A obra “A Luneta Mágica” de Joaquim Manuel de Macedo (1820 – 1882), mesmo autor do sucesso “A Moreninha”, é considerado o primeiro romance fantasia da literatura brasileira.
A obra foge de tons piegas do romance e tem uma conotação maior de fábula com lição de moral. De forma crítica e bem humorada ele faz um retrato do Brasil no final do segundo império, mais precisamente da cidade do Rio de Janeiro.
Em a “Luneta Mágica”, Joaquim Manuel discorre sobre o bem e o mal, e como ele faz parte das pessoas. A trama é contada por um narrador-personagem, Simplício, que sofre da chamada miopia física, que não permite que ele enxergue nada que vá além de duas polegadas, sendo quase cego, e sofre também de miopia moral, que faz com que ele não entenda as ideias alheias e a intenção das pessoas, considerado um parvo (inocente, bobo).
Resumo de A Luneta Mágica
A obra conta história de Simplício, rapaz que ficou órfão aos 12 anos de idade, e mora com Américo, que administra sua herança, a tia Domingas, mulher religiosa e devotada, e com a prima Anica. Certo dia ele é chamado para participar de um júri onde conhece Sr. Nunes, quem o indica um gravador de vidros chamado Reis e que poderia ajudar com seu problema de miopia. Chegando na loja de Reis, este tenta fazer as mais variadas lentes de todos os graus mas nenhuma serve para Simplício.
Reis diz para Simplício procurar um mágico Armênio que ele mesmo havia trazido da Europa para trabalhar na sua oficina e que poderia ajudá-lo. Simplício tinha ânsia de enxergar e vai ao encontro do mágico. Depois de um ritual o Armênio entrega ao míope uma luneta com a qual ele poderia enxergar agora. Mas há uma advertência: ele não deve fixar a luneta por mais de três minutos sobre nenhum objeto ou pessoa, se não acabaria vendo o mal delas, e caso fixasse por até 13 minutos ele veria seu futuro e a luneta se destruiria automaticamente.
Ansioso, ele ignora a advertência, e começa a fixar a luneta por mais de 3 minutos e começa a ver a maldade em todas as pessoas, inclusive na sua família. Ele começa a se sentir decepcionado e sem poder confiar em ninguém, e um mês depois todos acham que ele estava louco. Ele decide então que a única coisa que pode salvá-lo é destruir a luneta. De frente para o espelho, ele fixa o olhar sobre ele mesmo, até que começa a ver sua própria maldade e por fim a luneta quebra antes que ele consiga ver o futuro.
Ele fica recluso por alguns dias e decide visitar novamente Reis e o Armênio. Reis é sempre cético e não acredita no poder da luneta. O mágico lhe faz uma nova luneta, que dessa vez mostra o bem das pessoas se fixada por mais de três minutos. Simplício desobedece mais uma vez e começa a ver bondade em todos, o que faz com ele seja enganado e se apaixone por quase todas as mulheres. Outra vez frustrado ele decide quebrar a luneta novamente.
Simplício sobe no corcovado onde decide ver a cidade do Rio de Janeiro e depois se suicidar. Mas na hora em que ele vai se jogar aparece Reis e o Armênio, que explicam que todos possuem o bem e o mal dentro de si, e que a humanidade é imperfeita. Armênio lhe entrega a última luneta, dessa vez a do bom senso.