O conceito Parque Infantil como diferencial da ideia de Creche
O conceito de creche parte do principio de resguardar a criança e prepara – lá para entrar no aprendizado de maior complexidade, no ensino básico fundamental. Condicionada como instituição do Estado foi tida como dever da nação, opção da família e um direito da criança.
A concepção de “preparar as crianças” provém desde o surgimento da creche, desde o início do século XX na Europa onde era necessário “liberar a mulher para o trabalho” e das ideias que era desumano “conceber crianças ao trabalho fabril, pois estas necessitam de um espaço privilegiado de aprendizagem” e preparo para a vida adulta. No entanto, no Brasil surge uma nova interpretação de como conceber o espaço de ensino ás crianças, por intermédio do Escritor e membro do governo Municipal de São Paulo na década de 30 Mario de Andrade. Esta propunha para a criança um espaço de aprendizagem no qual ela poderia “exercer seu direito de ter infância”.
A institucional creche, diferente da Nova Abordagem do aprender (no que Mario de Andrade batizou de Parques de Infantis), desde a estrutura física do ambiente até mesmo a concepção pedagógica da educação infantil. Nos IP a educação infantil voltava-se para o lúdico, o espaço físico aberto permitia que atividades corporais fossem desenvolvidas entre as crianças, o lúdico na aprendizagem era priorizado como também a cultura nacional e a produção de cultura. Outra característica importante deste Parque era proporcionar a criança a vivencia coletiva (no mesmo espaço adultos e crianças) como ambiente de educação e cuidado, com o
“objetivo de garantir o direito de infância à criança: o direito de brincar. A não trabalhar, a expressarem-se das mais variadas formas e intensidades, promovendo o exercício de todas as dimensões humanas (lúdica, artística, do imprevisto, da cultura infantil e seu intercâmbio com os adultos e outras culturas.”(Educação & Sociedade, ano XX, nº 69, dezembro/99;p. 61).
Nos Parques Infantis entre educar e cuidar não havia separação, ao mesmo tempo em que era preenchido um espaço vago no cotidiano da criança, era dada a ela a possibilidade de não ser só consumidora de cultura, mas também produtora. Aulas de arte, música e artesanato eram ministradas por educadores orientados a não transmitir propriamente conhecimento; também se desenvolvia ensinamentos básicos de saúde, pois como a creche atendia boa parte da classe de proletários e se entendia que esta classe tinha que ter essa atenção especial, e também, acompanhamento psicológico; mas nos Parques Infantis o Estado prontificava-se em adicionar este conteúdo nos ensinamentos.
A projeção de busca de uma identidade nacional, propicia do período Vargas, tinha grande ênfase nesta fase em que se encontrava a sociedade brasileira, o reflexo disso nos IP não poderia ser de outro modo além de fortificar a cultura nacional. Oficialmente os IP tinham como objetivo a educação moral, higiênica e estética (Ato 767, de 1935, art. 5º i DC, 1936).
Os PI’s (parques infantis) foram espaços proporcionais à construção ética contida na formação social da criança, assim considerados principalmente como espaços de formação complementar. A estrutura pedagógica dos PI’s em comparação com as creches demonstra, por exemplo, diferenças em aspectos como: as crianças nas creches tinham como ofício o resguardo, ou seja, estavam guardadas, seguras em quanto seus familiares estivessem ausentes, devido o trabalho na maioria dos casos. Já nos PI’s, apesar de servir às crianças como ocupação de tempo livre (não-aula) não resume-se simplesmente em abrigá-las, mas proporcionar uma educação além da oficial escolar. Configurava-se em socializá-las com crianças de outras idades em um ambiente propicio ao desenvolvimento lúdico para brincadeiras; havia também um trabalho com enfoque na saúde das classes populares, principais frequentadores. O PI conformar-se num ambiente de relacionamento social com maior amplitude cultural e do movimento físico da criança atendida. A estrutura educacional difere da escolar institucional, propriamente dita, pois proporcionava a convivência de diferentes idades sem uma classificação. Tanto crianças de 3 anos quantos mais velhos, além dos 6 anos que os parques tinham como propósito atender, devido ao convívio de irmãos de idades diferentes,fazia do Parque uma espaço diversificado, dando ainda mais a característica de parque com propósito construção da identidade Infantil.
Os Parques por si integram-se como forma de complemento a formação infantil. Formação esta não contemplada pela escola institucional, as creches que, por suas vezes, abrigam as crianças. Com o princípio diferente o PI forma pessoas para uma saúde perfeita, para a disciplina ideal de um futuro defensor da nação.
Bibliografia
FARIA, A.L.G de. A contribuição dos parques infantis de Mário de Andrade para a construção de uma pedagogia da educação infantil. Educação e Sociedade, dez. 1999, vol.20,nº 69,p.60-91.
Veja também:
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- Os Fazeres na Educação Infantil
- Jogos, projetos e oficinas para a educação infantil
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