Em 1769, Basílio da Gama publicou sua obra-prima, O Uraguai, em que critica os jesuítas e defende a política pombalina.
O assunto histórico é a expedição luso-espanhola, chefiada por Gomes Freire de Andrade, contra as missões jesuíticas no Rio Grande do Sul, em 1756, com o objetivo de assegurar as normas impostas pelo Tratado de Madri: as missões dos Sete Povos do Uraguai passariam para os domínios portugueses na América e a Colônia de Sacramento para a Espanha.
Quanto à forma, o poema épico O Uraguai foge do modelo camoniano, tão apreciado pelos poetas neoclássicos. Ele possui cinco cantos e foi escrito em decassílabos brancos (sem rima) e sem estrofação.
O propósito do poema é o de exaltar o antijesuísmo do Marquês de Pombal. Para tanto, as figuras dos jesuítas, sobretudo a do padre Balda, compõem o quadro dos vilões da obra.
Destacam-se como heróis dessa epopeia o capitão Gomes Freire de Andrade, os índios Cepê, Cacambo, Tatu-Guaçu, a heroína Lindoia e o jesuíta, caricaturado, padre Balda.
Por abordar um tema indígena e ter como cenário a floresta, alguns estudiosos consideram a obra de Basílio da Gama como precursora do indianismo romântico.
Resumo
O Uraguai conta a história do comandante português (Gomes Freire Andrada) contra a tirania de um padre (Balda) que, além de matar Cacambo, deseja casar seu filho (Baldeta) com a índia Lindoia.
Com o massacre dos índios pelas tropas luso-espanholas, a culpa recai sobre os jesuítas, pois eles teriam instigado os nativos a não aceitarem as determinações do Tratado de Madri (o qual propunha uma troca de terras no sul do país entre espanhóis e portugueses) e se lançarem a uma luta desigual.
Dividido em cinco cantos sem divisão em estrofes, escrito em versos decassílabos sem rima, o poema épico distancia-se da forma proposta por Camões, influência clássica do Arcadismo. Os cantos apresentam a seguinte ordenação:
Canto I: as tropas reúnem-se para combater os indígenas e jesuítas.
Canto II: ocorre a tentativa de negociação entre o exército e os chefes indígenas Sepé (ou Cepé, na versão original do poema) e Cacambo. Como não há acordo, acontece a luta, da qual saem vitoriosas as tropas, seguida pela retirada dos indígenas.
Canto III: o maléfico padre Balda mata Cacambo com a intenção de fazer seu filho sacrílego Baldeta casar-se com Lindoia, esposa de Cacambo. Dessa forma, o filho de Balda ocuparia a posição de chefe indígena.
Canto IV: são narrados os preparativos do casamento de Lindoia e Baldeta. Como a indígena, sofrendo por ter perdido o marido, não quer se casar, foge para um bosque, deixa-se picar por uma cobra e morre. Enquanto isso, os brancos chegam à aldeia, e os indígenas fogem.
Canto V: Gomes Freire de Andrade consegue prender seus inimigos em uma aldeia próxima. Nesse momento, são feitas referências aos crimes da Companhia de Jesus.
Por: Paulo Magno da Costa Torres