Produção e acúmulo de lixo
O lixo produzido pelos homens das cavernas, quando eles habitaram o planeta, era composto por cascas de frutas, sementes e restos de animais. Este tipo de lixo pode ser utilizado como adubo orgânico, pois contém substâncias importantes para aumentar a fertilidade do solo. Além disso, pode ser reciclado rapidamente pela natureza.
Porém, a espécie humana descobriu o fogo e, com o passar do tempo, passou a fabricar objetos de metal, de barro, de vidro e de outros materiais. A descoberta de novos materiais diversificou o lixo produzido pelo homem.
Por volta do século XVIII, novas máquinas e novas indústrias passaram a produzir um tipo de lixo diferente, os resíduos industriais.
Atualmente, vivemos em uma sociedade consumista. Para que haja grande produção de bens de consumo, como roupas, guloseimas, automóveis, eletroeletrônicos, entre outros, ocorre desgaste dos nossos recursos naturais.
Na nossa sociedade, muitos produtos são descartáveis, o que gera um grande acúmulo de lixo em nosso planeta.
Tipos de lixo
O lixo doméstico pode ser orgânico ou inorgânico. Veja a seguir as diferenças entre lixo orgânico, inorgânico e industrial.
- Lixo orgânico: são detritos sólidos naturais, provenientes de seres vivos, como restos de alimentos, estrume de animais, restos vegetais e matéria orgânica. Todo esse material sofre decomposição e pode formar adubo orgânico, restaurando a fertilidade do solo ou produzindo gás metano.
- Lixo inorgânico: é de difícil decomposição ou não biodegradável, por isso deve ser separado do lixo orgânico para ser reciclado.
- Lixo industrial: inclui resíduos provenientes de inúmeras fontes, como matadouros, curtumes, fábricas de tintas, de papel, plásticos etc., que são liberados no ambiente, na maioria das vezes, sem nenhum tratamento. Durante a utilização dessas substâncias, muitas vezes são empregados produtos químicos não reutilizáveis. Substâncias sintéticas, ou não naturais, como as utilizadas em detergentes, podem não ser biodegradáveis.
Destino do lixo
Lixão
São produzidas, no Brasil, aproximadamente 240 mil toneladas de lixo por dia. Esse lixo é levado para o lixão ou para os aterros sanitários. O lixão é um terreno que recebe o lixo produzido pelas pessoas que moram na cidade.
Nesse local, aparecem muitos insetos, ratos e outros animais, atraídos pelos restos de alimentos. Esses animais podem transmitir doenças ao ser humano.
A decomposição do lixo produz um cheiro muito ruim e um líquido escuro: o chorume. Esse líquido contém matéria orgânica e produtos tóxicos. Esses produtos tóxicos vêm de tintas, solventes, pilhas, lâmpadas fluorescentes e outros materiais que jogamos no lixo.
Com a chuva, esses produtos tóxicos podem contaminar os rios e os lençóis freáticos que abastecem a água de poços, contaminando, assim, a água de muitas casas, tornando-a imprópria para consumo.
Por todos esses motivos, o lixão não é o melhor lugar para o lixo produzido na cidade. Mas, a maior parte do lixo, no Brasil, ainda é levada para os lixões.
Há também um problema social que envolve os lixões. Atualmente, em nosso país, existem muitas pessoas desempregadas, que, sem outra alternativa, procuram nos lixões restos de alimentos para sustentar suas famílias.
Essas pessoas ficam expostas aos produtos tóxicos e, ao lado de outros animais, recolhem o alimento que será levado para suas casas. Recolhem também latas, garrafas e papéis que podem ser vendidos para que possam ganhar algum dinheiro.
Para que isso não ocorra, é preciso que se criem mais programas que proporcionem melhores condições de vida para as pessoas que estão nessa situação.
O ideal seria empregar essas pessoas para que elas possam sustentar suas famílias com dignidade.
Dar alimentos, cestas básicas e roupas resolve o problema temporariamente, mas essas pessoas têm é que ter como sustentar suas famílias durante toda a sua vida.
Aterro sanitário
O aterro sanitário é bem diferente do lixão. Nesse lugar, o lixo é colocado em trincheiras abertas no solo, e essas trincheiras são forradas com material impermeável.
No aterro sanitário, há o escoamento da água da chuva e do chorume separadamente, evitando a contaminação da água, e os gases tóxicos produzidos saem por tubulações.
O lixo é espalhado e amassado por um trator. Depois disso, esta camada de lixo é coberta por terra. Após esse procedimento, uma nova camada de lixo poderá ser depositada sobre a primeira.
O aterro sanitário dura, aproximadamente, 10 anos e necessita de áreas muito grandes. Ele é mais caro que o lixão, porém preserva a saúde de inúmeras pessoas.
Incineração
Outra forma de eliminar o lixo é a incineração, um processo em que os dejetos são queimados em câmaras de incineração. As cinzas resultantes podem ser utilizadas pela indústria de fertilizantes.
São incinerados, principalmente, resíduos hospitalares, alimentos contaminados, substâncias tóxicas e produtos farmacêuticos com prazo de validade vencido. Uma desvantagem da incineração é a liberação de gases tóxicos para a atmosfera. Portanto, para minimizar a poluição do ar, há necessidade da instalação de filtros e equipamentos especiais.
Usinas de compostagem
Existem maneiras de a matéria orgânica do lixo ser aproveitada pela ação dos seres decompositores: os fungos e as bactérias.
Nas usinas de compostagem, onde a parte orgânica do lixo é transformada por ação de micro-organismos, são produzidos adubos utilizados na agricultura. No processo da compostagem, o material orgânico do lixo sofre um tratamento biológico, do qual resulta o chamado “composto”, utilizado na fertilização do solo.
Biodigestores
Outra forma de evitar a poluição e a contaminação do solo e, ainda, produzir energia é a construção de biodigestores, recipientes grandes e fechados onde a matéria orgânica do lixo sofre decomposição, como na compostagem.
Esses equipamentos facilitam o reaproveitamento de detritos orgânicos e geram energia, gás e adubo, também chamados de biogás e de biofertilizantes.
Como reduzir o lixo
A conscientização e a educação da população é fundamental para a redução do lixo. Podemos começar, por exemplo, ensinando a regra dos 5 Rs: repensar, recusar reduzir, reutilizar e reciclar.
Repensar
Antes de adquirirmos um produto, é importante pensarmos na real necessidade dessa compra. Uma vez adquirido, é preciso pensar na prática da coleta seletiva para seu descarte. Jogue fora apenas o que não for reutilizável ou reciclável. Portanto, ao repensarmos os hábitos de consumo e descarte daquilo que adquirimos, contribuímos para a redução do lixo gerado.
Recusar
Procure comprar produtos que não prejudicam o ambiente e a saúde. Evite o excesso de sacos plásticos e prefira produtos de empresas que tenham compromisso com o ambiente.
Reduzir
Muitas vezes, compramos coisas de que não necessitamos, as quais vão se acumulando, até que um dia resolvemos jogá-las no lixo. Sem falar dos produtos protegidos com embalagens de poliestireno. Portanto, é preciso reduzir o consumo exagerado, comprando aquilo de que realmente necessitamos.
Reutilizar
Avaliar se o que pensamos em jogar não pode ser reutilizado, como, por exemplo, garrafas de refrigerante, que podem servir de potes de sorvete e de comida. Se usarmos mais de uma vez as coisas que consumimos, estaremos diminuindo a quantidade de lixo doméstico.
Reciclar
A reciclagem, além de reduzir o volume de lixo, diminui a exploração dos recursos naturais, e, algumas vezes, é mais barata que a produção de um material feito da matéria-prima bruta.
Metais, papéis, vidros e plásticos são materiais que podem ser reciclados, transformando-se em matéria-prima para a fabricação de novos produtos. Um exemplo é a lata de alumínio; o Brasil é o país que mais recicla essas latinhas.
Tratamento do lixo: saneamento básico
Os projetos de saneamento básico têm como objetivo evitar que dejetos humanos e lixo doméstico, hospitalar e industrial sejam lançados diretamente no solo, trazendo prejuízos aos seres vivos. Pode-se melhorar as condições de vida da população com a:
- coleta de lixo;
- construção de redes para a coleta e o tratamento dos esgotos;
- instalação de estações de tratamento da água que abastecem as cidades.
O tratamento de esgoto evita a contaminação do ambiente por fezes, urina, detergentes não degradáveis e outros componentes nocivos à saúde. Quando o esgoto não tratado é jogado diretamente nos rios, há sérios prejuízos ao ambiente. As estações de tratamento de água são importantes, pois garantem que a água dos rios se torne potável, isto é, própria para o consumo.
Nas estações de tratamento, a água recebe várias substâncias, como, por exemplo, o sulfato de alumínio, que aglutina as partículas de sujeira.
Após a filtragem, nos filtros de areia, é feita a cloração da água, adicionando-se cloro, substância que mata as bactérias. Após essa etapa, a água pode ser utilizada.
A ação conjunta do indivíduo, da população, e dos órgãos públicos contra toda forma de poluição, preserva as reservas de água e a saúde da população.