Muitas vezes, o falante apresenta vícios na fala e transfere-os para a escrita. Por isso, é importante ficarmos atentos a essas inadequações, já que, muitas vezes, não as percebemos.
Recebem o nome de vícios de linguagem os desvios da norma-padrão da língua, ocorridos nos campos morfossintático, semântico ou fonético.
1. Barbarismo
É o nome que se dá aos erros de grafia, morfologia, semântica ou de pronúncia.
Exemplos
- Adevogado por advogado.
- Obteram por obtiveram.
- Rúbrica em vez de rubrica.
- Pousar em vez de posar.
2. Estrangeirismo
Espécie de barbarismo que consiste em dar preferência ao uso de palavras ou expressões de língua estrangeira, mesmo quando há vocábulo equivalente em português.
Exemplos
- Upgrade (anglicismo) em vez de “atualização”.
- Mise-en-scène (galicismo) no lugar de “encenação”.
A globalização facilitou a importação de vocábulos, o que não é necessariamente ruim para a língua portuguesa. Devem-se evitar, porém, as construções sintáticas estranhas ao idioma, como: “darei meu melhor” (my best) no lugar de “darei o melhor de mim”.
É necessário, também, usar com parcimônia termos próprios do campo da informática ou de outros campos técnicos. O emprego de certos vocábulos fora de seu contexto não é recomendável. São exemplos desses vocábulos: inicializar (iniciar), deletar (apagar), design (desenho), designer (desenhista), implantar (instalar, adotar, instituir) e outros.
Veja mais em: Estrangeirismo.
3. Solecismo
É o vício de linguagem que consiste no desrespeito às regras de colocação, concordância e regência.
Exemplos
- Ele havia despedido-se de todos.
- Acabou os brigadeiros.
- Há quanto tempo não lhe via!
4. Ambiguidade ou anfibologia
É a construção frasal que permite mais de uma interpretação.
Exemplo
- Dr. Machado, Felício pediu que lhe informássemos que ele perdeu suas planilhas de custo.
Veja mais em: Ambiguidade e Redundância.
5. Obscuridade
Vício que ocorre quando falta clareza, no texto, por falha de construção.
Exemplo
Quando as normas, mesmo tendo sido apresentadas e impressas para dar aos alunos, para que não venham dizer depois que desconheciam as regras da escola, são desobedecidas é muito ruim.
6. Cacófato ou cacofonia
São sons desagradáveis ao ouvido formados, muitas vezes, pelo encontro do final de um vocábulo e começo de outro, que se encontra a seguir. Isso acontece porque o encontro de certos fonemas pode produzir efeito diferente do esperado, criando novas palavras com sentido inadequado, muita vezes engraçadas.
Exemplos:
- Respondi às perguntas por escrito, já que tinha as recebido por e-mail. (Já + que + tinha = jaquetinha)
(O correto é: Respondi às perguntas por escrito, uma vez que as recebi por e-mail. - Ontem, eu vi ela ontem. (vi + ela = viela)
(O correto é: Ontem, eu a vi ontem.)
7. Colisão
Consiste em som desagradável formado pela sucessão de fonemas consonantais.
Exemplo
- Pedro Paulo Pereira Pinto, primoroso pintor português, pinta portas e paredes por preços populares.
8. Hiato
É o som desagradável formado pela sucessão de fonemas vocálicos.
Exemplo
Ou eu o ouvia ali, ou não o ouvia mais.
9. Eco
Som desagradável provocado pela repetição de palavras com finais sonoros idênticos ou parecidos.
Exemplo
- Mais adiante os policiais deram flagrante num meliante.
10. Pleonasmo
- É o reforço desnecessário.
Exemplos
- Todos foram unânimes quanto a esse assunto. (“Unanimidade” traz implícita a ideia de “totalidade”.)
- Há três anos atrás, esse problema não existia. (“Há”, no exemplo, é sinônimo de “faz”, em referência a tempo passado.)
Devemos evitar os pleonasmos. Conheça alguns deles:
- há … atrás (usar “há seis anos”ou “seis anos atrás”);
- encarar de frente;
- monopólio exclusivo;
- elo de ligação;
- surpresa inesperada;
- todos unânimes.
Por: Wilson Teixeira Moutinho