Um dos mais influentes intelectuais de todos os tempos, Karl Heindrich Marx idealizava uma sociedade com uma justa e equilibrada distribuição de renda.
Segundo sua linha de pensamento, os indivíduos estão organizados em classes (dominante e dominada) conforme a distribuição dos meios de produção (relações de produção) – determinismo econômico.
A sociedade seria formada por uma infra-estrutura, a qual é reflexo da superestrutura e age dialeticamente sobre a mesma. A ideologia é uma inversão da realidade e garante a reprodução da dominação de classes. Para ele, o capitalismo é um sistema no qual a burguesia concentra o capital e os meios de produção (instalação, máquina e matéria-prima) e explora o trabalho do proletariado, mantendo-o numa situação de pobreza e alienação.
Por estar baseado numa característica contraditória, a de explorar o seu próprio alicerce – a classe trabalhadora -, o sistema prepara o caminho para a sua própria destruição. O capitalismo levaria a luta de classes a um ponto crítico, em que o proletariado, privado de sua liberdade por meio da contínua exploração, acabaria por se unir. A derrota da burguesia coincidiria com a instalação do comunismo.
Existem alguns textos redigidos por Marx e Engels que abordam sobre a formação e o ensino em que a concepção de educação está proferida com o horizonte das relações sócio-econômicas daquela época.
Sua obra é bastante vasta, contemplando temas especificamente econômicos, filosóficos, históricos, antropológicos e sociológicos.
O ponto de partido para Karl Marx é a existência de indivíduos que vivem em sociedade e estabelecem relações, sendo que a essência do homem é o conjunto das relações socias. O que diferencia o homem de outros animais é que ele produz os seus próprios meios de existência. Nesse sentido a educação é um elemento de manutenção da hierarquia social.
Uma das possibilidades de viabilizar a emancipação do ser humano consiste na integração entre ensino e trabalho. A esta integração ele designou ensino politécnico, através do qual o indivíduo se desenvolverá atrvés numa perspectiva abrangente. “A integração entre ensino e trabalho constitui-se na maneira de sair da alienação crescente, reunificando o homem com a sociedade…”Gadotti (1984, p. 54-55).
Uma contradição importante refere-se a perda da autonomia do processo produtivo, ficando sujeito às decisôes tomadas pelos administradores, inclusive a partir da introdução de modernas máquinas e mudanças, visando aumentar a produção e o lucro.
O ensino seria um instrumento para o conhecimento e também para a transformação social e do mundo.
Karl Marx propõe a recuperação do sentido do trabalho enquanto atividade fundamental, na qual o indivíduo humaniza-se sempre ao invés de alienar-se do mundo. Uma educação “omnilateral” continua faltando em nossa sociedade e o atual sistema educativo exclui e domina os indivíduos.
A obra do filósofo alemão originou várias vertentes pedagógicas comprometidas com a mudança da sociedade. Combater a alienação e a desumanização era a função social da educação. Para tanto seria importante aprender competências fundamentais para a compreensão do mundo físico e social.
Marx valorizava a gratuidade da educação e percebia na instrução das fábricas, criadas pelo capitalismo, qualidades que poderiam ser aproveitadas para um ensaio transformador. Entendia que a educação deveria ser ao mesmo tempo intelectual, física e técnica.
Um dos principais objetivos da transformação prevista por Marx seria a recuperação em todos os homens o seu pleno desenvolvimento integral, sendo este o sentido no qual a educação ganha importância no pensamento marxista.
Marx propôe uma escola que qualifique melhor os trabalhadores e lhes abra caminho para a emancipação como ser humano e ser crítico diante da realidade em que vive.
Atualmente considera-se a educação um dos setores primordiais para o desenvolvimento de um país.
Sob o ponto de vista educacional atual as ideias de Karl Marx são muito significativas no sentido de orientar a atuação dos profissionais como mediadores da transformação social tão necessária para a sociedade, a fim de formar no indivíduo a consciência de que ele faz parte do todo e não deve nunca se tornar um ser alienado. Uma escola para todos é construída com a participação de todos os envolvidos neste processo, principalmente a família e a escola.
Atualmente o sistema educacional brasileiro apresenta-se em processo de mudanças: a introdução de novas tecnologias e da inclusão digital, a criação de novas instituições de ensino, propostas pedagógicas baseadas na realidade local do aluno, programas educativos voltados para a alfabetização de jovens e adultos (redução do analfabetismo) seguidos da sua inserção no mercado de trabalho, valorização do professor, a participação social, a pluralidade cultural e a formação do cidadão. Nesse sentido a educação não só ganha mais força com também mais significado para os indivíduos.
Karl Marx deixa seu legado para ser analisado e aplicado de forma a beneficiar a sociedade por inteiro, principalmente através das ações críticas dos indivíduos que a constituem.
REFERÊNCIAS
BATTINI, Okçana. Sociologia: a Ciência da Sociedade: 26/04/2006, turma 1, módulo 1, 1° semestre de 2006, noturno.
GADOTTI, Moacir. Concepção dialética da educação: Um estudo introdutório. 3a ed. São Paulo: Cortez, 1984. MARX, Karl, ENGELS, Friedrich. A Ideologia Alemã.
MIRANDA, José Vicente Augusto das Neves. Fundamentos da Sociologia da Educação / José Vicente Augusto das Neves Miranda, Marcus Roberto de Oliveira – Curitiba: IBPEX, 2005.
REVISTA Nova Escola – São Paulo/Editora Abril/Fundação Victor Civita, 1986 – mensal.
Por: Iara Maria Stein Benítez
Veja também:
- O que é Sociologia
- Educação e Filosofia
- Princípios do ensino e finalidades da educação
- A problemática da educação no Brasil
- O que é Educação
- Gestão da Ação Educativa