O vermelho e o negro, o grande romance de Stendhal, está a meio caminho entre duas estéticas: a romântica e a realista. Ele também reflete o conflito entre duas épocas, simbolizadas pelo vermelho do uniforme de Napoleão, que representa os valores do lluminismo e da revolução francesa, e o negro da bota, que simboliza a restauração dos valores do Antigo Regime.
Resumo do livro
O prefeito de Verrières
Julien Sorel é o protagonista do romance. É um jovem bonito, filho de um carpinteiro bruto, que recebeu alguma educação e estudou em um seminário. Vive em uma pequena localidade chamada Verrières.
Ali pretende iniciar sua ascensão social como preceptor dos filhos do prefeito, o sr. de Rênal, um homem contrário às ideias liberais e, portanto, partidário da restauração da monarquia.
O inconformismo de Sorel
Logo o protagonista mostra suas ideias e forma de ver o mundo. É impulsivo, apaixonado e rebelde, e não está disposto a ocupar um lugar social que considera impróprio ao seu valor.
Anseia ascender de classe social por meio de seu talento e educação. Por isso, admira muito a figura de Napoleão.
Opta pelo sacerdócio como forma de subir socialmente. Além disso, imediatamente mostra seu apego às mulheres.
A senhora de Rênal
Sorel começa a carreira na casa do casal Rênal. Desde o primeiro momento, ele e a senhora de Rênal sentem-se atraídos.
É um bom preceptor e acaba bem recebido pela família e pelas crianças, já que dá ares novos à rotina familiar. No entanto, Sorel sente rancor por essa alta sociedade, que o admite, mas só no plano secundário, e quer passar a fazer parte dela.
Pouco a pouco, a atração deles se toma um amor apaixonado, que Sorel pretende usar para ascender socialmente, mas, no final, termina sinceramente apaixonado. O adultério se consuma.
Em Paris
Depois de vários episódios de amor turbulento com essa mulher, Sorel passa uma temporada em um seminário para completar sua formação. Ali recebe a oferta do Marquês de La Mole, um influente político, para ser seu secretário em Paris. Julien aceita e abandona a senhora de Rênal.
Em Paris, o protagonista desfruta de maior prestígio social, já que dispõe de um criado, tem acesso aos livros da casa, veste uma roupa melhor e ganha o beneplácito do marquês.
Mathilde de La Mole
Mathilde, filha do marquês, começa a se sentir atraída por Julien, já que vê nele um herói enérgico e revolucionário que pode tirá-la da apatia e do aborrecimento que dominam a vida de sua família aristocrática, contrária aos valores liberais e revolucionários:
Sorel e Mathilde, enamorados
A paixão amorosa toma os dois jovens. No entanto, o orgulho de Julien e sua vontade de vencer as desigualdades sociais, bem como a natureza do amor de Mathilde, fazem com que uma série de episódios estranhos ocorra, nos quais os dois calculam os passos para chegar a seus objetivos.
No final, casam-se escondidos e Mathilde fica grávida e conta tudo a seu pai, o marquês.
A vingança
O marquês se enfurece terrivelmente ao saber das notícias e pede aos amantes que saiam de sua casa, dando-lhes algum dinheiro. Além disso, pede informações sobre Sorel à senhora de Rênal, e ela responde com uma carta em que o descreve como um arrivista que entra em casas ricas para seduzir as mulheres e ter algum proveito disso.
O marquês então exige a separação dos dois.
A morte de Julien
Sorel é preso. Na prisão, fica sabendo que não matou a senhora de Rênal, apenas a feriu. Recebe Mathilde em uma visita, e a senhora de Rênal suplica em uma carta para que o juiz que vai julgar Sorel não o condene à morte.
Julien sente cada vez mais saudade do amor tranquilo que sentia pela mulher contra quem atirou e que perdoa seu crime, e se sente cada vez mais distante da frieza calculista de Mathilde.
Em uma conversa com a senhora de Rênal, quando já havia sido condenado à morte pelo juiz, confessa seu autêntico amor por ela, que ainda persiste. Apesar da consternação das duas mulheres, Julien é guilhotinado e enterrado.
Por: Paulo Magno da Costa Torres