A descrição ocorre pela necessidade de explicar como são os seres, os objetos ou os lugares aos quais se faz referência. Descrever um ser, objeto ou lugar é apresentá-los por meio das palavras, de forma que quem não os conhece possa fazer uma ideia de como são.
Descrever, portanto, consiste em apresentar partes ou traços característicos de seres, lugares, ambientes, objetos, sentimentos ou fenômenos. As descrições por palavras podem ser encontradas nos textos literários, nos manuais de instruções, nos folhetos turísticos, nos anúncios.
Como fazer uma descrição
Toda descrição deve mostrar as qualidades ou características daquilo que está sendo descrito. Por isso, para fazer uma descrição é preciso observar minuciosamente a realidade que se quer descrever e selecionar os traços que a definem e que interessa ressaltar.
Também é necessário ordenar os elementos selecionados de acordo com um critério preciso (de cima para baixo, da esquerda para a direita, do primeiro plano ao fundo). Por fim, a descrição deve ser exata e expressiva.
Observar e selecionar → Ordenar → Elaborar o texto
Portanto, para realizar uma descrição, é preciso seguir uma série de passos ou fases, dentre os quais se destacam:
- Observação minuciosa daquilo que vai ser descrito.
- Seleção dos traços que caracterizam o que está sendo descrito: sua forma, sua cor, seu tamanho, sua constituição.
- Definição da disposição dos elementos selecionados: de cima para baixo, da esquerda para a direita, do anterior para o posterior.
- Redação da descrição, sempre de acordo com os objetivos buscados: em geral, exatidão e expressividade.
Nas sequências discursivas descritivas predomina o uso de substantivos, adjetivos e verbos de estado e de situação. Exemplo:
Dois garotos estão em um lago enorme, com algumas árvores no fundo, brincando de jogar água com um filhote de elefante.
Classificação da descrição
Dependendo das características da realidade que se descreve, do tratamento que se dá a essa realidade e da intenção de quem escreve, uma descrição pode ser classificada de diversas maneiras.
TIPOS DE DESCRIÇÃO CONFORME… | |
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as características da realidade: | Exaustiva e seletiva |
o tratamento da realidade: | Estática e dinâmica |
a intenção comunicativa: | Objetiva e subjetiva |
1. Descrição exaustiva e descrição seletiva
De acordo com as características da realidade que o emissor seleciona, a descrição pode ser exaustiva ou seletiva:
- A descrição exaustiva reflete de forma detalhada e meticulosa todas as características da realidade que se quer representar, mostrando-a, às vezes, de pontos de vista distintos. Essa forma de descrição é própria dos textos científicos e técnicos. Exemplo:
Abricoteiro: I. árvore frondosa de até 18 m (Mammea americana), da fam. das gutíferas, nativa da América Central e cultivada no Brasil, de folhas verde-escuras, coriáceas, flores brancas, aromáticas, solitárias ou em pares, e frutos grandes e carnosos, quase esféricos, com casca marrom e muito dura; fornece madeira dura e resistente, e é esp. cultivada pelos frutos, cuja polpa amarelo-avermelhada é comestível e muito us. na confecção de doces, e tb. pelas flores us. para fazer licor.
(Dicionário português on-line).
- A descrição seletiva apresenta apenas as características mais significativas ou expressivas da realidade descrita. Exemplo:
Assomavam os abricoteiros entre as folhagens, como faces rosadas de criança.
(O barroco, Vicente Blasco Ibánes).
2. Descrição estática e descrição dinâmica
De acordo com o tratamento que se dá à realidade descrita, a descrição pode ser estática ou dinâmica.
- A descrição estática apresenta uma realidade fixa, estável. Exemplo:
Na semiescuridão do quarto, com a lâmpada elétrica apagada, a mortiça e azulada luz da noite lá de fora reflete palidamente o branco-preto-branco-preto do teclado do piano.
(A fala dos esquecidos, Paco Regueira).
- A descrição dinâmica apresenta uma realidade mutável. Exemplo:
Era em plena ma do Ouvidor. Não se podia andar. A multidão apertava-se, sufocada. Havia sujeitos congestionados, forçando a passagem com os cotovelos, mulheres afogueadas, crianças a gritar, tipos que berravam pilhérias.
(A alma encantadora das ruas, João do Rio).
3. Descrição objetiva e descrição subjetiva
Dependendo da intenção comunicativa do emissor/locutor, a descrição pode ser objetiva ou subjetiva.
- A descrição objetiva é própria dos textos científicos e técnicos. Sua finalidade é informativa: nela, o emissor limita-se a expressar o que vê de maneira minuciosa e precisa, sem manifestar opiniões ou sentimentos. Esse tipo de descrição utiliza uma linguagem objetiva e rigorosa. Exemplo:
A vítima. Mariana da Silva (25 anos), moradora da cidade do Rio de Janeiro, estudante de Direito e modelo fotográfica, está desaparecida desde a semana passada. De acordo com o retrato. Mariana é alta, cabelos pretos longos e tem uma tatuagem de flores nas costas.
- A descrição subjetiva é própria dos textos literários. Sua finalidade é estética. Não há tanta preocupação em refletir a realidade, mas em dar conta dos efeitos que essa realidade produz no ânimo daquele que a descreve. Por isso, esse tipo de descrição perde em detalhes e exatidão e impregna-se de valores pessoais que transmitem as emoções e os sentimentos de quem faz a descrição. Exemplo:
Ficara sentada à mesa a ler o Diário de Notícias, no seu roupão de manhã de fazenda preta, bordado a sutache, com largos botões de madrepérola; o cabelo louro um pouco desmanchado, com um tom seco do calor do travesseiro, enrolava-se, torcido no alto da cabeça pequenina, de perfil bonito; a sua pele tinha a brancura tenra e láctea das louras; com o cotovelo encostado à mesa acariciava a orelha, e, no movimento lento e suave dos seus dedos, dois anéis de rubis miudinhos davam cintilações escarlates.
(O primo Basílio, Eça de Queirós).
Por: Paulo Magno da Costa Torres