Elementos Químicos

Chumbo

Os alquimistas medievais acreditavam que o chumbo era o mais antigo dos metais e o associavam ao planeta Saturno: saturnismo, ainda hoje, é o envenenamento por inalação ou ingestão de sais de chumbo.

Chumbo é um elemento químico do grupo dos metais. Maleável e resistente, é mau condutor de eletricidade. Seu número atômico é 82 e o símbolo químico é Pb, derivado do latim plumbum. Tem uma vasta gama de aplicações e é um dos metais mais utilizados no mundo.

O uso do chumbo remonta a 5000 a.C., com os egípcios, que o utilizavam para a cunhagem de moedas e fabricação de cosméticos. Os jardins suspensos da Babilônia, construídos em 600 a.C., tinham calhas de chumbo para manter a umidade. Os gregos exploraram as jazidas de chumbo de Laurium no quinto século a.C., e os romanos fabricaram canos de chumbo no século III a.C. Na Idade Média, usou-se chumbo para armar os vitrais das igrejas, e em calhas, escoadouros, encanamentos  e nos tetos das catedrais, mosteiros e castelos. O chumbo foi também usado na guerra, graças ao baixo ponto de fusão, para lançá-lo derretido sobre os invasores, e à densidade, para fabricação de balas de canhão e outros projéteis.

A produção de chumbo acentuou-se no século XIX, quando aumentaram suas aplicações industriais. Metais leves e resistentes, como o titânio, vieram substituí-lo, com a consequente queda no volume de produção. Entre os compostos de chumbo destaca-se o mínio, empregado como protetor do ferro contra corrosão. O chumbo é empregado como protetor de tubulações e cabos subterrâneos condutores de eletricidade. Não deve entretanto ser empregado para conduzir água. Por absorver radiações de ondas curtas, é usado como protetor de reatores nucleares, aceleradores de partículas e equipamentos de raios X e transporte e armazenagem de material radioativo.

Numerosos sais de chumbo têm as mais diversas aplicações: o amarelo e o vermelho de cromo como corantes e pigmentos; o monóxido de chumbo, ou litargírio, na fabricação do vidro, na vulcanização da borracha, e como componente de esmaltes vítreos; o dióxido de chumbo nas placas positivas de baterias elétricas; o carbonato de chumbo fornece o alvaiade.

Obtenção e produção

A principal fonte de chumbo é a galena, cuja mineração visa também o aproveitamento de outros metais a ela associados, como prata, ouro, zinco, cádmio, bismuto, arsênio e antimônio. Como os minérios de chumbo – galena, cerusita e anglesita – são de composição extremamente variável, existem diversas técnicas de mineração. A galena, que normalmente contém 86,6% de chumbo, está sempre misturada a outros metais.

O minério é preparado por ustulação (aquecimento do ar), para separação do enxofre, quando o sulfeto de chumbo converte-se, pela volatilização do dióxido de enxofre, em óxido de chumbo. Pela fusão, o óxido de chumbo é reduzido em alto forno, ao qual se adicionam o coque, um fundente e o óxido de ferro. O produto obtido, chamado chumbo bruto, ou chumbo de obra, é separado dos demais elementos (mate e escória) por diferença de densidade dos produtos no cadinho. Em seguida, é submetido a refinação, para remoção das impurezas metálicas, por refinação eletrolítica ou por destilação. O chumbo obtido por esse processo pode apresentar teor de pureza de 99,999%.

A produção mundial de chumbo concentra-se nos Estados Unidos, Austrália, Canadá, Peru e México. Algumas jazidas do norte e sudoeste da África aumentaram muito sua produção no final do século XX. Quase todo o chumbo produzido é consumido pelos Estados Unidos e Europa. Tomando como base de cálculo a tonelagem de metal refinado, o chumbo ocupa o quinto lugar dentre os metais, depois do ferro, alumínio, cobre e zinco.

No Brasil, a produção iniciou-se na Bahia, ainda hoje o maior produtor do país, vindo em seguida São Paulo e Paraná. Os minérios de chumbo brasileiros, principalmente a galena, apresentam alto teor de prata (cerca de 2,5kg para uma tonelada de chumbo refinado). Ao final do século XX, estimava-se que a produção brasileira seria suficiente para atender à demanda interna.

Autoria: Laura Bonati