Política

O governo de Mikhail Gorbatchev

Eleito secretário-geral do Partido Comunista em março de 1985, Mikhail Gorbatchev, preocupado com a desaceleração do crescimento econômico e com o atraso tecnológico da URSS, desencadeia, em 1986, a glasnost e a perestroika, que, como ele próprio reconhece depois, definem o que deve ser destruído e mudado, mas não o que deve ser construído no lugar das estruturas antigas.

A perestroika, ou reestruturação econômica, consiste num projeto ambicioso de reintrodução dos mecanismos de mercado, renovação do direito à propriedade privada em diferentes setores e retomada do crescimento. A perestroika visa liquidar os monopólios estatais, descentralizar as decisões empresariais e criar setores industriais, comerciais e de serviços em mãos de proprietários privados nacionais e estrangeiros.

O Estado continua como principal proprietário, mas é permitida a propriedade privada em setores secundários da produção de bens de consumo, comércio varejista e serviços não-essenciais. Na agricultura é permitido o arrendamento de terras estatais e cooperativas por grupos familiares e indivíduos. A retomada do crescimento é projetada por meio da conversão de indústrias militares em civis, voltadas para a produção de bens de consumo, e de investimentos estrangeiros.

A glasnost, ou transparência política, desencadeada paralelamente ao anúncio da perestroika, é considerada essencial para mudar a mentalidade social, liquidar a burocracia e criar uma vontade política nacional de realizar as reformas. Abrange o fim da perseguição aos dissidentes políticos, marcada simbolicamente pelo retorno do exílio do físico Andrei Sakharov, em 1986, e inclui campanhas contra a corrupção e a ineficiência administrativa, realizadas com a intervenção ativa dos meios de comunicação e a crescente participação da população. Avança ainda na liberalização cultural, com a liberação de obras proibidas, a permissão para a publicação de uma nova safra de obras literárias críticas ao regime e a liberdade de imprensa, caracterizada pelo número crescente de jornais e programas de rádio e TV que abrem espaço às críticas.

Com essas reformas ocorrem movimentos que Gorbatchov não consegue controlar, conduzindo de uma grave crise econômica, social e política, à sua própria queda, em 1991, e à desintegração da União Soviética.

Na política externa, Gorbatchev, inaugurou um estilo dinâmico e comunicativo, multiplicando os apelos ao desarmamento. Não se opõe às mudanças que afetaram a Europa do Leste a partir do final de 1989 e aceitou a unificação da Alemanha, assinando o tratado de Moscou em setembro de 1990.

Em dezembro de 1990, Gorbatchev reforça seus poderes presidências e se aproxima a uma nova equipe conservadora que tentou derrubá-lo através de um golpe de Estado em agosto de 1991. O fracasso dessa tentativa provocou o desmantelamento da URSS. Os reformistas, liderados por Yeltsin, passaram a representar a principal força política. Restabelecido em suas funções, Gorbatchev se demitiu da secretaria do Partido Comunista, que foi suspensa dois dias depois. Reivindicando a instituição de uma nova União de Estados Independentes que garantisse a manutenção de um sistema comum de defesa e de trocas econômicas, Gorbatchev abandonou seus poderes em favor dos presidentes das repúblicas, que decidiram pela extinção da URSS e pela formação de uma Comunidade de Estados Independentes em dezembro de 1991.

As mudanças do Leste Europeu

Em abril de 1985, surgiu um fato novo, decisivo para o futuro da Europa do Leste. Mikhail Gorbatchev chegava ao poder na União Soviética, com um amplo programa de reformas democráticas em seu país. Um empreendimento que em poucos anos mudaria sensivelmente a disposição geopolítica do planeta. O programa de Gorbatchev foi anunciado em 1986, durante o 27° Congresso do Partido Comunista.

Prevendo futuras fraturas nos países integrantes do Bloco Soviético (URSS, Polônia, Romênia, Bulgária, Hungria, Tchecoslováquia e Alemanha Oriental) Gorbatchev propôs o que se chamou de “Doutrina Sinatra”. Dali em diante cada país acharia seu próprio caminho (My Way) para permanecer ou não socialista, escolhendo ficar ou não dentro do Bloco Soviético.

A “era Gorbatchev” logo provocou um novo comportamento político nos países do Leste Europeu. Multiplicaram-se os movimentos democráticos na Hungria e na Tchecoslováquia. Na Polônia, o Solidariedade passou à ofensiva e reconquistou a legalidade. Mas foi na Alemanha, em 1989, que aconteceram as transformações mais expressivas. Aproveitando o clima de abertura, milhares de alemães-orientais começaram a deixar o país, a partir de agosto de 1989. Na Alemanha Oriental, o dirigente Erick Honecker ainda tentou conter o ímpeto de mudanças no país. Mandou reprimir algumas manifestações mas foi desencorajado por Gorbatchev durante os festejos, em Berlim, do 40° aniversário de fundação da República Democrática Alemã, em outubro de 1989.

Na noite de 9 de novembro de 1989, depois de crescentes manifestações que obrigaram o regime da RDA (Alemanha Oriental) a capitular, milhares de alemães começaram a demolir o Muro de Berlim que separava a ex-capital da Alemanha desde 1961. Enquanto isto se sucediam as transições, ora pacíficas (como na Tchecoslováquia e Hungria) ora violentas (como na Romênia e na Iugoslávia) dos regimes comunistas para os democráticos. O desmoronamento da parte ocidental do Bloco Soviético, os então chamados países-satélites, deu o fim ao Pacto de Varsóvia e ao seu sistema defensivo, corroendo, dois anos depois, a própria estrutura interna da URSS.

Hungria e Polônia se tornam livres em 1990, a Tchecoslováquia divide-se em duas: República Tcheca e Eslováquia em 1991, através da Revolução de Veludo.

Em 1980, com a morte de Josef Broz Tito, na Iugoslávia, esta começa a se desintegrar devido a rivalidades étnicas, religiosas, históricas, culturais e territoriais, coisas estas que Tito soube contornar dando ao poder central o rodízio entre as etnias diferentes e que com sua morte veio à tona, explodindo em separações e guerras civis étnicas violentas, assim surgem a Croácia, Eslovênia, Bósnia-Herzegovina e Macedônia (Sérvia, Montenegro e as regiões de Vojvodina e Kosovo constituem o que sobrou da Iugoslávia), porém o conflito ainda não acabou e poderá explodir novamente.

O fim da U.R.S.S.

Nos anos de 1980, a situação da União Soviética era crítica em vários setores. A economia planificada estatal não conseguia uma indústria de consumo forte e eficiente, produzindo mercadorias de baixa qualidade e em sua maior parte obsoletas; a agricultura não apresentava a produtividade desejada; a burocracia soviética e a centralização política geraram distorções de toda ordem, entre elas a corrupção e o emperramento da máquina estatal. Enquanto isso, no Ocidente, fervilhavam as inovações tecnológicas, modernização das indústrias e a sofisticação dos bens e das mercadorias. Para se manter como grande potência hegemônica, a URSS destinava grande parte de seu orçamento para a manutenção do seu enorme exército e da indústria bélica, investindo poucos recursos para o setor civil na busca de novas tecnologias na modernização de seu parque industrial. Por todos esses motivos, tinha poucas condições de concorrer com o Ocidente rico e dinâmico.

Em função desses problemas, em 1985, quando Mikhail Gorbatchov assume o poder, é implantada a “glasnost” e a “perestroika”. Com essas transformações na URSS houve uma repercussão no bloco socialista, em especial no Leste Europeu, isto é, países satélites que estavam sob influência soviética desde o fim da Segunda Guerra Mundial. Em 1989, caiu o Muro de Berlim, o maior ícone da Guerra Fria, que dividia fisicamente a cidade de Berlim, na Alemanha, em setor oriental (socialista) e setor ocidental (capitalista). Em 1991, Gorbatchov renuncia chegando assim o fim da URSS.

Do desmembramento da URSS, surgiram 15 novos países, que procuraram manter suas fronteiras e se fortalecer em relação ao antigo poder central. Paralelamente ao seu apoio à desintegração da URSS, o Presidente da Rússia Boris Yeltsin articulou a criação da Comunidade de Estados Independentes (CEI), que reúne doze ex-repúblicas soviéticas (não foram incorporadas Lituânia, Letônia e Estônia), mas que ainda carece de consistência material e política.

A Rússia ocupou a cadeira de membro permanente do conselho de Segurança da ONU, até então ocupada pela URSS. A desagregação da União Soviética colocou sérios problemas para a comunidade internacional, sobretudo em relação ao controle do artesanal nuclear, embora a Rússia tenha assumido a garantia de todos os compromissos internacionais da URSS.

Conclusão e opinião

A partir da ascensão de Mikhail Gorbatchev, em 1985, a União Soviética experimentou uma fase de transição rumo a uma nova ordem política, ao modelo de economia de mercado e a uma nova orientação nas relações internacionais.

Com o fim da URSS o Partido Comunista também acaba, o Leste Europeu se viu independente do controle soviético e se volta para o Ocidente, surgiram novos países e outros se dividiram, todos aderiram ou estão aderindo ao modelo capitalista.

Se Gorbatchev não fizesse a perestroika e nem a glasnost talvez a URSS não teria se extinguido e o comunismo ainda estaria dominando parte do mundo. Mas como o comunismo é um sistema em que a ideia fundamental é boa mas apresenta diversos problemas, o mais provável é que a URSS acabaria de uma forma ou de outra, ou,se não acabasse, o mundo ainda estaria presenciando a Guerra Fria ou talvez até uma Terceira Guerra Mundial se algumas das duas super potências (EUA ou URSS) resolvesse utilizar seu artesanal nuclear.

Bibliografia

  • Geografia Uma Análise do Espaço Geográfico, 2a edição, Editora Harbra, Coimbra,Pedro J. e Tibúrcio,José Arnaldo M., pág 439
  • Grande Enciclopédia Larousse Cultural, editora Nova Cultural, volume 10, 11, 19 e 23.
  • Apostila do curso e colégio Objetivo, terceiro ano do ensino médio, 2000, volume 4 e 5.
  • Apostila de Geopolítica semi-extensivo do método Positivo, 2003

Por: Regina Welzl

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