Em sua obra, Dermeval Saviani realiza esclarecimentos da situação da educação, do contexto social da qual faz parte e das relações com os diferentes aspectos da sociedade, da história e dos momentos políticos.
O autor destaca as teorias não críticas da educação que, segundo ele, não consideram os problemas e a estrutura social como influenciadores na educação. Estas teorias consideram a educação como autônoma e procuram compreendê-la a partir dela mesma. Em seguida destaca as diferenças entre a pedagogia tradicional, a nova e a tecnicista e suas relações com os problemas da marginalidade. Em sequência, Dermeval Saviani, relata a respeito das teorias crítico-reprodutivas, nas quais não pode ser possível compreender o campo educacional senão a partir do contexto social.
Segundo ele, a educação deveria ser instrumento para as escolhas do homem livre, cidadão, autônomo e democrático, entretanto acaba se transformando em mais uma ferramenta de manipulação e massificação do pensamento crítico da sociedade.
Primeiramente é preciso considerar a existência de uma relação interna, ou seja, enquanto tal, possui uma dimensão política assim como toda prática política, em si mesma, uma dimensão educativa. É de fundamental importância levar em conta que as relações entre educação e política têm existência histórica, enquanto manifestações sociais determinadas. O autor conclui o livro retificando a relação entre educação e sociedade, assim como a responsabilidade dos educadores em transformar os indivíduos, levando-os a compreender o mundo e seus acontecimentos, bem como o seu papel dentro do sistema, seus direitos e deveres para a construção de seu país.
Transformação social
A educação sempre foi alvo de questionamentos, independente dos momentos históricos pelo qual passava. De um lado a questão educacional não vinculada à questão política e de outro salientando o envolvimento entre ambos. O acesso de todos à formação é a cultura, tão essencial à democracia, não surge de forma espontânea nas escolas, mas na iniciativa de profissionais da área educacional e governamental.
“Um povo educado não aceitaria as condições de miséria e desemprego como as que temos” – Florestan Fernandes.
Nesse contexto, uma dualidade bem compreendida: a tendência primária profissionalizante para os mais pobres e a secundária superior para os mais favorecidos, capaz de chegar aos níveis superiores e manter desta forma o domínio e poder.
Porém, percebe-se que a autonomia relativa da educação em face da política e vice-versa, assim como a dependência recíproca não tem o mesmo peso, não são equivalentes, pois se trata de dependência mútua. Há uma subordinação relativa, mas real da educação diante da política, trata-se de uma subordinação histórica. Em relação a marginalidade a educação considera-se duas questões: como instrumento de equalização social e superação da marginalidade, como também forma de discriminação social, logo um fator de marginalização.
O problema de se determinar a especificidade da educação coincide com o problema dos desvelamento da natureza própria do fenômeno. Este fenômeno nos revela que diferente da prática política, a educação configura uma relação não-antagônica. Parece claro que em educação o comportamento pareça diferente, porém a dimensão pedagógica da política da educação envolva, por sua vez, a apropriação dos instrumentos culturais.
A prática democrática em sala de aula parte da ideia de que a educação deve articular-se a um projeto voltado para o desenvolvimento de uma sociedade mais justa e igualitária. A educação teve estar vinculada ao contexto sócio-cultural e não apenas a questão política, torna-se antidemocrática, quando atende os interesses da classes dominantes. Em síntese, a democracia em sala de aula está associada a construção da pedagogia crítica, marcada pelo compromisso de todos os que atuam no campo educacional.
Uma pedagogia crítica pode ser construída, modificando e transformando a realidade escolar, uma vez que o projeto democrático está associado à ideia de emancipação que conjuga liberdade com bem estar social.
Na direção participativa e democrática, colocam-se as propostas de mudanças na estrutura da escola e do ensino, adotando-se formas de gestão descentralizada, fundamentadas em processos participativos, organizando-se ciclos de aprendizagem e currículos multiculturais e utilizando-se de métodos ativos de ensino e avaliação formativa. Cabe ao educador democrático o dever de, na sua prática docente, reforçar a capacidade crítica do educando, sua criatividade, sua insubmissão, trabalhar a rigorosidade metódica com que devem se “aproximar” dos objetos cognoscíveis.
Um sujeito ético-político, não conhece apenas o conhecimento científico, mas tem consciência de suas ações dentro da sociedade, age com autonomia e seus saberes são voltados para a transformação e da decência pública. A educação, deve ser na vida dos alunos, uma experiência transformadora que desenvolva a criatividade, a criticidade e autonomia, dando a cada um condições de se libertar da opressão social. Acreditamos que a educação é a base da sociedade com a função de promover o desenvolvimento pleno do indivíduo.
REFERÊNCIAS
- SAVIANI, Dermeval. Escola e Democracia. 37 ed. Campinas: Autores Associados, 2005.
- 94p. (Polêmicas do Nosso Tempo, 5)
- VIEIRA, Leociléia Aparecida. A pesquisa em educação: organização o trabalho científico /Leociléia Aparecida. – Curitiba: IBEPEX, 2005.
- XIMENES, Sérgio 1954 – .Minidicionário Ediouro da Língua Portuguesa/Sérgio Ximenes – 2a edição reformulada. – São Paulo: Ediouro, 2000.
- Revista Nova Escola. ed.189 pg 30 a 32. São Paulo: Janeiro/ Fevereiro 2006.
Por: Iara Maria Stein Benítez em 11/02/2012
Veja também:
- Princípios do ensino e finalidades da educação
- Educação e Filosofia
- Sociologia da Educação
- História da Educação
- A problemática da educação no Brasil
- Gestão da Ação Educativa