Bom-Crioulo, obra considerada um dos melhores exemplos do naturalismo brasileiro.
Adolfo Caminha, autor literário do século XIX, retrata em sua obra “Bom-Crioulo”, 1895, mais uma vez o Naturalismo. O autor conta com detalhes os ambientes e a sociedade que ele considera “hipócrita”, e como isso pode enfraquecer o caráter e influenciar as pessoas. Este é o primeiro livro da literatura brasileira em que o homossexualismo é retratado.
O autor narra a opção sexual sem qualquer preconceito e os diferencia de um casal heterossexual. A história conta o triângulo amoroso entre dois marinheiros e uma prostituta. O texto é narrado em 3º pessoa, de forma linear, e com o passar dos capítulos envolve mistérios e prende a atenção.
O romance se passa em dois locais: no navio (corveta), em alto mar, e no Rio de Janeiro mais precisamente na Rua da Misericórdia, subúrbio do Rio de Janeiro, no final do século XIX. Muitos detalhes da Marinha são parte da experiência própria do autor que serviu durante alguns anos.
Resumo de Bom-Crioulo
O protagonista do livro é o jovem e negro Amaro, que havia fugido da escravidão e foi convocado para servir a Marinha. Ele é retratado com um porte físico grande, musculoso, mostrando ser muitas vezes melhor que os outros marinheiros, e assim ganhou o apelido de “Bom-Crioulo”. A disciplina da Marinha para ele é fácil perto da escravidão. No mesmo navio está Aleixo, por quem ele se apaixona, ele é descrito como um adolescente branco, dos olhos azuis e magro, sendo o oposto de Amaro.
Amaro chega a defender Aleixo diversas vezes no navio, o que faz com que o adolescente sinta muita gratidão por crioulo. Eles atracam no Rio de Janeiro, e Amaro arranja um quarto para que ele e Aleixo possam ficar, o local é a pensão de D. Carolina, um prostituta que Amaro havia salvado uma vez de um assalto. A vida do adolescente com crioulo é praticamente marital, Amaro gosta mais de apreciar o corpo do amante do que ter prazer sexual.
A vida conjugal dos dois é ameaçada quando o capitão chama Amaro para um novo navio, com regras bem mais rígidas onde teria folga apenas uma vez por mês. Durante sua ausência, D. Carolina começa a seduzir Aleixo que se deixa levar e acaba se apaixonando por ela. Amaro depois de ser castigado e arranjado confusão no navio em que estava, é transferido para um hospital-prisão. É lá que ele descobre a traição de Aleixo com D. Carolina. Ele foge da prisão e quando chega perto da pensão encontra Aleixo, e o mata com uma navalhada. Assim termina a obra de Caminha, uma perfeita história de perversão sexual, retratando de forma realista a sociedade.