Recobrando os conceitos de oração e período, lembre-se de que um período pode ser constituído de uma ou mais orações. Quando há pelo menos duas orações, tem-se um período composto. Quando isso ocorre, em geral as orações são ligadas por uma conjunção, que estabelece algum tipo de relação entre ambas (ou mais de duas orações).
Essa relação entre as duas ou mais orações pode ocorrer de duas formas distintas: por coordenação ou por subordinação.
1 – Período composto por coordenação
Num período composto por coordenação, as duas orações analisadas são sintaticamente independentes. Ou seja, caso coloquemos qualquer uma delas só, o sentido permanece. Entre elas, aparece uma conjunção que sugere uma ideia decorrente da somatória de ambas.
Embora a presença de uma conjunção evidencie a existência da coordenação entre duas orações, há possibilidade de que essa relação ocorra sem conjunção – nesse caso estamos diante de orações coordenadas assindéticas. Vírgulas podem separar as orações, em lugar da conjunção, embora isso não ocorra em 100% dos casos. Um exemplo de orações coordenadas assindéticas seria:
Quando a conjunção é explícita, a coordenação ocorre do mesmo modo, mas as orações coordenadas passam a se chamar orações coordenadas sindéticas. As orações coordenadas sindéticas podem ser divididas em grupos específicos.
a) Oração coordenada sindética aditiva: quando a conjunção expressa sentido de soma, adição. As duas orações funcionam de acordo com a mesma ideia. Exemplo:
Expressões que introduzem orações aditivas, na maioria dos casos, incluem e, nem, mas também, não somente, como também.
b) Oração coordenada sindética adversativa: quando a conjunção coloca as duas orações em contraposição – uma das orações é “adversa” à outra. Exemplo:
Expressões que introduzem orações adversativas, na maioria dos casos, incluem mas, porém, contudo, entretanto, todavia.
c) Oração coordenada sindética alternativa: quando a conjunção expressa um sentido de alternância, de opções de ação. Exemplo:
Expressões que introduzem orações alternativas, na maioria dos casos, incluem ou, quer… quer, ora… ora, já… já.
d) Oração coordenada sindética conclusiva: quando a conjunção leva o leitor a concluir algo. Exemplo:
Expressões que introduzem orações conclusivas, na maioria dos casos, incluem logo, portanto, pois (após ao verbo), então.
e) Oração coordenada sindética explicativa: ao invés de uma conclusão, a conjunção coloca uma ideia que explica algo. Exemplo:
Expressões que introduzem orações explicativas, na maioria dos casos, podem incluir pois, porque, que, já que, uma vez que, porquanto.
2 – Período composto por subordinação
A subordinação implica que uma das orações, em geral a segunda delas, está subordinada à outra – ou seja, ela sintaticamente depende da oração que comanda o período. A oração subordinada irá sintaticamente completar de forma semântica a oração principal. As orações subordinadas podem ainda ser subdivididas em três tipos:
- adverbiais
- substantivas
- adjetivas
2.1 – Orações subordinadas substantivas
Como o nome diz, nessa relação a oração subordinada assume o papel de um substantivo – o tipo de oração irá variar conforme o papel sintático desse “substantivo” em relação à oração que comanda. Basta lembrar da análise sintática que o sentido e tipo de oração virá imediatamente à cabeça.
a) Oração subordinada substantiva subjetiva: nesse caso, a oração subordinada inteira funciona como sujeito da oração principal. No exemplo, basta colocarmos o período numa ordem simples e fazermos a pergunta – “o que é verdade” – e a oração em negrito responderá a pergunta como sujeito.
b) Oração subordinada substantiva objetiva direta: quando a oração subordinada exerce a função de objeto direto do verbo da oração principal. A mesma regra aplica-se – fazer a pergunta. “O que o escrito sabia?”. A resposta é a oração em negrito.
c) Oração subordinada substantiva objetiva indireta: similar à objetiva direta, mas a oração exerce o papel de objeto indireto da primeira oração. Geralmente virá, como o objeto indireto, precedida de preposição a conjunção. Exemplo:
d) Oração subordinada substantiva completiva nominal: a oração funciona como complemento nominal. Atenção, pois esta oração é muito parecida com as objetivas direta e indireta. O que ocorre aqui é que a oração funcionará sempre como complemento do substantivo e não do verbo, como no exemplo, onde a oração completa “necessidade”:
e) Oração subordinada substantiva predicativa: quando a oração subordinada exerce a função de predicativo do sujeito da oração principal. O predicativo do sujeito, vale lembrar, só aparece com verbos de ligação. Exemplo:
f) Oração subordinada substantiva apositiva: quando a oração subordinada exerce a função de aposto de um termo da oração principal, e por essa razão, é preciso ter cuidado para não confundir a oração com subordinadas adverbiais causais, consecutivas ou mesmo coordenadas explicativas. Exemplo:
g) Oração subordinada substantiva com função de agente da passiva: quando exerce função de agente da passiva. Lembre-se de que o agente da passiva é aquele que, quando a frase é colocada na voz ativa, exerce o papel do sujeito. Exemplo:
2.2 – Orações subordinadas adverbiais
As orações subordinadas adverbiais desempenham função comparável a um advérbio. Sintaticamente, essas orações funcionam como um adjunto adverbial da oração principal e exprimem alguma circunstância ou ideia.
a) Oração subordinada adverbial causal: a causa da ação exprimida na oração principal é dada por essa oração subordinada. Exemplo:
Expressões que introduzem orações causais, geralmente incluem porque, pois, uma vez que, visto que.
b) Oração subordinada adverbial comparativa: a oração subordinada expressa uma comparação à ação exprimida na oração principal. Exemplo:
Expressões que introduzem orações comparativas, geralmente incluem como, mais do que, menos do que, tanto quanto, como se.
c) Oração subordinada adverbial concessiva: a oração subordinada expressa uma concessão, ou seja, uma ideia semanticamente oposta que é colocada como uma “barreira” à ação da primeira, que ainda assim ocorre. Exemplo:
Expressões que introduzem orações concessivas geralmente incluem embora, conquanto, ainda que, mesmo que.
d) Oração subordinada adverbial condicional: a ideia é novamente oposta, porém encerra uma condição ou uma possibilidade. Exemplo:
Expressões que introduzem orações condicionais geralmente incluem se, caso, contanto que, desde que.
e) Oração subordinada adverbial conformativa: apresenta uma conformidade, ou seja, uma espécie de modelo ou guia para a realização da ação na oração principal. Exemplo:
Expressões que introduzem orações conformativas geralmente incluem conforme, como, segundo, consoante.
f) Oração subordinada adverbial consecutiva: a oração subordinada exprime uma consequência da ação realizada na oração principal. Exemplo:
Expressões que introduzem orações consecutivas geralmente incluem que, tanto que, de sorte que.
g) Oração subordinada adverbial final: a ideia da oração subordinada exprime uma finalidade da ação principal. Exemplo:
Expressões que introduzem orações finais geralmente incluem a fim de que, para que, que.
h) Oração subordinada adverbial proporcional: há uma ideia de proporção ou gradação. A oração subordinada estabelece algo como “etapas” da realização da ação principal. Exemplo:
Expressões que introduzem orações proporcionais geralmente incluem à proporção que, ao passo que, à medida que.
i) Oração subordinada adverbial temporal: essa oração subordinada determina o momento em que a ação da oração principal ocorre. Exemplo:
Expressões que introduzem orações temporais geralmente incluem quando, enquanto, assim que, desde que.
2.3 – Orações subordinadas adjetivas
O adjetivo é uma palavra que atribui uma qualidade ou modifica um substantivo ou pronome. Sintaticamente, uma oração pode exercer esse mesmo papel – o de adjunto adnominal em relação a uma oração principal. Quando isso ocorre, temos uma oração subordinada adjetiva.
De acordo com o que transmite, a oração subordinada adjetiva pode ser classificada em dois tipos: restritiva e explicativa.
a) A oração subordinada adjetiva restritiva ocorre quando a oração subordinada restringe ou estabelece uma “categoria” mais limitada dentro da amplitude sugerida por um substantivo, pronome ou expressão substantiva.
Ou seja, “os alunos não terão de vir em dezembro” se aplicaria a todos os alunos. Contudo, por meio da oração subordinada adjetiva restritiva, aplicamos essa possibilidade apenas a um grupo restrito de alunos, aqueles que “obtiveram melhores notas”.
b) A oração subordinada adjetiva explicativa explica uma circunstância a respeito do substantivo ou pronome que complementa. Em vários casos, é difícil distingui-la da oração restritiva ou mesmo de outras classes de orações subordinadas. Primeiramente, a oração irá se referir ao substantivo ou pronome – o que a qualifica como adjetiva. Além disso, geralmente estará colocada entre vírgulas e não criar uma restrição, mas sim aprofundar o que sabemos a respeito do substantivo ou pronome.
O exemplo II é a adjetiva explicativa. Nela, podemos compreender que todos os alunos estarão dispensados em dezembro – e isso ocorre porque eles todos obtiveram melhores notas. No exemplo I, a restritiva, apenas os alunos que obtiveram melhores notas estarão dispensados.
Por: Carlos Artur Matos