à sua extensão, mas sua estrutura textual se enquadra muito bem nesse gênero literário.
Por: Viviane Lima Vidal