Muito antes de nossa espécie começar a pensar sobre fenômenos, acreditávamos em mitos, ou seja, a realidade nos era revelada através de mensagens, de diferentes formas, vindas de divindades.
Na Mesopotâmia, Pérsia e Egito por exemplo, dentre diversas outras civilizações pré-históricas e também no período inicial da Antiguidade Grega, realidade era um conjunto de narrativas místicas.
Mitos em mais detalhes
De acordo com o pensamento mítico, a realidade que engloba a natureza e a sociedade provém das vontades de um deus ou do relacionamento entre os deuses.
Cientificamente conhecidos como seres supranaturais, a ordem do Universo e seus fundamentos acredita-se serem exclusivamente suas influências.
Estas verdades reveladas pelos deuses a alguns seres humanos eram culturalmente fixados como absolutas e exigía-se aceitação sem críticas, ao contrário, era considerado ofensa.
Os que recebiam as mensagens tornavam-se responsáveis por sua conservação e difusão na sociedade por meio de poemas ou pregações religiosas.
Detalhes que fazem toda a diferença
Acreditava-se que os mitos, por serem mensagens diretas dos deuses, possuíam complexidade além da capacidade humana para compreensão.
Por mais que todas possuam condições racionais de entendimento, são inúmeros os detalhes em todas as culturas que marcam contradições.
Incoerência em diversos pontos são predominantes nas religiões da Antiguidade, porém, discutir sobre não era uma opção.
A busca por conhecimento
Independente de como tenha sido empregada, a abordagem mítica é a primeira proposta organizada para alcançar conhecimento sobre a realidade em qualquer sentido sociocultural.
Sua busca pouco refinada procurava explicar a relação dos humanos com o planeta desde as origens até os acontecimentos da época.
Com este princípio, temos o primórdio de existência além de apenas saciarmos as necessidades humanas para sobrevivência.
Esta busca ambiciosa por respostas, por mais que não tenha influenciado metodologias práticas como a criação de novas ferramentas agrícolas, instigou a curiosidade de muitos até chegarmos onde estamos hoje.
Análise sobre a necessidade humana dos mitos
Se até mesmo crianças buscam conhecer de onde os nenéns vêm, adultos possuem uma pressão incrivelmente maior em encontrar sentido à suas vidas.
Conforme envelhecemos, nos deparamos com situações cada vez mais elaboradas que nos distanciam de padrões que encontrávamos como jovens, além de serem:
- Completamente sem amparos
- Incontroláveis
- Perigosa
Mitos, nesta perspectiva, facilitavam e tranquilizavam forças da natureza em prol de ordem e estabilidade.
Diante de uma vida caótica à frente, as culturas antigas encontraram em seus mitos a oportunidade de guiarem seus jovens desde a raíz para se prepararem ao inesperado e conseguirem encontrar felicidade.
Características do pensamento mítico
Por fim, vamos à definição do que vem a ser o pensamento mítico:
- Os relatos míticos são apresentados como verdades comunicadas pelos deuses a alguns seres humanos.
- A validade das narrativas míticas repousa no prestígio social de quem as transmite – por exemplo, poetas e autoridades religiosas supostamente inspirados pelos deuses –, e não da qualidade de seus relatos.
Para finalizar, é importante reiterar as características básicas do pensamento mítico, procedimento conveniente para o entendimento da originalidade cultural instaurada pelo conhecimento filosófico:
- O mito compreende a formação das realidades natural e social em bases sobrenaturais, quer dizer, a partir das ações de divindades.
- Os mistérios e as contradições dos mitos são apresentados como características próprias de sua natureza sagrada, acima do simples entendimento humano.
- A aceitação das supostas verdades míticas exige uma crença prévia que exclui a possibilidade de debates e discussões sobre suas afirmações.
Por: Wilson Teixeira Moutinho
